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Alfama rejuvenescida

Arquivo - Janeiro 21, 2011
Bairro ex-líbris da noite de Santo António lisboeta tem cada vez mais jovens a viver nas suas casas remodeladas, nas ruas estreitas de sempre. 

Ao mesmo tempo abrem-se novos bares, restaurantes de petiscos e casas de fado, lojas e galerias.

O tempo da estiva e das atividades ligadas ao rio há muito que desapareceu. Casas velhas dão lugar a apartamentos remodelados para estrangeiros ou estudantes inseridos no programa Erasmus alugarem. Alfama está na fase em que o moderno se mistura com o tradicional, numa certa recuperação da tradição boémia. Percorremos as ruas de Alfama à descoberta das novidades, em dia de cozido à portuguesa nos restaurantes. O passeio começa na Rua dos Remédios, a mais movimentada, apesar do trânsito condicionado. 

O som do cutelo vem do talho Chafariz mesmo em frente à Ermida de Nossa Senhora dos Remédios, monumento nacional (portal) e imóvel de interesse público. À esquerda, na esquina com a Rua da Regueira, "escritos" nas janelas de um prédio esperam novos inquilinos. A Ourivesaria Jovem no n.º 28, a barbearia do senhor João, à esquerda, no 27. A Calçadinha de Santo Estêvão esconde os restaurantes Mestre André e Os Minhotos. Na casa Cafés Delícia, ouve-se o moer dos grãos de café, do outro lado da rua, a Junta de Freguesia de Santo Estêvão. No típico Mercadinho da Lila, a dona vê-se confrontada com a "concorrência desleal" da comunidade paquistanesa, pois "abrem mercearias com preços mais baixos, vendem vinho a copo...", oferecem Internet, entrega de gás em casa e até anunciam um chá devorador de gorduras.

Fados e petiscos

É no n.º 83 que desde outubro de 2009 se canta o fado vadio n'A Tasca do Chico, com João Carlos (voz), Flávio Cardoso (guitarra) e Tiago Silva (viola), de quinta a domingo. Espaço estreito, com luz baixa e nas paredes muitas fotografias de fadistas. Ali já cantou Mariza, João Roque, Abel Lopes, Paula Colaço, Samuel Julião, Paulo Rocha, entre muitos outros. Para a mesa vem caldo verde, bacalhau assado, chouriço e morcela assados, pregos, pastéis de bacalhau, rissóis, sandes. A lotação esgotada, numa sexta-feira à noite, estende-se também ao Grelhador de Alfama, ao Sr. Fado e à Bela Vinhos & Petiscos. À porta do n.º 84, escritórios da empresa de passeios Lisbon Walker, o folheto desdobrável resume os passeios pela cidade realizados diariamente com ponto de partida na Praça do Comércio (esquina com a Rua do Arsenal). Mais à frente o 100 Remédios ocupa o n.º 89. Há seis meses Marta Pedroso e Ricardo Fernandes abriram este pequeno bar onde servem chás, sumos, tostas, saladas, scones e também brunch. O Supercalifragilistic dá vida ao n.º 98. Alexandra Sumares e Sofia Garrido querem que este "tasco atípico" seja "local de convívio pouco organizado onde a qualquer hora do dia se servem petiscos e se bebe vinho". Na montra do 102, a Galeria Articula, de joias e objetos, de Teresa Milheiro aluga mesas/bancadas de trabalho. Subimos até ao 116 onde os panos com galos de Barcelos, a 60 e 75 cêntimos, à entrada, nos atraem para o interior da casa de botões, com verdadeiras relíquias da marca portuense O Rei dos Botões. À conversa com Mário de Almeida, 84 anos, cuja memória é invejável, relembram-se tempos áureos do comércio tradicional em Lisboa.

Num recanto, ao lado das Escadinhas do Arco da Dona-Rosa, A Mesa de Frades, casa de fados onde se canta pelo prazer, seja de fato e gravata, de xaile ou mesmo de calças de ganga. Nesta antiga capela, às segundas-feiras ouve-se Ricardo Ribeiro; às terças Joana Amendoeira; quartas para Rodrigo; quintas com Tânia Oleiro; sextas com Pedro Moutinho e sábados, Ana Sofia Varela. O pão vende-se no 152. Mais acima, já no 190, Bela, uma tasquinha das antigas, que parece um autêntico armazém de recordações. Atrás do balcão uma coleção de estatuetas de Santo António "abençoam a casa", diz Anabela Paiva. Aos domingos Hélder Moutinho canta o fado, acompanhado por Ricardo Parreira (guitarra) e Marco Oliveira (viola); à terça-feira é noite de poesia; a música ao vivo chega à quinta-feira com João Madeira. "Os outros dias são para conversarmos", brinca Anabela. Quase a chegar ao fim da Rua dos Remédios, na vitrina da Sapataria Ondina lê-se "a EMEL está a matar Alfama". Vasco Santos, 69 anos, discorda das restrições colocadas aos automóveis. Já perto da hora de almoço, é na loja Ou Sim Ou Sopas, n.º 182, que o vaivém aumenta. Maria Luísa Fernandes vende sopa e comida para fora desde há seis meses. "De maio em diante o ambiente desta rua é muito divertido." Visão


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