Célia Leiria "Ser fadista é ser português"
Concerts - Fevereiro 04, 2011
A fama e a qualidade nem sempre andam de mãos dadas, atrever-me-ia até a dizer que a distância entre ambas é nos dias de hoje cada vez maior, muito graças ao poder do marketing e estas modas de "fusões" que fazem perder a essência e o sabor do que é original e aqui... tudo vale.
Ao longo de muitas e prolongads noites de fado em Lisboa, tive a sorte de ouvir muitas fadistas... profissionais, semi-profissionais e amadores. Umas vinham precedidas de uma certa fama, e outras apenas eram conhecidas. Entre todas elas uma houve que me encantou desde a primeira vez que a ouvi, e cada vez que vou a Lisboa não poupo a esforços para poder ouvi-la. É uma fadista bem conhecida. Mas por alguma razão não se expõe em galas e festivais.
É ademais uma das fadistas mais inteligentes que conheço e talvez por isso, apesar de ter um sentido de humor espirituoso, não costuma rir-se "por dá cá aquela palha", ou seja, de piadas sem piada nenhuma, nem faz elogios desnecessários ou desmesurados, e tão pouco espera recebê-los. A sua biografia diz que pertence à nova geração do fado. Bom… não deixa de ser verdade, não obstante, detém esse estilo puro, característico dos fadistas de antigamente, canta o fado com ingénua ilusão, a força e o desepero de uma mulher profundamente apaixonada, ou com a mais profunda das tristezas, ou se o tema o exige, desfia a mesma ternura com que uma mão acalenta seu filho entoando-lhe canções de embalar.
E em qualquer outra das suas qualidades, possui um intuitivo domínio do tempo, a calma e a cadência justa para contar cada história com a serenidade e o ritmo exacto em cada tema, dando a cada poema o seu próprio sentido, com a maturidade de uma mulher que embora jovem, tivesse já encontrado a felicidade e as desilusões da vida, sem perder por isso a alegria e a graça para entoar os temas mais alegres e folclóricos
As participações em disco são escassas. No livro/album Fadário dá uma lição de como se canta o fado, na minha opinião, o melhor de todos os temas: “Fado do Lago”. Sua voz clara, firme e pausada, conjuga e entoa a melodia num diálogo constante com as guitarras que vão reagindo às sua palavras. Com certeza, será uma excelente contadora de histórias. Chama-se Célia Leiria, e afortunadamente acaba de dar três concertos em Portimão, Montegordo e Vilamoura. Acompanhada pela la guitarra de Pedro Amendoeira e a viola de fado de Pedro Pinhal.
O seu repertório é variado, desde os fados mais castiços às marchas mais alegres e temas do folclore popular português, incluindo sempre fados mais infrequentes, e todos eles com um estilo muito próprio e pessoal. Diferente e muito fadista. Nos três concertos interpretou: Filha das ervas, Ser fadista, Saudades de Julia Mendes, E noite na Mouraria, Lisboa a Noite, Barco Negro (interpretado de uma forma muito original), Pode ser mentira (que fez as delícias e foi bailado por um par com acentuada diferença de idade), Tudo isto é fado, Meu amor é marinheiro, Malmequer mentiroso (com orgulho escalabitano), Marcha dos Centenarios, Desejo de amor, Ser fadista A Rua mais portuguesa…
Como se o sofresse na própria pessoa, cantou “Porque é que adeus me disseste” . Arrepiante, como arrepiante foi também: “Nao chamen pela saudade” ou “Ramo Batido” que dedicou ao público mais apaixonado da sala. mas o melhor de tudo foi o concerto em Vilamaoura onde com todo o público em pé pedindo-lhe “outra-outra” regressou ao palco e cantou a Marcha de Marceneiro com letra de José Luis Gordo “Senhora do Livramento”. Javier Gonzalez
É ademais uma das fadistas mais inteligentes que conheço e talvez por isso, apesar de ter um sentido de humor espirituoso, não costuma rir-se "por dá cá aquela palha", ou seja, de piadas sem piada nenhuma, nem faz elogios desnecessários ou desmesurados, e tão pouco espera recebê-los. A sua biografia diz que pertence à nova geração do fado. Bom… não deixa de ser verdade, não obstante, detém esse estilo puro, característico dos fadistas de antigamente, canta o fado com ingénua ilusão, a força e o desepero de uma mulher profundamente apaixonada, ou com a mais profunda das tristezas, ou se o tema o exige, desfia a mesma ternura com que uma mão acalenta seu filho entoando-lhe canções de embalar.
E em qualquer outra das suas qualidades, possui um intuitivo domínio do tempo, a calma e a cadência justa para contar cada história com a serenidade e o ritmo exacto em cada tema, dando a cada poema o seu próprio sentido, com a maturidade de uma mulher que embora jovem, tivesse já encontrado a felicidade e as desilusões da vida, sem perder por isso a alegria e a graça para entoar os temas mais alegres e folclóricos
As participações em disco são escassas. No livro/album Fadário dá uma lição de como se canta o fado, na minha opinião, o melhor de todos os temas: “Fado do Lago”. Sua voz clara, firme e pausada, conjuga e entoa a melodia num diálogo constante com as guitarras que vão reagindo às sua palavras. Com certeza, será uma excelente contadora de histórias. Chama-se Célia Leiria, e afortunadamente acaba de dar três concertos em Portimão, Montegordo e Vilamoura. Acompanhada pela la guitarra de Pedro Amendoeira e a viola de fado de Pedro Pinhal.
O seu repertório é variado, desde os fados mais castiços às marchas mais alegres e temas do folclore popular português, incluindo sempre fados mais infrequentes, e todos eles com um estilo muito próprio e pessoal. Diferente e muito fadista. Nos três concertos interpretou: Filha das ervas, Ser fadista, Saudades de Julia Mendes, E noite na Mouraria, Lisboa a Noite, Barco Negro (interpretado de uma forma muito original), Pode ser mentira (que fez as delícias e foi bailado por um par com acentuada diferença de idade), Tudo isto é fado, Meu amor é marinheiro, Malmequer mentiroso (com orgulho escalabitano), Marcha dos Centenarios, Desejo de amor, Ser fadista A Rua mais portuguesa…
Como se o sofresse na própria pessoa, cantou “Porque é que adeus me disseste” . Arrepiante, como arrepiante foi também: “Nao chamen pela saudade” ou “Ramo Batido” que dedicou ao público mais apaixonado da sala. mas o melhor de tudo foi o concerto em Vilamaoura onde com todo o público em pé pedindo-lhe “outra-outra” regressou ao palco e cantou a Marcha de Marceneiro com letra de José Luis Gordo “Senhora do Livramento”. Javier Gonzalez
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