Raquel Tavares - Os lugares onde o fado acontece
Concertos - Dezembro 12, 2011
O fado pode ”acontecer” em qualquer lugar, desde um amplo recinto de
entrada gratuita no Porto, ao pequeno salão de uma festa privada numa
quinta do Alentejo; nas festas da padroeira de uma pequena aldeia
desde o Algarve até à Região do Minho.
Teatro Filarmónica - Oviedo - 10.12.11
E também no estrangeiro: Tokio, Quebec, Luanda, Sidney ou Cracóvia. Mas o fado tem lugares próprios, mais intímos, onde se cria, se aprende, se sonha, se deseja e se transmite ao longo de várias gerações. O fado vive para sempre nalguns bairros mais castiços, populares, históricos e acolhedores da cidade branca de Lisboa.
Palpita junto aos cais, os molhes do Tejo, onde os barcos vão e vêm; porque não há que duvidar que “O Tejo nos faz partir e Lisboa nos faz voltar” (“el Tajo nos hace partir, Lisboa nos hace volver”), como canta uma letra sobre os portugueses que abandonam a sua bem-amada terra ao ir para qualquer parte do mundo, em barcos escoltados por gaivotas do estuário do rio, e logo acabam por regressar pela saudade à sua Lisboa de sempre. O fado viaja pelo mundo com a alma portuguesa.
Alcântara, Lapa, Campo Santana, Graça, Beato Poço do Bispo, são bairros com casas de fado, mas é o Bairro Alto, Mouraria e principalmente Alfama, onde o fado tem casa própria, onde Raquel Tavares todas as noites revive o fado clássico, desde que com 5 ou 6 anos pelas festas do Natal aprendeu a cantar “Tudo isto é fado”. Agora é uma fadista “residente” na casa de fados Casa de Linhares, tambén chamada “Bacalhau de molho”, uma referência fadista de Alfama.
E aqui chegou, a Oviedo, ao teatro Filarmónica, para recriar esse mesmo ambiente, para nos dizer como estava emocionada por apresentar em Oviedo o seu primeiro concerto desde que o Fado foi considerado Patrimonio da Humanidade e dizê-lo num estupendo espanhol com certo acento andaluz – “de minha tia-avó que era sevilhana”.
Chegou cheia de garra, alegria, baile, passos e gestos para cativar a participação e cumplicidade de um público – que apesar do Real Madrid-Barça - se emocionou outra vez no Filarmónica, aplaudiu e triunfou. Raquel Tavares “desfilou” temas castiços e tradicionais, como o fado “Cravo”, “Vitoria”, “Magala”, “Versículo” e outros fados-canção, como por exemplo, o magnífico “Olhos garotos” ou “Lisboa garrida” (este a pedido de um ovetense de nome Antonio). No fundo outra demostração muito além do tópico “el fado es triste”, que não é mais que um generalização algo inexacta do fado. E uma demostração de que Raquel Tavares ao vivo supera muitíssimo a Raquel Tavares dos discos editados.
Menção honrosa e nota de destaque leva também o jovem – 21 anos - Ângelo Freire que é um autêntico fadista com a guitarra portuguesa, e que ademais canta muito bem, como o provou num par de temas que interpretou. O mesmo conseguiu Marco Oliveira, com a viola de fado e cantando a “Marcha de Marceneiro” e “O cravo do São João” e Gustavo Roriz, com a viola baixo. Os três executaram uma breve guitarrada inicial e umas “Variacões” antológicas a meio do concerto. Ponto “cómico” do espectáculo foi quando Raquel Tavares cantou um corrido mexicano e tocou um tema na guitarra portuguesa.
Em época de crise, nós os amantes do fado estamos de parabéns, pelo menos na nossa afición. A ver vamos se o fado voltará a contecer brevemente neste ou noutro lugar. Ángel García Prieto
E também no estrangeiro: Tokio, Quebec, Luanda, Sidney ou Cracóvia. Mas o fado tem lugares próprios, mais intímos, onde se cria, se aprende, se sonha, se deseja e se transmite ao longo de várias gerações. O fado vive para sempre nalguns bairros mais castiços, populares, históricos e acolhedores da cidade branca de Lisboa.
Palpita junto aos cais, os molhes do Tejo, onde os barcos vão e vêm; porque não há que duvidar que “O Tejo nos faz partir e Lisboa nos faz voltar” (“el Tajo nos hace partir, Lisboa nos hace volver”), como canta uma letra sobre os portugueses que abandonam a sua bem-amada terra ao ir para qualquer parte do mundo, em barcos escoltados por gaivotas do estuário do rio, e logo acabam por regressar pela saudade à sua Lisboa de sempre. O fado viaja pelo mundo com a alma portuguesa.
Alcântara, Lapa, Campo Santana, Graça, Beato Poço do Bispo, são bairros com casas de fado, mas é o Bairro Alto, Mouraria e principalmente Alfama, onde o fado tem casa própria, onde Raquel Tavares todas as noites revive o fado clássico, desde que com 5 ou 6 anos pelas festas do Natal aprendeu a cantar “Tudo isto é fado”. Agora é uma fadista “residente” na casa de fados Casa de Linhares, tambén chamada “Bacalhau de molho”, uma referência fadista de Alfama.
E aqui chegou, a Oviedo, ao teatro Filarmónica, para recriar esse mesmo ambiente, para nos dizer como estava emocionada por apresentar em Oviedo o seu primeiro concerto desde que o Fado foi considerado Patrimonio da Humanidade e dizê-lo num estupendo espanhol com certo acento andaluz – “de minha tia-avó que era sevilhana”.
Chegou cheia de garra, alegria, baile, passos e gestos para cativar a participação e cumplicidade de um público – que apesar do Real Madrid-Barça - se emocionou outra vez no Filarmónica, aplaudiu e triunfou. Raquel Tavares “desfilou” temas castiços e tradicionais, como o fado “Cravo”, “Vitoria”, “Magala”, “Versículo” e outros fados-canção, como por exemplo, o magnífico “Olhos garotos” ou “Lisboa garrida” (este a pedido de um ovetense de nome Antonio). No fundo outra demostração muito além do tópico “el fado es triste”, que não é mais que um generalização algo inexacta do fado. E uma demostração de que Raquel Tavares ao vivo supera muitíssimo a Raquel Tavares dos discos editados.
Menção honrosa e nota de destaque leva também o jovem – 21 anos - Ângelo Freire que é um autêntico fadista com a guitarra portuguesa, e que ademais canta muito bem, como o provou num par de temas que interpretou. O mesmo conseguiu Marco Oliveira, com a viola de fado e cantando a “Marcha de Marceneiro” e “O cravo do São João” e Gustavo Roriz, com a viola baixo. Os três executaram uma breve guitarrada inicial e umas “Variacões” antológicas a meio do concerto. Ponto “cómico” do espectáculo foi quando Raquel Tavares cantou um corrido mexicano e tocou um tema na guitarra portuguesa.
Em época de crise, nós os amantes do fado estamos de parabéns, pelo menos na nossa afición. A ver vamos se o fado voltará a contecer brevemente neste ou noutro lugar. Ángel García Prieto
Asociación de Amigos del Fado de Asturias
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