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Pedro Moutinho - Um copo de sol

Discos - Março 30, 2009
iPlay / 2009
De um modo que nunca se esquece Pedro Moutinho neste novo álbum confessa-se e arrebata-nos. Não estou arrependido, canta o fadista num dos 12 temas que compõem o álbum produzido por Carlos Manuel Proença...

O convite é que trague um COPO de SOL e se deixe invadir por uma luminosidade que desponta da voz sentida e sensual de PEDRO MOUTINHO que nos traz um novo brilho, mas que reconhecemos na nossa tradição que é esta memória que arrastamos na rua, uma longa história onde afogamos saudades, amores, desamores, impaciências e interrogações.

De um modo que nunca se esquece Pedro Moutinho neste novo álbum confessa-se e arrebata-nos. Não estou arrependido, canta o fadista num dos 12 temas que compõem o álbum produzido por Carlos Manuel Proença que também o acompanha à viola fazendo parceria com José Manuel Neto à guitarra portuguesa e Daniel Pinto na viola-baixo.

Neste álbum luminoso encontramos uma Lisboa que é de hoje, sempre com o Tejo, mas das passadeiras do Marquês e das esplanadas onde se usufrui do sol.

Uma bebedeira de frutos da seiva solar que são cada um destes fados cantados com um amadurecimento não só da prática fadista mas dos sentimentos. A luminosidade que encontramos neste álbum reflecte a verdade do fadista. Cantando Pedro Moutinho conta-nos histórias suas que podiam ser de qualquer um de nós.

Se se desvenda um segredo seu, talvez este: o de ir à tradição e reinventá-la. Oiça-se “Toma lá colchetes d’oiro” que o mestre dos mestres, Marceneiro, criou, e

Pedro Moutinho canta-a como se nunca a tivéssemos ouvido; a procura de um inédito de Jorge Rosa, poeta feito nas vidas do fado, ou as melodias tradicionais como os Fados Oliveira, Seixal ou Meia-Noite em que perpassa um raio luminoso das novas palavras dos poetas que escolheu como Pedro Tamen, Aldina Duarte ou Manuela de Freitas e como essa sua voz as burila, a par de novas melodias de Pedro Campos, Tiago Bettencourt, Amélia Muge ou Rodrigo Leão. Ilumina-se o fado.

Este álbum que nos traz Pedro Moutinho é uma taça plena de sol que inebria os sentidos de quem ouve e com ele partilha todas estas emoções, da partida, da solidão, do encontro, da festa, da vida.

Distinguido com os Prémios Revelação da Casa Imprensa e Amália Rodrigues para o seu anterior álbum, também produzido por Carlos Manuel Proença, Pedro Moutinho justifica-os ao dar um salto com este novo álbum que confirma o que já circulava: temos fadista e fadista não é quem quer mas quem ao canto se lhe dedica de alma franca e cria um universo que sendo seu nos leva a identificarmo-nos com ele. Nada de mais natural para quem é nado e criado no meio do fado. Não vale a pena enumerar os palcos que pisou ou a muitas noites de fado por Lisboa. Basta ouvi-lo e vale a pena conferir no S. Jorge em Lisboa, dia 08 de Abril, ou antecipe-se e partilhe emoções em Guimarães, dia 04, no Centro Vila Flor. O certo é, que como canta Pedro Moutinho, "vais ter de me ouvir cantar"; e nós acrescentamos, vais gostar.



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