Às seis o salto da cama e o puto a resmungar
São dez minutos para a mama e a bucha por arrumar
Sai tudo à rua na guita, vai tudo a andar na ganga
No barco há um que arma fita, na volta ninguém se zanga
Um jeitinho no transporte e o puto fica na ama
Só nos faltava esta sorte, o metro ainda nos trama
Um beijo dado apressado, adeus ao virar da esquina
Num fato mais que coçado, a mulher ainda menina
Vai mais um dia de trabalho
Em qualquer lado
Vai mais um dia de trabalho
Pelo pão
Mas qualquer dia no trabalho
Ao nosso lado
Há-de ser dia de acabar
O dia não
Sabemos que ainda um dia
Hão-de ver quem tem razão
Lá vão quinhentos pró passe das viagens que fazemos
E não há ninguém que cace as paragens que perdemos
O puto vem a tossir das friagens que apanhou
A mulher vai a dormir pelas vezes que hoje acordou
À volta é gente da volta do trabalho que fizemos
E pensar que andam à solta os males de que sofremos
Vai mais um dia passado, se é que essde dia passou
Talvez eu ande enganada, o dia não acabou