Marco Rodrigues, segundo disco em meados de Setembro
Archive - Agosto 12, 2010
Até aos quinze anos, Marco Rodrigues – que vivia em Arcos de Valdevez –
apenas sabia que existia um género musical chamado fado e que a sua
maior diva era Amália Rodrigues.
Mas, quando vem para Lisboa com a mãe, o fado entrou-lhe pela vida dentro sem pedir licença. Agora, passados pouco mais de dez anos, e depois de “Fados da Tristeza Alegre” (2006), o fadista Marco Rodrigues prepara-se para editar o seu segundo álbum, “Tantas Lisboas”, através da Universal Music Portugal e com edição prevista para o próximo mês de Setembro. Um álbum que tem como convidados Carlos do Carmo e Mafalda Arnauth e entre os compositores e letristas Tiago Machado, Boss AC, Tiago Torres da Silva e Inês Pedrosa.
“O meu novo álbum”, diz Marco Rodrigues, “não tem só fado nem tem só instrumentos de fado. Eu canto fado, vivo do fado mas não estou (apenas) no fado”. E “Tantas Lisboas” mostra um artista precocemente maduro e com ideias bastante bem definidas de qual a música que quer para si. “Eu queria muito fazer este disco com o Tiago Machado (Nota: compositor e pianista que está com um pé no fado e outro noutras músicas), que é o produtor do disco e é um grande músico, compositor e arranjador”. “Canto fado há mais de dez anos mas também gosto da canção, a canção tal como entendida muitas vezes pelo Carlos do Carmo, o Paulo de Carvalho ou o Fernando Tordo; uma canção que pode manter uma matriz de fado mas ter uma abertura musical diferente”.
“Tantas Lisboas” apresenta alguns clássicos – como o lendário “Fado do Estudante” (interpretado por Vasco Santana no filme “A Canção de Lisboa” ou alguns fados tradicionais reunidos numa rapsódia, prática que tem caído em desuso junta da comunidade fadista) – e muitos originais, incluindo dois temas com música composta pelo próprio Marco Rodrigues. Aliás, neste álbum Marco Rodrigues – e tal como acontece muitas vezes ao vivo – acompanha-se, também, à viola. E, diz ele, isso não lhe faz perder a intensidade ou a verdade do canto: “Pelo contrário. Sinto-me muito mais confortável sendo eu a tocar viola porque a minha forma de estar na música, ao vivo, é um pouco irreverente. Gosto de controlar as dinâmicas, os andamentos, de ser eu a segurar o todo. Quando se concentra essa energia só a cantar é fantástica. Mas quando se concentra essa enegria a cantar e a tocar, levando as dinâmicas lá para cima ou cá para baixo, ainda é melhor”.
A cidade de Lisboa está presente, naturalmente, em muitas canções do álbum. De todas elas, Marco Rodrigues destaca “O Homem do Saldanha”, um dueto com Carlos do Carmo, com letra de Boss AC e música de Tiago Machado. “Este tema fala de uma personagem típica de Lisboa – à semelhança de muitos fados antigos que falavam de personagens verdadeiras – que é aquele senhor que passa as noites no Saldanha a acenar às pessoas. E o Tiago Machado, que faz parte da banda do Boss AC, pediu-lhe a letra para o tema. Depois disso, surgiu a oportunidade de fazer o dueto com o Carlos do Carmo – que é uma das minhas grandes referências no fado e que foi uma pessoa que me aconselhou e direccionou várias vezes – e tudo se conjugou na perfeição. Já mostrei o tema ao senhor do Saldanha e adorou-o. Foi uma das experiências mais gratificantes da minha vida: emocionou-se com a letra e, na conversa que tive com ele, percebi que, apesar da fama de maluquinho, é mais lúcido e inteligente que muitos de nós”. E, não é preciso acrescentar que este dueto com Carlos do Carmo encheu Marco Rodrigues de “um genuíno e agradecido orgulho. É um bocado como estes cantores de jazz novos, como o Michael Bublé, cantar com o Sinatra com a diferença de que ele já não pode e eu posso”.
Para além de Boss AC, há mais dois poetas contemporâneos que dão um importante contributo ao novo álbum de Marco Rodrigues: Inês Pedrosa (que assina uma letra) e Tiago Torres da Silva (que assina quatro letras): “Eu não conhecia a Inês Pedrosa até há dois anos, quando participei no Festival RTP da Canção a convite do Tiago Machado. E foi o Elvis Veiguinha que pediu à Inês Pedrosa para escrever a letra. Foi uma experiência fantástica tê-la conhecido. Ela – que é inteligentíssima e uma pessoa muito interessante – percebeu imediatamente o que pretendíamos: falar de Portugal e das suas conquistas sem cair nos clichés habituais. E é aí que nasce o poema 'Em Água e Sal'. O Tiago Torres da Silva, que me foi apresentado pela Mafalda Arnauth, é um poeta que tem uma sensibilidade especial a escrever para fado. Todas as letras que lhe pedi chegaram-me às mãos já acabadas. Por vezes há letras que têm que ser adaptadas por questões de dicção ou por o intérprete não se sentir confortável a cantá-las, mas no caso do Tiago Torres da Silva não é preciso mexer”.
Com Mafalda Arnauth, Marco Rodrigues canta “Valsa das Paixões”, que tem letra de Tiago Torres da Silva e música de Tiago Machado, o single de avanço deste álbum. “A Mafalda é uma grande amiga e uma pessoa que admiro imenso. O Tiago Machado compôs uma valsa clássica, depois o Tiago Torres da Silva escreveu uma letra muito 'salão de baile', muito 'príncipe e princesa', e percebemos logo que era necessário que este tema tivesse uma voz feminina para juntar à minha. E a escolha da Mafalda acabou por ser natural, tanto pela amizade como pelo registo tímbrico da sua voz. E também ela me deu o privilégio e o prazer de fazer parte deste disco”.
Como se dava conta no início deste texto, Marco Rodrigues passou a sua infância e a sua adolescência sem ter contactos com o fado. Mas o destino – e neste caso o destino foi o facto de a mãe o ter incentivado a concorrer à Grande Noite do Fado, no Coliseu de Lisboa, que Marco venceu e, apesar dos seus tenros 16 anos na altura, já na categoria de Sénior – levou-o para o fado. Poucos meses depois, Marco Rodrigues estreou-se como profissional no Café Luso – onde ainda é fadista e violista residente para além de acumular estas funções com a de director artístico da casa. E, ao longo destes últimos dez anos actuou em palcos de Portugal, Espanha, França, Suíça e Inglaterra, a solo ou acompanhando nomes como Mariza, Carlos do Carmo ou Ana Moura.
“O meu novo álbum”, diz Marco Rodrigues, “não tem só fado nem tem só instrumentos de fado. Eu canto fado, vivo do fado mas não estou (apenas) no fado”. E “Tantas Lisboas” mostra um artista precocemente maduro e com ideias bastante bem definidas de qual a música que quer para si. “Eu queria muito fazer este disco com o Tiago Machado (Nota: compositor e pianista que está com um pé no fado e outro noutras músicas), que é o produtor do disco e é um grande músico, compositor e arranjador”. “Canto fado há mais de dez anos mas também gosto da canção, a canção tal como entendida muitas vezes pelo Carlos do Carmo, o Paulo de Carvalho ou o Fernando Tordo; uma canção que pode manter uma matriz de fado mas ter uma abertura musical diferente”.
“Tantas Lisboas” apresenta alguns clássicos – como o lendário “Fado do Estudante” (interpretado por Vasco Santana no filme “A Canção de Lisboa” ou alguns fados tradicionais reunidos numa rapsódia, prática que tem caído em desuso junta da comunidade fadista) – e muitos originais, incluindo dois temas com música composta pelo próprio Marco Rodrigues. Aliás, neste álbum Marco Rodrigues – e tal como acontece muitas vezes ao vivo – acompanha-se, também, à viola. E, diz ele, isso não lhe faz perder a intensidade ou a verdade do canto: “Pelo contrário. Sinto-me muito mais confortável sendo eu a tocar viola porque a minha forma de estar na música, ao vivo, é um pouco irreverente. Gosto de controlar as dinâmicas, os andamentos, de ser eu a segurar o todo. Quando se concentra essa energia só a cantar é fantástica. Mas quando se concentra essa enegria a cantar e a tocar, levando as dinâmicas lá para cima ou cá para baixo, ainda é melhor”.
A cidade de Lisboa está presente, naturalmente, em muitas canções do álbum. De todas elas, Marco Rodrigues destaca “O Homem do Saldanha”, um dueto com Carlos do Carmo, com letra de Boss AC e música de Tiago Machado. “Este tema fala de uma personagem típica de Lisboa – à semelhança de muitos fados antigos que falavam de personagens verdadeiras – que é aquele senhor que passa as noites no Saldanha a acenar às pessoas. E o Tiago Machado, que faz parte da banda do Boss AC, pediu-lhe a letra para o tema. Depois disso, surgiu a oportunidade de fazer o dueto com o Carlos do Carmo – que é uma das minhas grandes referências no fado e que foi uma pessoa que me aconselhou e direccionou várias vezes – e tudo se conjugou na perfeição. Já mostrei o tema ao senhor do Saldanha e adorou-o. Foi uma das experiências mais gratificantes da minha vida: emocionou-se com a letra e, na conversa que tive com ele, percebi que, apesar da fama de maluquinho, é mais lúcido e inteligente que muitos de nós”. E, não é preciso acrescentar que este dueto com Carlos do Carmo encheu Marco Rodrigues de “um genuíno e agradecido orgulho. É um bocado como estes cantores de jazz novos, como o Michael Bublé, cantar com o Sinatra com a diferença de que ele já não pode e eu posso”.
Para além de Boss AC, há mais dois poetas contemporâneos que dão um importante contributo ao novo álbum de Marco Rodrigues: Inês Pedrosa (que assina uma letra) e Tiago Torres da Silva (que assina quatro letras): “Eu não conhecia a Inês Pedrosa até há dois anos, quando participei no Festival RTP da Canção a convite do Tiago Machado. E foi o Elvis Veiguinha que pediu à Inês Pedrosa para escrever a letra. Foi uma experiência fantástica tê-la conhecido. Ela – que é inteligentíssima e uma pessoa muito interessante – percebeu imediatamente o que pretendíamos: falar de Portugal e das suas conquistas sem cair nos clichés habituais. E é aí que nasce o poema 'Em Água e Sal'. O Tiago Torres da Silva, que me foi apresentado pela Mafalda Arnauth, é um poeta que tem uma sensibilidade especial a escrever para fado. Todas as letras que lhe pedi chegaram-me às mãos já acabadas. Por vezes há letras que têm que ser adaptadas por questões de dicção ou por o intérprete não se sentir confortável a cantá-las, mas no caso do Tiago Torres da Silva não é preciso mexer”.
Com Mafalda Arnauth, Marco Rodrigues canta “Valsa das Paixões”, que tem letra de Tiago Torres da Silva e música de Tiago Machado, o single de avanço deste álbum. “A Mafalda é uma grande amiga e uma pessoa que admiro imenso. O Tiago Machado compôs uma valsa clássica, depois o Tiago Torres da Silva escreveu uma letra muito 'salão de baile', muito 'príncipe e princesa', e percebemos logo que era necessário que este tema tivesse uma voz feminina para juntar à minha. E a escolha da Mafalda acabou por ser natural, tanto pela amizade como pelo registo tímbrico da sua voz. E também ela me deu o privilégio e o prazer de fazer parte deste disco”.
Como se dava conta no início deste texto, Marco Rodrigues passou a sua infância e a sua adolescência sem ter contactos com o fado. Mas o destino – e neste caso o destino foi o facto de a mãe o ter incentivado a concorrer à Grande Noite do Fado, no Coliseu de Lisboa, que Marco venceu e, apesar dos seus tenros 16 anos na altura, já na categoria de Sénior – levou-o para o fado. Poucos meses depois, Marco Rodrigues estreou-se como profissional no Café Luso – onde ainda é fadista e violista residente para além de acumular estas funções com a de director artístico da casa. E, ao longo destes últimos dez anos actuou em palcos de Portugal, Espanha, França, Suíça e Inglaterra, a solo ou acompanhando nomes como Mariza, Carlos do Carmo ou Ana Moura.
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