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Natália Correia

Letristas - Setembro 18, 2012
Poetisa, ficcionista, autora dramática e ensaísta, nascida em 1923, natural dos Açores, facto que levou a insularidade a tornar-se uma linha de força presente em todo o seu percurso literário.

Aos onze anos, quando o pai emigra para o Brasil, Natália e a mãe fixam-se na capital.
No que diz respeito à sua vida pessoal, Natália casa-se quatro vezes, onde os dois primeiros casamentos são datados num curto espaço de tempo. Casa-se pela terceira vez em Lisboa a trinta e um de Julho do ano 1953 com Alfredo Luiz Machado mais velho do que ela e já viúvo. Este casamento durou até à morte de Alfredo a dezassete de Fevereiro do ano 1989. Em 1990, com 67 anos de idade, casa-se por conveniência com o seu colaborador e amigo Dórdio Guimarães.
A nível político, em 1979, com apenas os estudos secundários (feitos em Lisboa), Natália torna-se deputada na Assembleia da República. No ano seguinte foi eleita nas listas do Partido Popular Democrático, onde se tornou independente.

Fundou em 1971, com Isabel Meireles, Júlia Marenha e Helena Roseta, o bar Botequim, onde durante as décadas de 1970 e 1980 se reuniu grande parte da intelectualidade portuguesa. Foi amiga de António Sérgio (esteve associada ao Movimento da Filosofia Portuguesa), David Mourão-Ferreira ("a irmã que nunca tive"), José-Augusto França ("a mais linda mulher de Lisboa")[2], Luiz Pacheco ("esta hierofântide do século XX"), Almada Negreiros, Mário Cesariny ("era muito mais linda que a mais bela estátua feminina do Miguel Ângelo"),[4] Ary dos Santos ("beleza sem costura")[5], Amália Rodrigues, Fernando Dacosta, entre muitos outros. Foi uma entusiasmada e grande impulsionadora pelo aparecimento do espectáculo de café-concerto em Portugal, na figura do polémico travesti Guida Scarllaty, o actor Carlos Ferreira, na época um jovem arquitecto de quem era grande amiga. Na sua casa, foi anfitriã de escritores famosos como Henry Miller, Graham Greene ou Ionesco.

A escritora foi também fundadora, em 1992, junto a José Saramago, Armindo Magalhães, Manuel da Fonseca e Urbano Tavares Rodrigues da Frente Nacional para a Defesa da Cultura onde se fez notar na defesa dos direitos Humanos e dos direitos das Mulheres. A literatura foi uma ferramenta importante na medida em que sendo uma activista social açoriana teve um papel activo na oposição ao Estado Novo. Ainda no que diz respeito à política, Natália Correia participa no Movimento de Unidade Democrática em 1945, no apoio às candidaturas para a Presidência da República do general Norton de Matos em 1949 e de Humberto Delgado em 1958 e na Comissão Eleitoral de Unidade Democrática no ano de 1969.

Como escritora Natália Correia não tem um estilo literário definido. Nele podemos encontrar, inicialmente, o surrealismo e mais tarde o romantismo. Iniciou-se na literatura com a publicação de uma obra destinada ao público infantil, mais tarde afirma-se como poetisa. Contudo podemos ver Natália não só como poetisa mas também como dramaturga, romancista, ensaísta, tradutora, jornalista, guionista e editora, onde foi responsável pela coordenação da Editora Arcádia.

Em 1966, foi condenada a três anos de prisão, com pena suspensa, pela publicação da Antologia da Poesia Portuguesa Erótica e Satírica. Uma obra que foi considerada como uma ofensa aos costumes. Foi ainda processada pela responsabilidade editorial das Novas Cartas Portuguesas de Maria Isabel Barreno, Maria Velho da Costa e Maria Teresa Horta.
Contudo o excelente trabalho da escritora foi reflectido em 1991 no Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores pelo livro Sonetos Românticos. No mesmo ano foi-lhe atribuída a Ordem da Liberdade (era já detentora da Ordem de Santiago.)
A 16 de Março de 1993, Portugal perde esta magnifica personalidade. Natália morre de ataque cardíaco em sua casa.


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