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José Pracana - Quarenta anos de fados e guitarradas nas paredes de casa

Arquivo - Abril 17, 2009
Adolescente, ouvia fascinado os grandes nomes do Fado na rádio, sem desconfiar que anos depois,  entraria no famoso círculo do Fado de Lisboa.

Quando nos recebeu em sua casa, José Pracana acabara de chegar do aeroporto. Tinha ido buscar Aldina Duarte e António Zambujo, dois nomes da dita "nova geração do Fado" que deixam o seu trabalho falar por eles, não sendo caras comuns nos media nacionais.O fadista e a fadista actuam esta noite na casa de fados que José Pracana improvisou.

 

Chegámos a casa de José Pracana, guitarrista açoriano, e os convidados preparavam-se para comer. A comida do avião deixa muito a desejar, é bem sabido. José abre uma garrafa de tinto, e enche para si um copo, que o acompanhará durante a conversa, como manda o Fado.

 

Adolescente, ouvia fascinado os grandes nomes do Fado na rádio, sem desconfiar que anos depois, com dezanove anos, a estudar em Lisboa, entraria no famoso círculo do Fado de Lisboa e tocaria ao lado de gigantes como Alfredo Marceneiro ou Amália Rodrigues. Em Lisboa, o estudo que fazia era mais o estudo do Fado e da boémia, confessa-nos.

 

É esse o tempo que o guitarrista expõe na sua cave, que decorou com guitarras e toalhas de mesa xadrez, a lembrar uma casa de fados, e onde se reúne com amigos para as "fadistices", o fado despretensioso e desregrado que prefere.

 

Na parede que dedica a Alfredo Marceneiro, guarda alguns dos objectos icónicos do fadista português - o lenço, o boné e os óculos escuros. Para além destes, sem dúvida os mais valiosos, expõe também um bilhete de avião, da primeira e única viagem que Alfredo Marceneiro fez. Na altura, o fadista e o guitarrista açoriano foram a Faro cantar e tocar.

 

Outra das paredes da cave está reservada a Maria Teresa de Noronha, ao seu marido e cunhado - os "célebres Sabrosas."

 

Nas fotografias estão também muitas caras desconhecidas do Fado, amadores "fabulosos" que passaram despercebidos do grande público.

 

"Cá está Ela!Eu tinha vinte e cinco anos, a Amália tinha cinquenta e um, e ela está com uma expressão fantástica a cantar, num bar que eu tinha em Cascais com o meu amigo Luís Franco, que é daqui de São Miguel", mostra orgulhoso José Pracana. "Foi a altura própria para ter este bar", diz o guitarrista. Abrir agora em São Miguel uma casa de fados não está fora de questão.

 

Admiramos de relance a fotografia, porque o nosso interesse vai para um documento algo estranho na parede. Parece um contrato, ou um abaixo-assinado, com uma beata de um cigarro de enrolar colada em baixo. Sim, uma beata de Amália, guardada por brincadeira: "Isto é uma história engraçada. Ela estava em Santa Maria, em 1953. Ela apagou a beata, e o Dr. Moreira, que era o director da Alfândega, lá viu esta coisa e por graça fez este documento, em que uma data de ‘testemunhas’ asseguram que isto é a beata da Amália."
AO


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Comentários
#1 manuel oliveira 2015-06-08 14:29 Falta escrever os nomes dos cantadores, cantadeiras, guitarristas e violas dos anos quarenta. Café Luso, Adega Mesquita, Adega Machado, Viela, etc. obrigado Citação
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