EnglishPortuguês

Ada de Castro triunfa na V Gala Amália

Archive - Novembro 05, 2010
Coube a Ana Sofia Varela (Prémio Melhor Álbum) a árdua tarefa de abrir a V Gala Amália, mas “desembaraçou-se” bem, revelando no entanto algum nervosismo.

V Gala Amália - Coliseu dos Recreios - 04.11.10

Elegantemente vestida, a intérprete que levou para casa o segundo Prémio Amália cantou dois temas do álbum distinguido e uma versão de “Havemos de ir a Viana”.

Igualmente nervosa e muito bonita em cena, esteve Joana Costa (Prémio Revelação) que tal como afirmou no pequeno discurso que fez, está ainda a trilhar um caminho. A fadista revela potencialidades mas há ainda muitos aspectos a trabalhar. Não foi uma noite feliz para a fadista ribatejana que tanta maturidade revelou no álbum de estreia “Recado”.

Manuela de Freitas, tal como o Hardmusica tinha avançado não esteve presente, mas Camané representou-a e leu uma curta (e bonita) mensagem da poetisa, agradecendo aos fadistas terem dado voz a tantos dos seus poemas.

Bernardo Sassetti que não tocou, por ter um compromissos nesta noite, agradeceu o Prémio e o facto de o júri e a Fundação Amália Rodrigues que o institui, terem alargado o leque a outras categorias para além do fado.
O pianista não pôde deixar de referir, mesmo numa noite amaliana, o seu mais recente trabalho discográfico com Carlos do Carmo, cuja voz se ouviu quando se apresentou o Prémio Composição/Poesia ganho este ano por Manuela de Freitas. Sassetti recebeu o Prémio Amália Música Popular.

Também não tocou nem cantou mas encantou a sala, foi a maestrina Joana Carneiro, que de uma forma simples agradeceu comovida o Prémio Amália Música Erudita e contou um episódio vivido pelo seu pai em que num concerto que se tocava Mahler, Amália chorou de emoção, tendo confessado a Roberto Carneiro: “Mahler é um fadista”. Joana Carneiro disse ainda que foi aos nove anos que declarou aos pais que pretendia reger orquestras.

Emoção não faltou na noite acolhedora, apesar do pouco público e algum frio, com Ada de Castro a recordar a carreira e a ser aplaudida entusiasticamente, mostrando que quem sabe... sabe, e que no fado a experiência conta muito mais. Esteve muitíssimo bem. Interpretou o “Fado Cigano”, seguiu-se “Figos” ao qual está ligado um momento que partilhou com Amália, e terminou com “Sou latina”, um fado-marcha como anunciou, de José Luís Gordo.
Ada foi aliás das poucas que mencionou os respectivos autores. Aplaudida de pé, ouviram-se “bravos” e “ah fadista” e foi aí que se sentiu que foi uma noite merecida. A fadista anunciou a sua retirada oficial da carreira como profissional, mas promete cantar em encontros amadores fadistas.

Custódio Castelo (Prémio Melhor Instrumentista) espantou a audiência ao começar a tocar do meio da plateia e teve uma excelente prestação, interpretando duas composições de sua autoria, cheias de alma, vivacidade e melodia. Acompanharam o guitarrista Carlos Garcia (viola) e Carlos Menezes (contrabaixo).

Katia Guerreiro emocionada cantou bem, eram desnecessários os “incentivos” do viola João Mário Veiga. A fadista que no início revelou alguma timidez, mostrou-se depois mais expansiva, comunicativa e confiante. Fez uma interessante escolha de fados, abrindo com o que considerou o seu primeiro êxito, escrito por M.ª Luísa Baptista, “Soltar amarras”, passou por “Lisboa à noite”, de Milú, que gravou no seu mais recente álbum, e terminou com o primeiro tema que cantou no Coliseu, “Amor de mel, amor de fel” de Amália Rodrigues e Carlos Gonçalves.

A noite terminou com o “fadista-estrela” Camané que interpretou apenas quatro fados, quando o público pedia mais. Esteve bem e sempre magistralmente acompanhado.

Menos bem esteve a apresentação de João Baião e Joana Teles que talvez achassem ser este evento um “Portugal no Coração” ao vivo e não uma gala, que exige maior sobriedade, e teve até bons textos de suporte. No palco do Coliseu, João Baião mandou beijinhos para artistas na plateia, o que é pouco elegante, bem como a troca de “piropos” entre os dois apresentadores, ou a demostração de que sabe falar francês, a propósito de Jean-François Chougnet distinguido com o Prémio Amália Investigação/Divulgação que no seu discurso, muito a propósito, lembrou ser o primeiro estrangeiro a receber um Prémio Amália.
Lamentável foi também a troca de nomes pelos apresentadores. Américo Lourenço pertence ao Conselho de Administração da Fundação e faz parte do júri, é também o grande dinamizador da gala, mas não é o presidente da Fundação como por duas vezes foi apresentado. O presidente é o advogado Amadeu Aguiar e o vice-presidente, o seu filho João Aguiar que entregou o Prémio Amália Composição/Poesia.

Não tendo o público deixado de protestar, e bem, pelo atraso de meia-hora no começo do espectáculo, mas pela primeira vez na Gala daquela que está no coração dos portugueses, sentiu-se um público autêntico que participou, tendo até um anónimo tentado trautear durante o prolongado intervalo.

Nota máxima para o programa distribuído com a biografia dos homenageados e uma nota do presidente da Fundação que promete a sexta edição para o ano. Bem apresentado pelo  seu arranjo gráfico e também pelos textos do jornalista Nuno Lopes, que foi ao palco entregar o Prémio a Joana Costa. No júri foi notada a ausência de Fernando Machado Soares. Também Rui Vieira Nery não esteve presente, segundo apurámos, por se encontrar de viagem ao Quénia para uma reunião da UNESCO.

A concretização da candidatura do Fado a Património Imaterial da Humanidade foi de resto focada na Gala, levando o presidente da Câmara de Lisboa ao palco pela segunda vez, para falar sobre o projecto, momento que registou alguns apupos e abandonos na sala.

Na plateia além de uma forte presença de representantes da Justiça, nomeadamente o presidente do Supremo Tribunal, estiveram também o vice-presidente da Assembleia da República, Guilherme Silva, a directora do Museu do Fado, Sara Pereira, o estudioso do fado Francisco Mendes, a fadista Maria da Fé, a poetisa Maria de Lourdes Carvalho, a actriz Sandra Barata Belo e Estrela Carvas, antiga secretária e amiga de Amália, entre outras personalidades como Roberto Carneiro e esposa, M.ª do Rosário da Costa, a fadista Cristina Nóbrega ou o escritor Vasco Graça Moura.


Related Articles


Voe mais alto com o Directório do Fado!
Não procure mais... está tudo aqui!

Social Network

     

Newsletter

Subscribe our Newsletter.
Stay updated with the Fado news.

Portal do Fado

© 2006-2024  All rights reserved.