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Mafalda Arnauth, onde há fados há fadas

Concertos - Novembro 13, 2011
Ainda há fadas, porque onde há fado há fadas, e as fadas são "hadas" em espanhol. Sim, ainda existem fadas, como Mafalda Arnauth cuja magia é o fado que aconteceu no teatro Filarmonica, no sábado.

Teatro Filarmónica - Oviedo - 12/11/11

Com o seu último álbum quer prestar homenagem à sua "fada" madrinha, as grandes cantoras de fado como foram Hermínia Silva, Teresa de Noronha e Amália Rodrigues ou as que ainda permanecem como Argentina Santos, Beatriz da Conceição e Celeste Rodrigues. E nesse álbum encontram-se vários fado-canção que elas tão bem cantavam e por isso fazem agora parte da antologia dos fados de sempre e da memória dos aficcionados, como o "Triplicado", "Saudades de Julia Mendes" ou "Vou dar de beber à alegria", que mudou a última palavra no título de "tristeza" para "alegria", porque quis fazer um concerto muito alegre. Também cantou uma canção popular do folclore português, um "vira" do Minho e até mesmo uma canção em espanhol com um ar de tango, para acabar com uma bela versão do fado tradicional "Pechicha" com a letra da "Velha Mouraria".

Deixou claro que o fado pode ser alegre e o concerto foi uma demonstração de que a expressão "o fado é triste", tão frequente em Espanha, é enganosa. O Fado pode ser triste, sério, sarcástico, irónico, com raiva, laudatório, triunfante, e muito mais, como as facetas que encerra a própria vida. Neste caso, ele era alegre, bonito e puro, como o Fado que fala de Rosinha a vendedora de limões na praça e o marinheiro Português "que é outro Vasco da Gama", fado que introduziu com um texto muito bonito poético, lido em espanhol, em forma de carta de amor do marinheiro à Rosinha.

Mafalda Arnauth não é uma fadista comum, é inovadora e neste espectáculo apresentou-nos esses fados-fado, que se espera e se gosta quando se "vai ao fado", com um certo ar renovado. Canta muito bem, tem uma voz esplêndida, é rigorosa e perfeccionista, como deixam transparecer os seus vestidos e a sua imagem; embora a companhia aérea que a trouxe às Astúrias tivesse deixado a bagagem em Madrid, teve que actuar na primeira parte de saia curta, e depois com a chegada da bagagem no voo seguinte, apresentou-se na segunda parte do concerto com um longo traje mais a rigor. Mafalda Arnauth brindou o público com o seu registo harmonioso, doce e sugestivo. É simpática e dialoga com o público. É quase como uma fada e digo "quase" porque as fadas são igualmente simpáticas e encantadoras; e a Mafalda de sábado no teatro Filarmónica foi melhor, muito melhor que, por exemplo, há quatro anos num outro concerto a que assisti no Castelo de São Jorge de Lisboa. De modo que é mais fada que antes e o seu CD melhor que os anteriores.

Veio acompanhada de Sandro Costa, Nelson Aleixo e Jorge Guerreiro, que iniciavam e prosseguiam o díalogo com uma poesía de arpejos, trémolos e vibratos e executaram uma guitarrada estremecedoramente bela numa “Mixtura de Variações” do propio Sandro Costa, do Fado Menor e de outras composições fadistas, que obteve um aplauso larguíssimo. Dias atrás, Mafalda Arnauth, referindo-se à sua vinda a Oviedo, numa entrevista de David Orihuela en "La nueva Espanha" “... honrarei o meu país e o fado, neste festival que acarinha vozes e almas tão queridas. Tratarei de agradecer-lhes com um espectáculo memorável e emocionante”. E assim foi. Assim são as fadas que vêm com os fados. Ángel García Prieto
Asociación de Amigos del Fado de Asturias


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Comentários
#1 Xanax 2011-11-29 13:59 Esta interprete tem vindo decair de qualidade, pois até parece que desaprendeu. Na gala da SPA teve uma prestação catastrófica, conseguindo cantar o fado em permanente desafinação, acho que esta senhora devia rever a sua forma de cantar, pois eu conhecia a cantar bem e se não visse com os meus olhos, não acreditava tal a diferença para pior. Citação
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