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Cristina Nóbrega junta fados tradicionais a poemas de Tiago Torres da Silva

Arquivo - Março 30, 2014
O novo álbum da fadista Cristina Nóbrega, "Um fado para Fred Astaire", é constituído maioritariamente por fados tradicionais, sendo todos os poemas de autoria de Tiago Torres da Silva.

Em declarações à Lusa, Cristina Nóbrega admitiu que uma perspetiva mais trágica do poeta marcou muito o disco, embora também se verifique "um caráter mais leve" entre as escolhas, com o "Fado às voltas", de que gosta particularmente, "as marchas e o dueto com Omara Portuondo", acrescentou.

"Queríamos prestar também um tributo ao poeta Luís de Macedo, com um outro `Cansaço`, que está um bocado `pegado` ao tema do Fado Tango `Cansaço`", que Amália Rodrigues gravou.

Luís de Macedo é o pseudónimo literário do diplomata Luís Chaves de Oliveira (1901-1971), que dirigiu a revista literária Távola Redonda e de quem Amália Rodrigues gravou, além de "Cansaço", os poemas "Vagamundo" e "Asas Fechadas", entre outros. Mais recentemente, foi Camané quem gravou quatro inéditos do poeta.

A ideia da homenagem a Luís de Macedo foi "pegar nas palavras de `Cansaço` e arranjar outra letra", explicou Cristina Nóbrega. Intitulado "Outro Cansaço", o poema também é interpretado na melodia do Fado Tango, de Joaquim Campos.

Este CD é essencialmente de fado tradicional, com dez melodias tradicionais, excetuando duas marchas - "O barquinho de papel" e "Escadinhas da Bica" - ambas com música de Pedro Jóia, que assina a composição de "Las cenizas de mis canciones", de autoria de Torres da Silva, que a fadsita interpreta com a cubana Omara Portuondo.

À Lusa, Cristina Nóbrega, distinguida em 2009 com o Prémio Amália Rodrigues Revelação, afirmou que era sua intenção "desde há muito fazer um disco de fado tradicional que é a essência do fado".

Das mais de 200 melodias tradicionais, entre as preferidas da fadista, estão o Fado Menor com versículo, na qual interpreta o tema que dá título ao álbum, "Um fado para Fred Astaire", os Fados Bailarico e Cravo, ambos de Alfredo Marceneiro, nos quais canta, respetivamente, "Quando o mar nos leva ao fado" e "A vida que há na saudade", e também o Fado Meia-Noite, de Filipe Pinto, no qual gravou "Por me ver sozinha assim".

Relativamente à vontade de cantar fados tradicionais, a fadista defendeu que "tinha de ter um crescimento pessoal, para saber como agarrar as músicas" e destacou "a intensidade dos fados tradicionais", referindo-se ao fado como uma "música estranha, capaz de cantar sentimentos que são de todos, da humanidade".

Cristina Nóbrega projeta "gravar todos os outros [de que gosta], pois são lindos", já que considera "o fado tradicional um manancial de pérolas".

Neste CD, que é editado na segunda-feira, Cristina Nóbrega registou os Fados Dois Tons, de Alfredo Costa, Amora, de Joaquim Campos, Zé Grande, de Raul Pereira, Zé Negro, de José Marques, e o Alexandrino, de Armandinho.

A fadista salientou à Lusa o quanto gosta de cantar poemas de Tiago Torres da Silva, que "é capaz de falar dos sentimentos mais íntimos, que são a temática fadista, mas com dignidade e sem ser lamechas".

Na realidade, o desafio para gravar fados tradicionais partiu de Torres da Silva, mas era uma vontade "de há muito tempo" da fadista, tendo-se juntado, aos dois, o músico Pedro Jóia que, além de ser o diretor musical, produz pela primeira vez um disco de fado.

Quanto à escolha do título, "Um fado para Fred Astaire", remete para o episódio de Amália Rodrigues que, tendo escolhido Nova Iorque para pôr termo à vida, depois de saber que tinha uma doença grave, "acabou por ganhar forças e tratar-se, pois foi vendo filmes do Fred Astaire num leitor de vídeo, e viveu pelo menos mais 20 anos", contou.

"É desta forma que o Fred Astaire entra na história da saudade", rematou a intérprete.

Cristina Nóbrega, que se define como "uma amadora", pois tem outra profissão, garantiu que a opção pelo fado "é para toda a vida".

"Encanta-me esta música antiga, que está ligada aos sentimentos mais profundos de todos nós, e em que estamos sempre a descobrir coisas novas", disse.Lusa


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