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Carminho: «Tenho de fazer o que sei, com verdade»

Interviews - Maio 29, 2009
Carminho acabou o curso de Marketing e Publicidade, mas sentiu que a sua profissão passava pelo fado, que sempre fez parte da sua vida. Fado é o nome do álbum que hoje edita.

Desde quando se sente fadista?

Sinto-me fadista desde que nasci. A minha mãe é fadista e canta fado há muitos anos e oiço os discos há muitos anos.


Houve um momento em que sentiu que era a vocação?

 

Senti numa determinada altura que estava preparada para, de uma forma profissional, encarar o fado. Já tinha um reportório mais sério, já tinha tirado um curso, já tinha excluído outras hipóteses. Depois de ter acabado o curso, de ter feito uma viagem e de me ter visto um bocadinho de fora, percebi que a minha vocação é cantar.


É preciso ter maturidade, para se lançar num álbum?

 

É preciso alguma maturidade e alguma segurança. As pessoas só devem ir para a frente com um projecto, com segurança e confiança. Ainda por cima um projecto de dádiva como um disco que é para vender aos outros. Só quando acreditei mesmo nos temas que lá estavam e que tinham de ser esses e não outros e que estava mesmo confiante, é que editei este disco.


Encara este disco mais como uma dádiva aos outros do que como um prazer em cantar para os outros?

 

É um misto, porque no fundo sempre cantei e continuarei a cantar em casas de fado. Mas gravar um disco é uma experiência diferente, também uma experiência comercial porque trata-se agora da minha profissão e são outros desafios. Tem um lado mais global, porque há pessoas de todas as áreas que vão ouvir.


Sente que pode vir ser uma esperança do fado?

 

Houve pessoas que me foram dando imensa força e confiança. Diziam que eu cantava bem, que gostavam de me ouvir e que eu devia gravar. Depois de me sentir preparada para isso, levei esses elogios de uma forma mais séria, com mais responsabilidade. Encaro essa esperança como uma obrigação de trabalhar bem, com responsabilidade, com profundidade, para dar o melhor de mim. Mete-me um bocadinho de medo ser considerada o que quer que seja. Mas é um medo que dá vontade de crescer.


O que é que a distingue das outras vozes desta nova geração de fadistas?

 

Tento ser o mais verdadeira possível. Gosto de um tipo de reportório, de acompanhamento e isso vai-nos tornando aos poucos únicos. Mas eu não me comparo. Gosto imenso do que se vai fazendo e dos projectos que têm vindo a aparecer. Não penso que tenha de me posicionar perante outras vozes. Tenho de fazer o que sei, com a maior verdade possível.


Porquê este reportório?

 

Estes fados são muito especiais e atravessam uma linha de tempo grande. Há fados que já canto há bastante tempo, que cresceram comigo e têm vindo a desenvolver-se comigo. Há outros fados que sempre quis cantar, mas que nunca senti que o poderia fazer e resolvi apostar neles agora. E também há fados tradicionais, onde quis colocar letras inéditas para construir o meu reportório. Pedi a pessoas que admiro para colaborarem comigo como Diogo Clemente, Fernando Tordo, João Monge ou Aldina Duarte.


Também arriscou nas letras!

 

Foram um atrevimento! Palavras Dadas (Fado Rosita) e Nunca é Silêncio (fado Pedro Rodrigues) são 2 letras que surgiram e que achei que pudessem fazer parte do disco. Ainda falo delas um bocadinho a medo, por me pôr ao lado dos outros poetas do disco. Foi um sair da minha zona de conforto. Espero que gostem!




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