Fernando Machado Soares
Singers - Last Updated Setembro 13, 2021
Fernando Machado Soares nasceu em S. Roque do Pico
(Distrito da Horta - Açores), em 3 de Setembro de 1930 e licenciou-se
nos finais da década de 50, na Faculdade de Direito da Universidade de
Coimbra.
Este cantor, poeta e compositor, que ainda hoje continua em intensa actividade artística, começou a cantar em Coimbra, nos anos 50, integrado num histórico grupo de fados e guitarradas, do qual faziam parte, entre outros, Luís Goes, José Afonso, Fernando Rolim e Florêncio de Carvalho, e ainda António Brojo, António Portugal (guitarras), Aurélio Reis e Mário de Castro (violas).
Machado Soares colaborou intensamente com os organismos académicos da altura, tendo-se deslocado ao Brasil com o Orfeon em 1954 e feito o périplo de África com a Tuna, em 1956. Em 1961, já licenciado em Direito, acompanhou o Orfeon aos Estados Unidos da América. Em 1957, com António Portugal e Jorge Godinho (guitarras) e Manuel Pepe e Levy Baptista (violas), Fernando Machado Soares prepara a gravação de um disco que ficará para a história como um dos momentos mais altos do fado de Coimbra e onde toda a sua criatividade renovadora ficou bem patente: o LP do “Coimbra Quintet”, gravado para a Philips, em Madrid, num estúdio de excelentes condições técnico-acústicas.
Apesar da sua importante colaboração na concepção dos arranjos e de algumas composições suas figurarem no disco, acabou por ser Luís Goes, e não Machado Soares, a registar a sua voz no vinil: pura e simplesmente, o cantor decidiu não se deslocar à gravação e, à última hora, foi substituído por Luís Goes, o qual, rápida e talentosamente, recebeu o testemunho de Machado Soares e realizou uma brilhante performance em estúdio.
Machado Soares deu um contributo importante na criação das condições da transição do fado clássico para as baladas e para as trovas, que as vozes de José Afonso e Adriano Correia de Oliveira vieram a imortalizar: sem o contributo de Machado Soares, seguramente que teria sido outra, diferente e menos rica, a trajectória do Zeca e do Adriano (o qual, aliás, gravou muitas composições de Machado Soares).
Durante os seus tempos de Coimbra não era fácil conseguir ouvir cantar Machado Soares: ele só cantava quando lhe apetecia. E não lhe apetecia muitas vezes... Curiosamente, foi depois de deixar Coimbra e iniciar a sua carreira de magistrado (em comarcas como Guimarães, Santarém, Almada e outras) que Machado Soares, aos fins de semana, rumava à Lusa Atenas para cantar e conviver, acolhendo-se à “sua” República Baco, onde vivera durante os seus tempos de estudante e onde, nessa altura, residiam José Niza (que o acompanhava à guitarra e à viola), Fernando Gomes Alves (outro cantor de fados), Manuel Pepe (já médico, mas ainda residente na República e viola do grupo de António Portugal) e ainda Francisco Bandeira Mateus, que fez versos para alguns dos fados de Machado Soares
, com a transferência para o Tribunal de Almada - já como juiz corregedor - a carreira de Machado Soares conhece imprevistos desenvolvimentos. Nas noites de Lisboa começa a ser frequentador assíduo de casas de fado, acabando por se “fixar” no “Senhor Vinho”, da fadista Maria da Fé, onde começou a ser acompanhado pelo grande guitarrista Fontes Rocha, pelos violas da casa e, muitas vezes, por Durval Moreirinhas.
No “Senhor Vinho”, Machado Soares actuava integrado no elenco dos artistas residentes, cantando sempre canções suas ou do repertório de Coimbra, e deliciando os frequentadores com a expressão da sua voz fortíssima e as “nuances” pianíssimas que imprimia às suas interpretações. Aliás, o facto de ser juiz de dia e cantor à noite, não caiu bem no Ministério da Justiça, que considerava lesivas da dignidade da magistratura as suas actuações públicas. Machado Soares em nada alterou este seu “desdobramento de personalidade”, continua a cantar onde lhe apetece e, entretanto, chegou ao topo da sua carreira de magistrado, sendo actualmente Juiz Conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça.
De toda a sua riquíssima obra destaca-se um tema que será um dos mais conhecidos e cantados da música popular portuguesa: a Balada do 6º ano médico “Coimbra tem mais encanto / na hora da despedida”. Para Machado Soares - e já lá vão mais de 35 anos passados sobre a despedida - Coimbra continua a ter encantos infinitos e a servir de motivação para uma das obras mais importantes da música portuguesa da segunda metade do século.
Fernando Machado Soares faleceu no dia 7 de Dezembro de 2014.
Este cantor, poeta e compositor, que ainda hoje continua em intensa actividade artística, começou a cantar em Coimbra, nos anos 50, integrado num histórico grupo de fados e guitarradas, do qual faziam parte, entre outros, Luís Goes, José Afonso, Fernando Rolim e Florêncio de Carvalho, e ainda António Brojo, António Portugal (guitarras), Aurélio Reis e Mário de Castro (violas).
Machado Soares colaborou intensamente com os organismos académicos da altura, tendo-se deslocado ao Brasil com o Orfeon em 1954 e feito o périplo de África com a Tuna, em 1956. Em 1961, já licenciado em Direito, acompanhou o Orfeon aos Estados Unidos da América. Em 1957, com António Portugal e Jorge Godinho (guitarras) e Manuel Pepe e Levy Baptista (violas), Fernando Machado Soares prepara a gravação de um disco que ficará para a história como um dos momentos mais altos do fado de Coimbra e onde toda a sua criatividade renovadora ficou bem patente: o LP do “Coimbra Quintet”, gravado para a Philips, em Madrid, num estúdio de excelentes condições técnico-acústicas.
Apesar da sua importante colaboração na concepção dos arranjos e de algumas composições suas figurarem no disco, acabou por ser Luís Goes, e não Machado Soares, a registar a sua voz no vinil: pura e simplesmente, o cantor decidiu não se deslocar à gravação e, à última hora, foi substituído por Luís Goes, o qual, rápida e talentosamente, recebeu o testemunho de Machado Soares e realizou uma brilhante performance em estúdio.
Machado Soares deu um contributo importante na criação das condições da transição do fado clássico para as baladas e para as trovas, que as vozes de José Afonso e Adriano Correia de Oliveira vieram a imortalizar: sem o contributo de Machado Soares, seguramente que teria sido outra, diferente e menos rica, a trajectória do Zeca e do Adriano (o qual, aliás, gravou muitas composições de Machado Soares).
Durante os seus tempos de Coimbra não era fácil conseguir ouvir cantar Machado Soares: ele só cantava quando lhe apetecia. E não lhe apetecia muitas vezes... Curiosamente, foi depois de deixar Coimbra e iniciar a sua carreira de magistrado (em comarcas como Guimarães, Santarém, Almada e outras) que Machado Soares, aos fins de semana, rumava à Lusa Atenas para cantar e conviver, acolhendo-se à “sua” República Baco, onde vivera durante os seus tempos de estudante e onde, nessa altura, residiam José Niza (que o acompanhava à guitarra e à viola), Fernando Gomes Alves (outro cantor de fados), Manuel Pepe (já médico, mas ainda residente na República e viola do grupo de António Portugal) e ainda Francisco Bandeira Mateus, que fez versos para alguns dos fados de Machado Soares
, com a transferência para o Tribunal de Almada - já como juiz corregedor - a carreira de Machado Soares conhece imprevistos desenvolvimentos. Nas noites de Lisboa começa a ser frequentador assíduo de casas de fado, acabando por se “fixar” no “Senhor Vinho”, da fadista Maria da Fé, onde começou a ser acompanhado pelo grande guitarrista Fontes Rocha, pelos violas da casa e, muitas vezes, por Durval Moreirinhas.
No “Senhor Vinho”, Machado Soares actuava integrado no elenco dos artistas residentes, cantando sempre canções suas ou do repertório de Coimbra, e deliciando os frequentadores com a expressão da sua voz fortíssima e as “nuances” pianíssimas que imprimia às suas interpretações. Aliás, o facto de ser juiz de dia e cantor à noite, não caiu bem no Ministério da Justiça, que considerava lesivas da dignidade da magistratura as suas actuações públicas. Machado Soares em nada alterou este seu “desdobramento de personalidade”, continua a cantar onde lhe apetece e, entretanto, chegou ao topo da sua carreira de magistrado, sendo actualmente Juiz Conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça.
De toda a sua riquíssima obra destaca-se um tema que será um dos mais conhecidos e cantados da música popular portuguesa: a Balada do 6º ano médico “Coimbra tem mais encanto / na hora da despedida”. Para Machado Soares - e já lá vão mais de 35 anos passados sobre a despedida - Coimbra continua a ter encantos infinitos e a servir de motivação para uma das obras mais importantes da música portuguesa da segunda metade do século.
Fernando Machado Soares faleceu no dia 7 de Dezembro de 2014.
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