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Carlos do Carmo - Oitenta

Discos - Agosto 19, 2019
Universal Music / 2019
O melhor que a música popular portuguesa tem para oferecer numa voz única. Assim é este Oitenta, de Carlos do Carmo, celebração de 80 anos em 80 canções, divididas por quatro discos

Quem teve a responsabilidade de dar forma e ordem a este disco quádruplo que percorre toda a carreira de Carlos do Carmo não teve uma missão fácil pela frente – e essa pessoa tem um nome: Tiago Palma assina a “seleção de repertório e alinhamento”. Como um puzzle que não tem a solução certa – ou, para o bem e para o mal, tem várias. Ao todo, ouvem-se aqui 80 faixas (20 por disco), tantas quantas os anos que o cantor completará a 21 de dezembro deste ano. Optou-se por dividir esse precioso material em quatro temas genéricos: As Canções (CD 1); Os Fados (CD 2); Os Autores (CD 3); Os Compositores (CD 4). Como é fácil de intuir, temas que se encontram num determinado disco poderiam, com justeza, estar em algum dos outros. Mas só quem tenha uma personalidade obsessivo-compulsiva se vai focar sobretudo nessa arrumação assim que carregar no botão do “play”.

Aos nossos ouvidos, desfila uma obra maior da música popular portuguesa. E nunca será demais destacar o timbre único da voz de Carlos do Carmo, que dá unidade a todo o seu trabalho de intérprete. Foi dos primeiros a ser absolutamente do fado, com total respeito pela tradição e pelo conhecimento da sua história, conseguindo, ao mesmo tempo, sem nunca pôr em causa esse lugar, viajar para longe, por outros territórios da música popular (Amália, claro, será sempre referência para essa versatilidade).

Nestes quatro discos, encontramos os grandes clássicos que sabemos de cor (muitos deles marcados pelas palavras de José Carlos Ary dos Santos, como Lisboa, Menina e Moça, Estrela da Tarde, Os Putos, O Cacilheiro, Um Homem na Cidade...) e o fado de Lisboa no seu melhor (Estranha Forma de Vida, numa gravação de 1964 em que a voz de Carlos do Carmo nos soa, ainda, diferente à que fomos conhecendo depois, Júlia Florista, Loucura...). Tudo é datado e intemporal ao mesmo tempo; local e universal.

A tal liberdade da carreira de Carlos do Carmo, e a atenção e a abertura aos outros artistas, percebem-se melhor elencando alguns nomes, entre muitos outros, que se encontram nas fichas técnicas destes 80 temas: Fernando Tordo, Paulo de Carvalho, Vasco Graça Moura, Fernando Pinto do Amaral, Frederico de Brito, Jacques Brel, Violeta Parra, Pedro Abrunhosa, Sérgio Godinho, Bernardo Sassetti, António Vitorino d’Almeida, Maria Teresa de Noronha, Antero de Quental, Ivan Lins, Chico Buarque, Júlio Pomar...

Serão, certamente, históricos e emocionantes (do lado de cá e de lá do palco) os concertos marcados para novembro em Lisboa e no Porto e anunciados por Carlos do Carmo como os seus últimos. Uma espécie de monumento (ao) vivo.


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