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Dezoito anos depois, 'tudo isto é fado', tudo isto é Amália

Arquivo - Outubro 06, 2017
Dezoito anos após a morte da diva portuguesa do fado, vale a pena revisitar a vida de Amália Rodrigues.

Quando se pensa no panorama musical português do século XX é impossível não falar em Amália Rodrigues.
Mas não foi apenas na música que a fadista deixou a sua marca. Amália Rodrigues tornou-se na embaixadora da língua e da cultura portuguesas num mundo ainda sem internet ou redes sociais.
O seu êxito, consequência do seu enorme talento, levou o nome de Portugal mais além. A cantora e atriz deu espetáculos nas mais diversas e importantes salas dos mais variados países do mundo, desde França à União Soviética, passando pelo Brasil, Japão e também Estados Unidos da América.



Vida pessoal


Amália nasceu em julho de 1920 na freguesia da Pena, em Lisboa. Aos 14 meses, foi deixada pelos pais com os avós maternos e com eles ficou até à idade adulta.
Depois de concluir a instrução primária, era tempo de começar a trabalhar, pois era necessário ajudar os avós no sustento da casa.
Assim, Amália foi aprendiz de bordadeira, costureira e operária numa fábrica de chocolates e rebuçados.

Mas o seu futuro não passaria por nenhuma daquelas profissões. Foi no início da sua carreira musical que conheceu o guitarrista amador Francisco da Cruz com quem casou em 1940. Mas este amor foi sol de pouca dura e, pese embora o divórcio só tenha sido assinado em 1949, o matrimónio estava condenado praticamente desde a nascença. Amália voltou a casar 1961 com o engenheiro César Henrique de Seabra Rangel e com ele passou o resto da sua vida até ficar viúva.

Amália não foi apenas uma fadista e atriz. Amália foi um símbolo de um país, personificando o fado através da imagem que durante muitos anos envergou: o vestido e o xaile pretos, bem como a posição do fadista à frente dos guitarristas.

Amália foi símbolo do Estado Novo, foi símbolo de Portugal, foi símbolo da música portuguesa e, volvidos 18 anos da sua morte, Amália continua a ser uma das personalidades mais emblemáticas e mais acarinhadas pelos portugueses e mais conhecida pelos estrangeiros.



Música

O seu gosto pelas cantigas levou-a a ser escolhida para representar a freguesia de Alcântara (para onde se mudou com os avós aos seis anos de idade) nas Marchas Populares de 1935 e desde então, não mais parou.

Foi em 1939 que Amália Rodrigues (que inicialmente atuava com o nome Amália Rebordão, pois o irmão era um conhecido pugilista na época) teve a sua estreia profissional no Retiro da Severa.
Seguiu-se o Café Luso e um cachet que jamais havia sido pago a um fadista. O sucesso foi tamanho ao ponto de, por essa altura, já só cantar quatro vezes por mês. Não precisava de atuar mais vezes, pois a receita que recolhia era simpática.

A partir de 1941 atuou em locais conhecidos da época, como a Cervejaria Luso, a Esplanada Luso, a Casablanca, o Pavilhão Portugal, entre muitos outros.

Foi na década de 1950 que Amália deu o pulo internacional com digressões que passaram pelos cinco continentes. Portugal ficou em segundo plano na agenda de espetáculos da diva do fado – só em 1985 deu os dois primeiros concertos individuais na sua terra natal (Coliseu de Lisboa e Coliseu do Porto) . A estreia na mítica sala Olympia de Paris já tinha sido feita há muito tempo – em 1956.

A propósito dos 50 anos de carreira, comemorados em 1989, Amália deu espetáculos em Portugal e no estrangeiro. Cinco anos depois afastou-se dos palcos, continuando a ser convidada de honra em vários eventos musicais e de solidariedade, tendo sido, inclusivamente, homenageada na Expo 98.



Teatro e Cinema

Mas nem só de música se fez Amália Rodrigues. Além de cantora, a fadista era também atriz com a sua estreia em teatro a acontecer em 1940 no Teatro Maria Vitória. Nos sete anos seguintes, Amália foi a protagonista de diversas revistas no Teatro Variedades, Teatro Maria Vitória e Teatro Apolo, entre outros.

Ainda na década de 40, Amália chegou à Sétima Arte com a sua estreia em ‘Capas Negras’. Seguiram-se títulos como ‘Fado, História de uma Cantadeira’, ‘Fado da Rua do Sol’, ‘Fado Malhoa’, ‘Fado Amália’, ‘Vendaval Maravilhoso’, entre muitos outros. A sua carreira de atriz só conheceu o final em 1965, já depois de ter participado em filmes internacionais.

Morte

Amália morreu na sua casa, em Lisboa, a 6 de outubro de 1999. Tinha 79 anos e foi uma morte repentina. Centenas de milhares de portugueses prestaram homenagem à sua rainha do fado que foi sepultada no Cemitério dos Prazeres, tendo o então governo de António Guterres declarado três dias de luto nacional pela morte de um dos símbolos maiores da portugalidade.

A última morada de Amália é o Panteão Nacional, para onde foi trasladada dois anos após a sua morte.

Por determinação no seu testamento foi criada a Fundação Amália Rodrigues sem fins lucrativos. Todos os anos se realiza a Gala Anual na qual são atribuídos prémios relacionados com o universo do fado.


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