Carminho: 'Ainda estou muito atrás do meio caminho’
Interviews - Março 04, 2012
Carminho prepara-se para lançar Alma a 5 de Março. O álbum inclui inéditos e versões de Chico Buarque, Vinicus de Moraes e Amália Rodrigues.
Fale-nos um pouco sobre Alma.
É como se fosse um irmão mais velho do primeiro disco. Todos crescemos, então o resultado é sempre melhor. Ou, pelo menos, pretendemos que seja sempre mais aperfeiçoado. O nome do disco não remete para a minha alma mas sim para uma música que fala de alma para alma, como o fado.
O que difere de Alma para Fado?
Reconheço algumas diferenças no meu próprio canto. Há uma evolução e maturidade ao nível da interpretação. Também cresci e pude aprender muito durante estes três anos que passaram. Sinto que ainda estou muito atrás do meio caminho. Em termos de sonoridade e arranjos é diferente porque o Diogo Clemente também está a viver esse processo de crescimento e sente-se a evolução na produção e um arriscar em alguns temas, com arranjos mais atrevidos.
Foi a Carminho que fez a selecção dos temas?
Sim, com o Diogo Clemente. Fizemos a recolha do repertório de uma maneira muito natural porque alguns desses fados já os cantava e outros queria muito cantá-los. Depois os inéditos, que me são muito queridos, foram pedidos que fiz e que foram logo correspondidos pelo Vitorino, o Vasco Graça Moura, o Mário Pacheco e o Diogo Clemente.
Num dos temas, ‘Talvez’, canta: «Não sei talvez quem és, mas sei quem sou». Este segundo álbum é a sua afirmação?
Houve um amadurecimento mas ambos são uma afirmação daquilo que sou, sendo que já não sou aquilo que era no primeiro álbum. Gosto muito do álbum e se não representasse a minha pessoa ia ser mais difícil defendê-lo.
Sente uma responsabilidade acrescida depois do primeiro álbum ser nomeado como um dos dez melhores do mundo?
Sinto. É sempre uma nomeação muito honrosa. Mas mesmo que a nomeação não tivesse existido a responsabilidade estaria lá porque já existem pessoas à espera de perceber qual é o caminho que vamos trilhando.
Acha que foi criada uma grande expectativa à sua volta?
Não sei. Existem sempre expectativas no mundo do fado porque todos se conhecem uns aos outros. Existem sempre novas vozes e expectativas à volta dessas pessoas. Tem a ver com uma cultura familiar, de tradição e de passagem de testemunho.
A sua colaboração em ‘Perdóname’ tem sido um êxito. Como surgiu a ideia de trabalhar com o Pablo Alborán?
Ele ouviu o meu disco e convidou-me para interpretar um dos temas dele ao vivo em Espanha. Correu muito bem, houve uma empatia artística. Depois o tema tornou-se um single e vieram gravar o videoclip em Lisboa, o que me deixou ainda mais feliz.
Como se sente ao ser a primeira artista portuguesa a chegar a n.º 1 do top espanhol?
Primeiro que tudo a música é do Pablo, e ele sim está a ter uma enorme repercussão do que é o seu trabalho e o seu talento. Fico muito orgulhosa de estar ao lado dele nesse dueto.
Faz parte de uma nova geração de fadistas. Acha que pode haver um elo entre a modernidade e a tradição?
Na minha perspectiva cada fadista dá um pouco de si ao fado. Depois o tempo e as pessoas que ouvem é que acabam por definir o que fica e o que efectivamente foi a continuidade desses passos. E o que é inovador? São linhas muito ténues quando se trata de uma música de raiz.
Como foi o dueto com os Moonspell?
Esse foi completamente improvável [risos]. Foi uma surpresa enorme. O mundo do metal é desconhecido para a maioria das pessoas. É normal que se crie um mistério à volta deles. São excelentes músicos.
Com quem gostaria de vir a colaborar?
Na música não existem limites e, de facto, o dueto com os Moonspell veio provar isso. Gostava de fazer um dueto com o Frank Sinatra e com o Freddie Mercury, mas já não é possível. Com o Chico Buarque seria um bom dueto.
Ouve outro tipo de música?
Sim, não oiço só fado. Gosto muito de música clássica e de música popular brasileira. Claro que a música americana é incontornável, toda aquela massa do jazz. Mas a minha banda favorita são os Queen, porque realmente continuam actuais. São muitas as referências porque a música não tem necessariamente a ver com o estilo mas com a qualidade e com a capacidade de nos fazer sentir coisas.Rita Osório
É como se fosse um irmão mais velho do primeiro disco. Todos crescemos, então o resultado é sempre melhor. Ou, pelo menos, pretendemos que seja sempre mais aperfeiçoado. O nome do disco não remete para a minha alma mas sim para uma música que fala de alma para alma, como o fado.
O que difere de Alma para Fado?
Reconheço algumas diferenças no meu próprio canto. Há uma evolução e maturidade ao nível da interpretação. Também cresci e pude aprender muito durante estes três anos que passaram. Sinto que ainda estou muito atrás do meio caminho. Em termos de sonoridade e arranjos é diferente porque o Diogo Clemente também está a viver esse processo de crescimento e sente-se a evolução na produção e um arriscar em alguns temas, com arranjos mais atrevidos.
Foi a Carminho que fez a selecção dos temas?
Sim, com o Diogo Clemente. Fizemos a recolha do repertório de uma maneira muito natural porque alguns desses fados já os cantava e outros queria muito cantá-los. Depois os inéditos, que me são muito queridos, foram pedidos que fiz e que foram logo correspondidos pelo Vitorino, o Vasco Graça Moura, o Mário Pacheco e o Diogo Clemente.
Num dos temas, ‘Talvez’, canta: «Não sei talvez quem és, mas sei quem sou». Este segundo álbum é a sua afirmação?
Houve um amadurecimento mas ambos são uma afirmação daquilo que sou, sendo que já não sou aquilo que era no primeiro álbum. Gosto muito do álbum e se não representasse a minha pessoa ia ser mais difícil defendê-lo.
Sente uma responsabilidade acrescida depois do primeiro álbum ser nomeado como um dos dez melhores do mundo?
Sinto. É sempre uma nomeação muito honrosa. Mas mesmo que a nomeação não tivesse existido a responsabilidade estaria lá porque já existem pessoas à espera de perceber qual é o caminho que vamos trilhando.
Acha que foi criada uma grande expectativa à sua volta?
Não sei. Existem sempre expectativas no mundo do fado porque todos se conhecem uns aos outros. Existem sempre novas vozes e expectativas à volta dessas pessoas. Tem a ver com uma cultura familiar, de tradição e de passagem de testemunho.
A sua colaboração em ‘Perdóname’ tem sido um êxito. Como surgiu a ideia de trabalhar com o Pablo Alborán?
Ele ouviu o meu disco e convidou-me para interpretar um dos temas dele ao vivo em Espanha. Correu muito bem, houve uma empatia artística. Depois o tema tornou-se um single e vieram gravar o videoclip em Lisboa, o que me deixou ainda mais feliz.
Como se sente ao ser a primeira artista portuguesa a chegar a n.º 1 do top espanhol?
Primeiro que tudo a música é do Pablo, e ele sim está a ter uma enorme repercussão do que é o seu trabalho e o seu talento. Fico muito orgulhosa de estar ao lado dele nesse dueto.
Faz parte de uma nova geração de fadistas. Acha que pode haver um elo entre a modernidade e a tradição?
Na minha perspectiva cada fadista dá um pouco de si ao fado. Depois o tempo e as pessoas que ouvem é que acabam por definir o que fica e o que efectivamente foi a continuidade desses passos. E o que é inovador? São linhas muito ténues quando se trata de uma música de raiz.
Como foi o dueto com os Moonspell?
Esse foi completamente improvável [risos]. Foi uma surpresa enorme. O mundo do metal é desconhecido para a maioria das pessoas. É normal que se crie um mistério à volta deles. São excelentes músicos.
Com quem gostaria de vir a colaborar?
Na música não existem limites e, de facto, o dueto com os Moonspell veio provar isso. Gostava de fazer um dueto com o Frank Sinatra e com o Freddie Mercury, mas já não é possível. Com o Chico Buarque seria um bom dueto.
Ouve outro tipo de música?
Sim, não oiço só fado. Gosto muito de música clássica e de música popular brasileira. Claro que a música americana é incontornável, toda aquela massa do jazz. Mas a minha banda favorita são os Queen, porque realmente continuam actuais. São muitas as referências porque a música não tem necessariamente a ver com o estilo mas com a qualidade e com a capacidade de nos fazer sentir coisas.Rita Osório
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