Belos Tempos - O melhor de Fernando Farinha
Records - Dezembro 23, 2006
Dizer-se «O melhor de» acerca deste ou qualquer outro disco de fado é sempre, a meu ver, partir dum princípio errado: todos os que conhecem o universo fadista sabem que os melhores momentos de fado acontecem invariavelmente à porta fechada.
Surgem no aconchego da casa de fado, da taberna, em noites que por um motivo oculto se tornam, de repente, vibrantes de Fado e, assim, especiais e memoráveis. Únicas.
Certamente que Fernando Farinha viveu noites dessas. Dado o seu percurso, arrisco até dizer que terá vivido muitas noites assim.
Ícone do fado da sua época, e ainda hoje uma referência de topo para todos os fadistas, Fernando Farinha possuía capacidades vocais e interpretativas raras, notadas ainda de tenra idade (impossível esquecer o «Miúdo da Bica»), e graças às quais foi distinguido, já adulto, com vários prémios da Rádio e da Imprensa.
Neste disco, compilado pela EMI para a Colecção Caravelas em 2005, começamos por ouvir alguém dizer, numa dessas entoações tão típicas das casas de fado: «e agora, com vocês, Fernando Farinha!», logo seguido de um fado gravado ao vivo cujo poema se chama exactamente A minha apresentação, escrito pelo próprio Fernando Farinha (Farinha foi também reconhecido como um grande poeta popular).
A partir daí, desfolha-se um rol de temas imortais, sempre deliciosos de escutar nesta voz firme e flexível, imortal como os fados que canta: Belos Tempos (mais um poema da autoria de Fernando Farinha, este na música do fado Loucura, e que fala do seu percurso no Fado), Guitarras de Lisboa, Golegã Toureira (com letra e música do fadista), Eh pá do Fado (ao vivo numa casa de fado; pode-se até ouvir a audiência a trautear o refrão!), Fado das Trincheiras (que tanto lembra aos que combateram na Guerra Colonial), O Ardina, Chico do Cachené, …
Merecem ainda especial destaque o tema Antes e Depois, um dueto com Alfredo Marceneiro, na música do fado menor, que Farinha escreveu propositadamente para os dois; e Zé Cacilheiro, um fado que eu particularmente aprecio muito, e que aqui encontra uma interpretação belíssima de fadista e guitarristas (no caso, o Conjunto de Guitarras de José Nunes). Aliás, Fernando Farinha não está sozinho a abrilhantar a ficha técnica deste disco: da lista de guitarristas constam os nomes do já citado José Nunes, bem como de Fontes Rocha, Raúl Nery e Domingos Camarinha.
Para eu o considerar um disco soberbo, falta-lhe apenas Deus queira (autobiográfico também), Guitarra Triste e, a título meramente saudosista, Duas fotografias: possivelmente o primeiro fado que escutei.
Certamente que Fernando Farinha viveu noites dessas. Dado o seu percurso, arrisco até dizer que terá vivido muitas noites assim.
Ícone do fado da sua época, e ainda hoje uma referência de topo para todos os fadistas, Fernando Farinha possuía capacidades vocais e interpretativas raras, notadas ainda de tenra idade (impossível esquecer o «Miúdo da Bica»), e graças às quais foi distinguido, já adulto, com vários prémios da Rádio e da Imprensa.
Neste disco, compilado pela EMI para a Colecção Caravelas em 2005, começamos por ouvir alguém dizer, numa dessas entoações tão típicas das casas de fado: «e agora, com vocês, Fernando Farinha!», logo seguido de um fado gravado ao vivo cujo poema se chama exactamente A minha apresentação, escrito pelo próprio Fernando Farinha (Farinha foi também reconhecido como um grande poeta popular).
A partir daí, desfolha-se um rol de temas imortais, sempre deliciosos de escutar nesta voz firme e flexível, imortal como os fados que canta: Belos Tempos (mais um poema da autoria de Fernando Farinha, este na música do fado Loucura, e que fala do seu percurso no Fado), Guitarras de Lisboa, Golegã Toureira (com letra e música do fadista), Eh pá do Fado (ao vivo numa casa de fado; pode-se até ouvir a audiência a trautear o refrão!), Fado das Trincheiras (que tanto lembra aos que combateram na Guerra Colonial), O Ardina, Chico do Cachené, …
Merecem ainda especial destaque o tema Antes e Depois, um dueto com Alfredo Marceneiro, na música do fado menor, que Farinha escreveu propositadamente para os dois; e Zé Cacilheiro, um fado que eu particularmente aprecio muito, e que aqui encontra uma interpretação belíssima de fadista e guitarristas (no caso, o Conjunto de Guitarras de José Nunes). Aliás, Fernando Farinha não está sozinho a abrilhantar a ficha técnica deste disco: da lista de guitarristas constam os nomes do já citado José Nunes, bem como de Fontes Rocha, Raúl Nery e Domingos Camarinha.
Para eu o considerar um disco soberbo, falta-lhe apenas Deus queira (autobiográfico também), Guitarra Triste e, a título meramente saudosista, Duas fotografias: possivelmente o primeiro fado que escutei.
Patrícia Costa
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