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O julgamento do Chico do Cachené

Livros - Dezembro 28, 2012
Teatro Ibérico / 2012
Em 1945, Linhares Barbosa escreveu um «auto poético fadista» intitulado «O Julgamento do Chico do Cachené».

Tudo começou quando um grupo de amigos, dos quais faziam parte o artista plástico e boémio D. Tomás José de Melo (Tom) e Linhares Barbosa, saiu da Adega Machado após um animado almoço. Um ferro-velho ambulante expunha num carrinho várias bugigangas, onde Tom divisou um boneco de madeira, nu, com cerca de meio-metro de altura. Comprou-o, sob as piadas dos amigos. Dias depois, apareceu no «Machado» com o boneco vestido à «faia», de jaqueta, calça de boca-de-sino, bota «afiambrada», chapéu à banda e «cache–nez» de seda ao pescoço. Armando Machado pô-lo numa peanha em local bem visível e mestre Linhares baptizou-o de «Chico do Cachené».

Mais uns tempos passados e o mesmo grupo divertia-se em fazer comentários ao «Chico», uns acusando-o de ser um estroina, bêbado, sem ocupação senão a de estar na sua peanha a ouvir fados, vivendo à custa de uma mulher (a Micas); outros defendendo-o, alegando que tinha sido um desgosto de amor, ele nem era mau rapaz, e por aí fora.

Então, Linhares Barbosa propôs fazer-se-lhe um julgamento em forma, para o que escreveria os depoimentos da acusação, da defesa, a sentença, tudo em letras de fado, a fim de ser cantado ali mesmo. Estreou-se este auto poético fadista em 28 de Julho de 1945, às 15h00, na Adega Machado. Foram intervenientes: Maria de Lurdes Machado, Fernando Farinha, Natália dos Anjos, Maria do Carmo e Gabino Ferreira, acompanhados, à guitarra, por António Henriques e, à viola, por Flávio Teixeira. O próprio Linhares desempenhou o papel de Juiz.

Em 25 de Maio de 1948 foi de novo levado à cena, no Café Luso.

Depois, caiu no esquecimento, as letras perderam-se, havendo apenas excertos publicados na Guitarra de Portugal, n.º 5, de 15 de Agosto e 1945.

Encontradas, na íntegra, nos arquivos de Francisco Mendes e, no âmbito das atividades da Associação Portuguesa de Amigos do Fado, de que eram sócios todos os intervenientes, foi o auto encenado por José Manuel Osório em 1999, sendo representado na mesma Adega Machado onde nascera, na Adega Mesquita, A Severa, Café Luso, Clube de Fado, O Faia, O Timpanas, Restaurante Senhor Vinho, Sociedade A Voz do Operário e Taverna do Embuçado. No ano seguinte, subiu à cena no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém. É agora reposto no Teatro Ibérico, sob a forma de “comédia musical em Fado”, já que os acusadores e os defensores do Chico e da Micas adquirem personalidade.

Vozes: Maria Emília, Nuno de Aguiar, Daniel Gouveia
Guitarra: Sidónio Pereira
Viola:
João Penedo
Dramaturgia e encenação:
Laureano Carreira


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Comentários
#1 Ángel G. Prieto 2013-01-09 16:23 Muy bonito, simpático, castizo y fadista.
Parabens!
Ángel G. Prieto
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