60 anos de carreira valem homenagem a Maria Amélia Proença
A informação foi dada à agência Lusa por Julieta Estrela de Castro, presidente da Associação Portuguesa dos Amigos do Fado (APAF), entidade que promove a homenagem.
"A Maria Amélia Proença manteve sempre uma voz extraordinária e mantém um cunho especial no fado que já não existe", disse Julieta Estrela de Castro, acrescentando que apesar dos 60 anos de carreira a fadista "nunca perdeu o seu traço característico".
"Maria Amélia Proença é das pessoas mais antigas a cantar o fado no activo e mantém uma tonalidade e uma expressão de voz que a diferenciam de todas as pessoas que cantam", sublinhou a presidente da APAF.
Outra das características que tornam Maria Amélia Proença uma fadista especial, segundo a presidente da APAF, reside no facto de ser das poucas fadistas que continuam a cantar fado tradicional, melodias que remontam ao início e meados dos século XX e que são cantados em quadras, quintilhas, sextilhas, decassílabos e alexandrinos.
A homenagem a Maria Amélia Proença -- que em 1946, com oito anos, venceu a Taça Amália Rodrigues, o seu primeiro prémio -- integra um espectáculo de fados com a participação da homenageada e de Joana Costa, vencedora do Prémio Amália Rodrigues Revelação 2009.
O viola Carlos Manuel Proença -- filho da homenageada - e o guitarrista José Manuel Neto acompanharão as fadistas, após o que se seguirá um jantar com uma tertúlia de fados no restaurante do Museu do Fado.
Entre os fados tradicionais que constam do repertório de Maria Amélia Proença contam-se as marchas "Alfredo Marceneiro", "Raul Pinto", "Manuel Maria" ou o "Fado Noquinhas".
Entre os fados emblemáticos que se tornaram conhecidos na voz de Maria Amélia Proença conta-se "O Fado não é isso", "É mentira", "Saudades da nossa casa", "O sol há de brilhar na minha voz", "Assim seja", "Brincos para brincar" ou "Grata ofensa".
Maria Amélia Proença nasceu em Lisboa em 1938 e cantou em várias casas de fado como "Os Marialvas", "Café Latino", "Solar da Madragoa", "Adega Mesquita" -- entretanto já desaparecidas -- e praticamente em todas casas de fado que se mantêm abertas em Lisboa, como "Senhor Vinho".
Conheci-a, ainda menino, na Rua de Macau, na Amadora, quando o meu pai "organizava" sessões de Fado no nosso quintal (pura verdade!) e a presença daquela Fadista sempre me impressionou. Tempos idos… Bem haja, D. Maria Amélia. Citação