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Carlos Paredes - Espelho de Sons

Discos - Dezembro 07, 2007
Philips / 1988
"Espelho de Sons", foi gravado em 1987 por José Manuel Fortes, e produção de Tozé Brito, o acompanhamento é de Luísa Maria Amaro (viola de cordas de nylon) e Fernando Alvim (viola de cordas de metal).

Quem apenas recordar a versão editada em LP de "Espelho de Sons" recordará apenas metade do trabalho. De facto, do LP para o CD o álbum "inchou" para o dobro do tamanho, surgindo resequenciado em oito suites (A. Coimbra e o Mondego / B. Os Amadores / C. A Canção / D. O Teatro / E. Lisboa e o Tejo / F. A Dança / G. A Mãe e o Lar / H. Contrates), Carlos Paredes reutiliza e retrabalha muito do material gravado no "Concerto de Frankfurt" e mesmo composições mais antigas. 

É o caso de "Canção de Alcipe", tema alusivo à Marquesa de Alorna criado por Armando Rodrigues e Afonso Correia Leite para a banda sonora do filme "Bocage" (1936), de Leitão de Barros, que Carlos Paredes gravara para o single "Balada de Coimbra" (1971). O álbum entra directamente para o 3.º lugar do top oficial de vendas e virá a ser premiado com um Se7e de Ouro (atribuído pelo Jornal Se7e) na categoria de música popular/tradicional.

É o próprio Carlos Paredes quem nos apresenta a obra: «Segundo a experiência pessoal de cada um, a música tradicional de guitarra portuguesa, quando realizada e escutada ao vivo, tem permanecido na memória de várias gerações, ligada a determinadas imagens e situações. 

Não é que ela nos pretenda dar, como uma fotografia, a representação visual do mundo que envolve o guitarrista. Mas, verdadeiramente, a música começa, logo de início, por estar intimamente associada à imagem dos instrumentos. Estes, com os seus mecanismos acústicos e formas características, terão de concordar concretamente com o timbre, a altura e a extensão dos sons que produzem. Por outro lado, não é possível fazer música, satisfatoriamente, sem um local adequado, não só pelas suas condições acústicas mas também, o que não é menos importante, pelo aspecto sugestivo que deve oferecer aos nossos olhos. 

Tanto assim é, que, desde sempre, se exigiu dos construtores o maior cuidado com o equilíbrio e a beleza das suas criações e se procurou pôr um mínimo de ordem e bom gosto no arranjo dos locais onde, na intimidade ou em público, se pretende gozar a música em plenitude.

Apaixonados executantes de guitarra portuguesa, noutras épocas, procuravam as ruas mais inspiradoras de Coimbra e da capital, as poéticas margens do Mondego ou, como sucedia no século passado, um barco que flutuasse, à noite, nas águas tranquilas do Tejo, para misturar o som dos instrumentos e das suas vozes, directamente, com a paisagem, com a natureza. O mesmo se pode dizer da música de guitarra portuguesa para teatro, como é o caso das populares "cegadas" ou das representações do Teatro de Bonecos de Santo Aleixo. A dança e a canção são também espaços da guitarra portuguesa, da sua música de muitos séculos, se contarmos com os seus remotos antepassados: a cítola, na Idade Média, e o cistre, no Renascimento.

«Espelho de Sons» chamámos nós a este disco. Um espelho onde se cruzam, pelas mãos hábeis dos guitarristas, o som e as imagens das coisas que eles mais amam. Foi assim que, com a repetição diária deste fenómeno, ao longo de várias gerações, alguns géneros de música de guitarra portuguesa tomaram forma e estilo.
Esta a razão porque distribuímos as peças de música, gravadas neste disco, por alguns dos habituais motivos de inspiração (juntamente com outros menos habituais) da música da nossa guitarra. (Carlos Paredes)


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