As várias faces da guitarra portuguesa
Arquivo - Outubro 25, 2009
De um concerto que primou pela superioridade de execução, destacam-se
as várias faces da guitarra portuguesa, e o rol de compositores que lhe desvendaram o labirinto...
Miguel Amaral - Casa da Música - Porto - 17.10.09
A história da guitarra portuguesa poderá confundir-se com a do próprio fado, embora a sua origem lhe seja anterior, sendo certo contudo que com ele tenha convivido ao longo de quase dois séculos. Não admira pois, que desta relação tenham surtido por entre os dedos, virtuosas e extraordinárias escalas de intimidades criativas. A esta paixão, conheceu a guitarra vários rostos, rostos de uma inefável alma portuguesa, de recônditas e humildes origens, do mar e da terra ofegante ao toque dos primeiros raios da madrugada.
Foram estes os rostos que Miguel Amaral revelou na Casa da Música, desde Armandinho a Pedro Caldeira Cabral e Ricardo Rocha, passando por Carlos Paredes.
Se deste amor com o Fado se fizeram das mais belas e ousadas melodias, capazes de revolver a portugalidade adormecida em cada um de nós, ficou também claro que a guitarra portuguesa palmilha já outras aventuras em busca de novas paixões e novas sonoridades, não exclusivamente ligadas ao Fado.
Disso são exemplo as composições de Ricardo Rocha ou Pedro Caldeira Cabral, que desaguam muito para lá da sonoridade tradicional. De Pedro Caldeira Cabral ouviu-se "Dança das Sombras", "Momentos" e "Dança dos Caretos", temas que tocam as raízes profundas de um Portugal rural esquecido, mas que levitam numa audaz e refinada generosidade sonora.
O périplo pelo repertório de Carlos Paredes, que coincidiu com a entrada em palco dos acordes da viola de Artur Caldeira, iniciou-se com uma majestosa recriação do tema "Fantasia Verdes Anos" (variação da música de Carlos Paredes, por Pedro Caldeira Cabral adaptada para uma homenagem efectuada ao guitarrista ainda no decorrer dos anos 70), provando assim que fazer e interpretar música é muito mais que um resgate técnico, quando se lhe empresta o sentimento e a devoção.
De um concerto que primou pela superioridade de execução, destacam-se as várias faces da guitarra portuguesa, em exercicio que foi desfiando um rol de compositores que lhe desvendaram o labirinto, verbalmente contextualizado histórica e geograficamente.
Apontamentos de José Nunes, Armandinho e Fontes Rocha completaram esta viagem, onde ficaram audivelmente bem espelhados os contrastes entre a guitarra de Coimbra e a de Lisboa.
Por tudo isto se poderá dizer que Miguel Amaral, um destemido guitarrista nascido no Porto, arriscou um ousado repertório, arriscando-se também ele a fazer parte de uma jovem e talentosa geração de músicos que trazem no arrojo e na experimentação a re-invenção da música e da guitarra portuguesa.
A história da guitarra portuguesa poderá confundir-se com a do próprio fado, embora a sua origem lhe seja anterior, sendo certo contudo que com ele tenha convivido ao longo de quase dois séculos. Não admira pois, que desta relação tenham surtido por entre os dedos, virtuosas e extraordinárias escalas de intimidades criativas. A esta paixão, conheceu a guitarra vários rostos, rostos de uma inefável alma portuguesa, de recônditas e humildes origens, do mar e da terra ofegante ao toque dos primeiros raios da madrugada.
Foram estes os rostos que Miguel Amaral revelou na Casa da Música, desde Armandinho a Pedro Caldeira Cabral e Ricardo Rocha, passando por Carlos Paredes.
Se deste amor com o Fado se fizeram das mais belas e ousadas melodias, capazes de revolver a portugalidade adormecida em cada um de nós, ficou também claro que a guitarra portuguesa palmilha já outras aventuras em busca de novas paixões e novas sonoridades, não exclusivamente ligadas ao Fado.
Disso são exemplo as composições de Ricardo Rocha ou Pedro Caldeira Cabral, que desaguam muito para lá da sonoridade tradicional. De Pedro Caldeira Cabral ouviu-se "Dança das Sombras", "Momentos" e "Dança dos Caretos", temas que tocam as raízes profundas de um Portugal rural esquecido, mas que levitam numa audaz e refinada generosidade sonora.
O périplo pelo repertório de Carlos Paredes, que coincidiu com a entrada em palco dos acordes da viola de Artur Caldeira, iniciou-se com uma majestosa recriação do tema "Fantasia Verdes Anos" (variação da música de Carlos Paredes, por Pedro Caldeira Cabral adaptada para uma homenagem efectuada ao guitarrista ainda no decorrer dos anos 70), provando assim que fazer e interpretar música é muito mais que um resgate técnico, quando se lhe empresta o sentimento e a devoção.
De um concerto que primou pela superioridade de execução, destacam-se as várias faces da guitarra portuguesa, em exercicio que foi desfiando um rol de compositores que lhe desvendaram o labirinto, verbalmente contextualizado histórica e geograficamente.
Apontamentos de José Nunes, Armandinho e Fontes Rocha completaram esta viagem, onde ficaram audivelmente bem espelhados os contrastes entre a guitarra de Coimbra e a de Lisboa.
Por tudo isto se poderá dizer que Miguel Amaral, um destemido guitarrista nascido no Porto, arriscou um ousado repertório, arriscando-se também ele a fazer parte de uma jovem e talentosa geração de músicos que trazem no arrojo e na experimentação a re-invenção da música e da guitarra portuguesa.
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