Carlos do Carmo revisitou 50 anos de carreira
Concertos - Junho 29, 2013
Claustro dos Jerónimos engalanado, público a perder de vista, muitas personalidades, noite de verão e cheiro a rio, o que é que se pode pedir mais para um momento de tributo a um homem que comemora meio século de cantigas.
“Vamos ver se consigo controlar a emoção, esta noite é uma espécie de ajuste de contas, é um privilégio chegar aos 50 anos de carreira”. Foi desta forma que Carlos do Carmo se dirigiu pela primeira vez à plateia.
As intervenções viriam a ser inúmeras, afinal de contas o momento era especial.
O concerto dos Jerónimos consistiu numa viagem cronológica pelo reportório do artista, começando nos anos 60 e finando em 2010. O primeiro tema oferecido foi “Loucura” de 1963, aos primeiros acordes, aplausos e bravos que marcariam toda a actuação.
O Carlos que decidiu ser cantor, porque adorava Frank Sinatra, não é a voz do século, mas a voz do Fado.
A profundidade do seu timbre arrebata o ouvinte e transporta-o para um lugar onde vive a saudade e a melancolia da alma lusitana.
A voz de Carlos ainda hipnotiza, o transe só termina quando as guitarras se calam. Os temas pingavam a preceito, a “água” era muita, o artista gravou mais de 240 temas ao longo da carreira.
“Estranha forma de vida”, “Canoas do Tejo”, “Lisboa menina e moça”, O público seguia troteando as letras, todos as sabiam de cor. “Fado do Campo Grande” serviu de mote para a primeira parceria em palco, com um velho conhecido.
O piano de António Vitorino de Almeida teve o efeito de duas pedras de gelo num copo de ginjinha, esfriou o calor do som dos instrumentos de cordas e ofereceu um nova personalidade à melodia. “Os putos” trouxeram de volta os anos 70 e o coro das gargantas da audiência.
Só o Mosteiro se mantinha impávido e sereno, por momentos, as suas paredes centenárias pareceram verter lágrimas de emoção perante tão grande homenagem.
A voz é a alma do fado, mas de nada serve sem o fogo das caixas de cordas. José Manuel Neto (Guitarra Portuguesa), Carlos Manuel Proença (Viola) e José Marinho Freitas (Baixo) abrilhantaram de forma sublime o som do fado, porque sem a alma do som das cordas, o fado não vive.
O virtuosismo técnico de José Neto não passou despercebido e dimensionou uma música que é património universal. Mas nem só de tradição viveu o espectáculo, o balanço e a ginga também marcaram presença, ao mesmo tempo que se sucediam temas alusivos às décadas de 80, 90 e 2000.
Quase no final da actuação, ouviu-se “Fado da Saudade”, vencedor da melhor canção original dos prémios do cinema espanhol (Goya). Depois invocou-se a memória de Bernardo Sassetti, com o tema “O Sol”. Por fim, Carlos troteou o poema de Júlio Pomar, com música de Maria João Pires, acompanhado de novo ao piano pelo Maestro.
No encore, Carlos do Carmo terminou com “Fado Cravo”, revelou ainda uma inconfidência, que a mãe lhe dizia sempre “Canta até aprenderes”. Parece que para Carlos, 50 anos não chegam para dizer basta, para ele a aprendizagem não acaba enquanto a voz não se calar.
Pois contínua a aprender Carlos, nestes exames chamados concertos podes ter a certeza, que enquanto marcares presença terás sempre boa nota.André Delgado
As intervenções viriam a ser inúmeras, afinal de contas o momento era especial.
O concerto dos Jerónimos consistiu numa viagem cronológica pelo reportório do artista, começando nos anos 60 e finando em 2010. O primeiro tema oferecido foi “Loucura” de 1963, aos primeiros acordes, aplausos e bravos que marcariam toda a actuação.
O Carlos que decidiu ser cantor, porque adorava Frank Sinatra, não é a voz do século, mas a voz do Fado.
A profundidade do seu timbre arrebata o ouvinte e transporta-o para um lugar onde vive a saudade e a melancolia da alma lusitana.
A voz de Carlos ainda hipnotiza, o transe só termina quando as guitarras se calam. Os temas pingavam a preceito, a “água” era muita, o artista gravou mais de 240 temas ao longo da carreira.
“Estranha forma de vida”, “Canoas do Tejo”, “Lisboa menina e moça”, O público seguia troteando as letras, todos as sabiam de cor. “Fado do Campo Grande” serviu de mote para a primeira parceria em palco, com um velho conhecido.
O piano de António Vitorino de Almeida teve o efeito de duas pedras de gelo num copo de ginjinha, esfriou o calor do som dos instrumentos de cordas e ofereceu um nova personalidade à melodia. “Os putos” trouxeram de volta os anos 70 e o coro das gargantas da audiência.
Só o Mosteiro se mantinha impávido e sereno, por momentos, as suas paredes centenárias pareceram verter lágrimas de emoção perante tão grande homenagem.
A voz é a alma do fado, mas de nada serve sem o fogo das caixas de cordas. José Manuel Neto (Guitarra Portuguesa), Carlos Manuel Proença (Viola) e José Marinho Freitas (Baixo) abrilhantaram de forma sublime o som do fado, porque sem a alma do som das cordas, o fado não vive.
O virtuosismo técnico de José Neto não passou despercebido e dimensionou uma música que é património universal. Mas nem só de tradição viveu o espectáculo, o balanço e a ginga também marcaram presença, ao mesmo tempo que se sucediam temas alusivos às décadas de 80, 90 e 2000.
Quase no final da actuação, ouviu-se “Fado da Saudade”, vencedor da melhor canção original dos prémios do cinema espanhol (Goya). Depois invocou-se a memória de Bernardo Sassetti, com o tema “O Sol”. Por fim, Carlos troteou o poema de Júlio Pomar, com música de Maria João Pires, acompanhado de novo ao piano pelo Maestro.
No encore, Carlos do Carmo terminou com “Fado Cravo”, revelou ainda uma inconfidência, que a mãe lhe dizia sempre “Canta até aprenderes”. Parece que para Carlos, 50 anos não chegam para dizer basta, para ele a aprendizagem não acaba enquanto a voz não se calar.
Pois contínua a aprender Carlos, nestes exames chamados concertos podes ter a certeza, que enquanto marcares presença terás sempre boa nota.André Delgado
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