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Katia Guerreiro - Mistura

Discos - Novembro 22, 2022
HM Música / 2022
Neste novo disco Katia Guerreiro assume a reunião de três produtores que assinam o álbum, José Mário Branco que morreu em novembro de 2019, Pedro de Castro e Tiago Bettencourt.

Tiago Bettencourt produziu os temas Pergunta Atrevida, Já Não Me Perco no Mar e Que Passo Queres dar. Pedro de Castro, por seu turno, produziu os restantes sete: Mistura, Lisboa Perdeu a Voz, Vida de Fado, Esqueci-me da Alegria, Cais da Saudade, O Santo António da Aldeia e Espelho Teu.

O álbum será comercializado em formato de livro, com um QR Code que dá acesso à gravação, e várias notas da fadista sobre os temas, além da identificação dos autores e acompanhadores.

Mistura abre o álbum e dá o título ao projeto, com música de Pedro de Castro, denominada Fado Alma. Mistura é um poema de Maria Luísa Baptista, falecida em 2016, e que desde sempre faz parte do repertório da fadista com temas como Asas, Muda tudo, até o mundo e Tenho uma saia rodada. Neste disco assina ainda Esqueci-me da Alegria, poema musicado por Pedro de Castro (através do Fado Maria Luísa).

O álbum totaliza 12 temas, entre eles Espelho Teu, com letra e música de Rita Redshoes, Cais da Saudade, de Pedro Rapoula, com música de Pedro de Castro, Não me Perco no Mar, letra e música de Hélder Moutinho, Vida de Fado, de João Monge e Zeca Medeiros, e Que Passo Queres Dar, letra e música de Tiago Bettencourt.

Katia Guerreiro reconheceu que, entre os temas escolhidos, perpassa um certa crítica aos caminhos que o género fado tem tomado, nomeadamente através de Lisboa Perdeu a Voz, de Manuela de Freitas, musicado por Tiago Curado, e Pergunta Atrevida, de Carlos Mendonça (1939-2016), musicado por Pedro de Castro (Fado das Biscoiteiras).

O poema de Carlos Mendonça questiona “se não há tempos de outrora/ por serem tempos passados”, porque se continua a cantar “ais à Mouraria”, e se “fala de um Bairro Alto/ atrevido e apinhado/ mas lá até o basalto/ anda mais sofisticado”.

No poema de Manuela de Freitas, Katia Guerreiro canta que “já nem se ouve o fadista”, entre “bateria, acordeão/, projeções [e] fogo de vista”, e daí que o “fado se fosse embora”, mas talvez “esteja escondido nalguma viela escura”.

Katia Guerreiro defendeu “que toda a música sofre evoluções, naturalmente. A própria Amália [Rodrigues] foi um grande motor de evolução no fado”, mas ressalvou: “Quando falamos de fado não nos podemos esquecer que é uma identidade cultural e, a partir do momento que o fado começa a misturar-se, ou a apresentar-se exclusivamente com registos que não são da sua origem, a determinada altura começamos a ficar um bocadinho desanimados e preocupados com o futuro que o fado possa começar a levar”.

As composições apresentadas neste disco, mesmo as de caráter mais tradicional - e há novos fados tradicionais neste disco -, são compostas, não da forma simplista como eram compostos há 100 ou 150 anos, mas têm uma estrutura e estética musicais que são muito contemporâneas e muito diferentes e evoluídas em relação àquilo que o fado era. E há as escolhas poéticas que têm naturalmente a ver com a atualidade, uma poesia mais contemporânea e mais intemporal que não sejam as historiazinhas de bairro - isso já se abandonou há algum tempo.

Da lista dos cerca de 200 fados tradicionais existentes, Katia Guerreiro canta o Fado Mocita dos Cacaróis, de Alfredo Marceneiro, num poema de Manuela de Freitas, “Xaile Negro”.

Do alinhamento faz parte “O Santo António da Aldeia”, um tema datado de 1953, “ao jeito de folclore”, de autoria do poeta popular Feliciano da Silva, de 92 anos, que Pedro de Castro, musicou. O poema veio ter às mãos da fadista pelo neto de Feliciano da Silva, que é amigo de Katia Guerreiro e, inicialmente, era previsto ser gravado para fazer uma surpresa ao autor no dia de apresentação de um livro seu, o que não aconteceu, e acabou por ser incluído neste projeto.

Neste álbum, Katia Guerreiro é acompanhada por Pedro de Castro e Luís Guerreiro, na guitarra portuguesa, João Mário Veiga e André Ramos, Francisco Gaspar, na viola baixo e contrabaixo, e conta ainda com as participações de Rui Veloso, na guitarra elétrica, em Mistura, e de Tiago Bettencourt, na viola e piano, em Que Passo Queres Dar.



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