IX Gala de Fado Carlos Zel no Casino Estoril
Quanto à apresentação o Casino parece ainda não ter acertado, concluindo-se que de todas as Galas Carlos Zel, a melhor apresentada foi até hoje a de Júlio César.
Eunice Muñoz vestida de preto, sentada atrás de uma secretária preta com o logótipo do casino - basta de tanto negro! - não esteve à altura nem da gala nem da grande actriz que é. No conhecido poema de Henrique Rêgo leu “ave louca da ribeira” em vez de “água louca da ribeira”. Com a excepção, salvo erro de um ou dois fadistas, nunca se lhe ouviu dizer o nome de nenhum!
Uma apresentação demasiado estática e sem dinamismo num cenário elegante e num espectáculo em que brilharam, sem sombra de duvida, os instrumentistas: José Manuel Neto (guitarra portuguesa), Carlos Manuel Proença (viola) e Didi (baixo).
Carminho e Ricardo Ribeiro que abriram o espectáculo “correram” nos fados e algumas sílabas perderam-se. Dois excelentes intérpretes que estiveram numa noite menos feliz.
Mafalda Arnauth apresentou (sem brilho) o novo álbum, “Fadas”, e o primeiro tema de Artur Ribeiro não se entendeu porque misturou (apesar de ser a mesma melodia) o “Marujo português” com a “Rosinha dos limões”. Uma presença que pouco ou nada se fez notar.
A sala aqueceu com Camané, quando se ouviram os primeiros “bravos” da sala. O fadista de Alcântara – cujos pais estavam presentes – interpretou belissimamente, três temas do seu novo álbum, “Do amor e dos dias”.
Seguiu-se Maria da Fé que preeencheu a sala pôs o público a trautear
“Fado errado” de Frederico de Brito e foi a única anunciar os autores,
apesar de só se ter referido aos dois fados que interpretou do marido,
José Luís Gordo.
Maria da Fé deu uma lição de fado. Estava bem vestida e cantou com toda a garra.
Foi a única a receber um ramo de flores da assistência. Por falar em vestir, deixo aqui uma pergunta: Quem veste a Carminho, tão à
antiga, e com o mesmo vestido preto de folhos, cauda e subido até ao
pescoço?
Carlos do Carmo terminou em grande, além do “Fado Anarda” e de “Lisboa menina e moça” cantou “Pontas soltas” de M.ª do Carmo Pedreira numa melodia de Joaquim Campos. Esteve muito bem.
Foi uma excelente noite muito embora irregular em termos de prestação dos fadistas e pelo facto de nunca na sala se ter ouvido anunciar o nome de Eunice Muñoz. Em “off” ao "abrir do pano" podia ter-se ouvido anunciar a primeira dama do teatro português que leu partes do primeiro poema que ia ser cantado por cada um dos fadistas.
A noite teve algumas figuras conhecidas do meio fadista e não só, desde logo Lili Caneças, José Castelo Branco e Betty e um conjunto de "colunáveis", também o poeta José Luís Gordo, a fadista Teresa Siqueira (mãe de Carminho), os jornalistas Paula Carvalho e Nuno Lopes, João Pinto de Sousa, da Tugaland, o investigador Daniel Gouveia, e a directora do Museu do Fado, Sara Pereira.