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Júlia Mendes

Fadistas - Actualizado em Junho 02, 2020
Revelando desde pequena especial talento, começou a cantar o Fado pelas ruas de Lisboa enquanto a mãe pedia esmola.

Estreou-se no teatro de revista no Teatro da Trindade, no dia 25 de Dezembro de 1902, numa matinée promovida pela Tuna do Diário de Notícias.

Foi a consolidação de uma carreira iniciada nos teatros de feira, situação que viria a prejudicá­-la junto de alguns empresários, nomeadamente José dos Santos Libório, do Casino de Paris, o qual apesar disso lhe assegurou o primeiro contrato estável, tornando-se desde logo conhecida do grande público pelo seu espírito trocista, ditos brejeiros e capacidade de improviso.

Passou pelo Príncipe Real e pelo teatro Aveni­da. Ficaram célebres as suas participações nas revistas Ó da Guarda!, P'rá Frente, Zig-Zag, ABC e Sol e Sombra.

Menina mimada do povo boémio da época pela beleza da sua voz e dicção claríssima, foi con­siderada Rainha da Revista, chegando a manter um teatro com o seu nome - Salão Júlia Mendes­ na Feira de Agosto.

Desempenhou o papel de Se­vera na ópera cómica do mesmo nome, acompa­nhando-se à guitarra.

Os seus grandes olhos expressivos e alegria na­tural criaram um estilo a que não era alheio, segun­do os críticos da época, uma subtil tendência para o trágico dentro do próprio humor que levaram ao carácter eminentemente popular da sua Severa.

Representou pela última vez, em 1910, na Fei­ra de Agosto, na revista Zig-Zag.
Tal como Maria Vitória desaparecida muito jovem, com ela se formou um dos grandes mitos dos tempos do Fado do início do século.

Em 1969, na Revista Ena, Já Fala, é relembrada por Fernanda Batista, que declamava:

Acabando em apoteoso cantando o Fado ”Saudades da Júlia Mendes”, cujos autores foram: João Nobre e César de Oliveira, Rogério Bracinha e Paulo Fonseca.


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