Cristina Cruz edita polémico CD de canção e fado de Coimbra
Archive - Janeiro 07, 2007
Cristina Cruz canta Coimbra por vontade própria e em nome de uma causa
que considera superior a qualquer benefício.
Acaba de ser editado o primeiro CD de fado de Coimbra
cantado por uma mulher. Cristina Cruz quebra uma tradição secular e desafia a
Academia coimbrã ao apresentar um trabalho discográfico onde canta clássicos e
apresenta dois inéditos. A fadista, que nos últimos três anos se tem apresentado
em público a cantar fado e canção coimbrã com o grupo Guitarras de Coimbra,
optou agora por autofinanciar um projecto pessoal que será apresentado
publicamente na primeira quinzena de Fevereiro, no "A Cappela", em Coimbra.
Cristina Cruz diz não estar a editar este trabalho para ter protagonismo e fama à custa da polémica instalada nos últimos anos em torno do papel da mulher no fado de Coimbra. "Muito se tem falado e escrito sobre esta temática, mas, curiosamente, de uma forma fundamentalista e pouco sustentada", referiu ao a fadista naquela que é a sua primeira entrevista após a gravação do CD. Reconhece a estudiosos, academistas e público em geral o direito de darem opinião sobre o assunto, mas espera que o façam "de modo construtivo. Terá de ser um debate aberto, frontal e transparente".
A fadista tem sido alvo de críticas por parte de diversas individualidades ligadas à Academia e outros entusiastas do fado de Coimbra. Consideram deplorável o facto de uma mulher cantar este género musical, que, segundo afirmam, terá sido sempre interpretado por homens. Dizem ainda as vozes do contra que a questão, a ser levantada, só o deveria ser pelas estudantes de Coimbra e que o teriam de fazer de forma inovadora criando um género próprio que "não o fado que embala o coração nas escadas da Sé Velha", como se pode ler num blog onde a temática anda a ser discutida.
A voz que canta "Coimbra Menina do Meu Olhar" (nome dado ao disco e ao primeiro tema) salienta que "o facto de não ser estudante de Coimbra só me favorece. Estudei em Aveiro, mas trabalho nesta cidade, vivo-a, sinto-lhe o cheiro e a alma despojadamente e talvez por isso olhe para o fado de uma outra forma. Estava parado, estagnado num passado nostálgico não deixando que as pessoas dêem asas à imaginação no sentido de abrir novos horizontes, conferindo ao fado de Coimbra uma nova dinâmica".
Neste trabalho, Cristina Cruz aposta num nova interpretação instrumental para os clássicos e em dois inéditos escritos e musicados por António Jesus, um guitarrista do grupo Guitarras de Coimbra que desde início apostou na voz da fadista e acredita que esta será um incentivo para que outras mulheres venham a cantar o fado e a canção coimbrã. Também alvo de muitas críticas, o guitarrista opta por manter uma postura de defesa do fado e da canção no seu todo, pois considera que novas abordagens não ferem a tradição.
António Jesus vai mais longe e diz que a questão é velha pois já "a minha mãe cantava fado, é certo que às escondidas dado que a sociedade machista de então não permitia tais veleidades". Adianta o guitarrista que a mãe encantava estudantes e até o cantor Nani, que se escondia para a ouvir cantar. No que respeita a Cristina Cruz, diz apenas que a fadista "acaba de presentear os amantes da canção de Coimbra com um magnífico trabalho. Vai de certo contribuir para o ponto de viragem e estimular o aparecimento de novos valores femininos".
O trabalho foi financiado pela autora que contou apenas com o apoio da casa de instrumentos Olímpio Medina, em Coimbra, onde o CD se encontra já à venda. Acredita a fadista que os lobis instalados dificultam o aparecimento de novos talentos considerando que essa atitude "leva apenas à estagnação cultural". Cristina Cruz diz que tem sofrido em prol desta causa, que considera superior a qualquer benefício . "Vai-me valendo a força das palavras de homens ligados à Academia como é o caso de Carlos Fiolhais", que diz sobre esta questão que "se fosse mulher revoltava-me"...
Cristina Cruz diz não estar a editar este trabalho para ter protagonismo e fama à custa da polémica instalada nos últimos anos em torno do papel da mulher no fado de Coimbra. "Muito se tem falado e escrito sobre esta temática, mas, curiosamente, de uma forma fundamentalista e pouco sustentada", referiu ao a fadista naquela que é a sua primeira entrevista após a gravação do CD. Reconhece a estudiosos, academistas e público em geral o direito de darem opinião sobre o assunto, mas espera que o façam "de modo construtivo. Terá de ser um debate aberto, frontal e transparente".
A fadista tem sido alvo de críticas por parte de diversas individualidades ligadas à Academia e outros entusiastas do fado de Coimbra. Consideram deplorável o facto de uma mulher cantar este género musical, que, segundo afirmam, terá sido sempre interpretado por homens. Dizem ainda as vozes do contra que a questão, a ser levantada, só o deveria ser pelas estudantes de Coimbra e que o teriam de fazer de forma inovadora criando um género próprio que "não o fado que embala o coração nas escadas da Sé Velha", como se pode ler num blog onde a temática anda a ser discutida.
A voz que canta "Coimbra Menina do Meu Olhar" (nome dado ao disco e ao primeiro tema) salienta que "o facto de não ser estudante de Coimbra só me favorece. Estudei em Aveiro, mas trabalho nesta cidade, vivo-a, sinto-lhe o cheiro e a alma despojadamente e talvez por isso olhe para o fado de uma outra forma. Estava parado, estagnado num passado nostálgico não deixando que as pessoas dêem asas à imaginação no sentido de abrir novos horizontes, conferindo ao fado de Coimbra uma nova dinâmica".
Neste trabalho, Cristina Cruz aposta num nova interpretação instrumental para os clássicos e em dois inéditos escritos e musicados por António Jesus, um guitarrista do grupo Guitarras de Coimbra que desde início apostou na voz da fadista e acredita que esta será um incentivo para que outras mulheres venham a cantar o fado e a canção coimbrã. Também alvo de muitas críticas, o guitarrista opta por manter uma postura de defesa do fado e da canção no seu todo, pois considera que novas abordagens não ferem a tradição.
António Jesus vai mais longe e diz que a questão é velha pois já "a minha mãe cantava fado, é certo que às escondidas dado que a sociedade machista de então não permitia tais veleidades". Adianta o guitarrista que a mãe encantava estudantes e até o cantor Nani, que se escondia para a ouvir cantar. No que respeita a Cristina Cruz, diz apenas que a fadista "acaba de presentear os amantes da canção de Coimbra com um magnífico trabalho. Vai de certo contribuir para o ponto de viragem e estimular o aparecimento de novos valores femininos".
O trabalho foi financiado pela autora que contou apenas com o apoio da casa de instrumentos Olímpio Medina, em Coimbra, onde o CD se encontra já à venda. Acredita a fadista que os lobis instalados dificultam o aparecimento de novos talentos considerando que essa atitude "leva apenas à estagnação cultural". Cristina Cruz diz que tem sofrido em prol desta causa, que considera superior a qualquer benefício . "Vai-me valendo a força das palavras de homens ligados à Academia como é o caso de Carlos Fiolhais", que diz sobre esta questão que "se fosse mulher revoltava-me"...
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