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Joana Amendoeira, amor mais perfeito

Concertos - Outubro 31, 2012
Uma noite, há não muito tempo atrás, no Clube de Fado, conversava não me recordo porquê, com Joana Amendoeira sobre a guitarra Portuguêsa ... 

Ela pegou uma guitarra e começou a tocar. Fontes Rocha, afável e sempre bem disposto a qualquer nota de bom humor, quando me via tocava uma sevilhanas, sentou-se ao lado e começou a cantar fado enquanto ela o acompanhou na guitarra.

CCB
- Lisboa - 14.10.2012

A cumplicidade entre os dois era evidente. Um episódio simpático que convém não esquecer ... Também fazem parte dessas memórias indeléveis, o concerto em Lagos, poucos dias depois da morte do grande Fontes, quando dedicado em sua memória, cantou com a voz rouca "Trago fados nos sentidos", tantas vezes antes interpretado. Mas, naquele dia especial, fez uma lágrima correr pelo seu rosto.

Na tourné que precede o lançamento do novo CD de Joana Amendoeira "Amor Mais Perfeito", um tributo ao grande guitarrista José Fontes Rocha, teve lugar um concerto no Centro Cultural de Belém que encantou um público extasiado. Acompanhado pela guitarra portuguesa de Pedro Amendoeira, maior do que nunca, a maneira peculiar de tocar a viola de Rogério Ferreira que adquire notável protagonismo em diversos temas e o baixo de Paulo Paz. Um retorno à formação instrumental clássica, sem que por outro lado, faça falta aquele quinteto de fado  Mar Ensemble presente em Sétimo Fado, às vezes imponente como um exército pronto para a batalha, e outras demasiado musical na forma como alguns entendem o fado... mas em todo o caso, capítulos que foram perfeitamente adaptados por Filipe Raposo.

Uma vez que não pode ser de outra forma, todos os temas são da autoria do mestre José Fontes Rocha, e igualmente lógico, várias letras de José Luis Gordo e Mário Rainho, incluindo Fernando Farinha - "Eu quis de maïs "- que foi a primeira composição de Fontes Rocha, Manuel Alegre (um belo poema em memória de Amália), David Mourão Ferreira, ou uma alegre marcha "Madragoa" com letra de Jorge Rosa. "Fado Isabel" não poderia faltar com letra de Vasco de Lima Couto. E acima de tudo, o Fado Joana, com letra de Hélder Moutinho , que foi composta por Fontes Rocha para a fadista, dando-lhe o seu nome.

Uma homenagem é sempre um exercício de apresentação de temas já conhecidos e envolve o sacrifício de não contribuir em nada realmente novo e, assim, dar-se a possibilidade e o risco de uma comparação inevitável, especialmente quando estes temas foram popularizadas por divas autênticas. Canções como "Os loucos", "Senhora do Tejo", "Meu país", "Anda o sol na minha rua" "Eu preciso de te ver" ou "Lavava no rio, lavava", tanats vezes cantadas por tantas vozes, cobram um novo significado na voz de Joana Amendoeira, superando e  superando-se a si própria em canções como "Amor mais perfeito" acompanhada apenas à viola.

Também interpretou uma canção de Coimbra: Balada de Outono, embora não façam parte do CD. É uma bela voz numa cuidadosa interpretação feminina. Por outro lado, é lamentável e é surpreendente que esta homenagem a um dos maiores guitarristas da história do fado português, uma referência inevitável, seja pessoal e não tenha o apoio de instituições públicas. No campo da cultura, tão facilmente difamado como supérfluo, é muito curioso saber por exemplo como Brigitte Bardot, em seu tempo, concedeu mais divisas ao governo francês  do que as obtidas no mesmo período pela Renault. Javier Gonzalez


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