Nas margens deste rio atormentado
É que está dependurado
O nome do meu país
Mistura entre a fuga e a procura
Entre o medo e a loucura
Que estão na minha raiz
Meu Porto, muito mais vivo que morto
Tu recusas o conforto
De quem está morto de vez
Por isso eu te canto este fado
Porque vivo atormentado
Como o rio que te fez
Aqui houve nome Portugal
Aqui está tudo bem e tudo mal
Meu Porto, és o carinho que mantenho
És a ponte de onde venho
Entre o mar e o quintal
Daqui eu fui embora sem vontade
Aqui eu renasci para a liberdade
Meu Porto, deixa andar, nunca fiando
Que me dás de contrabando
A alegria e a saudade
Criança, riso e choras de seguida
Mesmo quando a tua vida
É o assunto da anedota
Sentir é o teu modo de existir
E és capaz de mentir
Só para não fazer batota
Meu Porto, revoltado e penitente
Invicto para tanta gente
Só por ti és derrotado
Nas margens do rio que te desflora
Há um vulcão que demora
E dorme sempre acordado.