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Álbum de Amália com gravações inéditas lançado na quinta-feira

Archive - Maio 26, 2014
Temas foram gravados no México na década de 1950. Fadista cantou em castelhano temas populares mexicanos.

Um álbum de Amália Rodrigues com gravações inéditas cantadas em castelhano vai ser editado em CD, na próxima quinta-feira, em Portugal. As canções foram descobertas pelo professor catedrático chileno Miguel Ángel Vera.

"As gravações são parte de uma pesquisa. Certa vez, numa conversa com Amália, lembrámos que havia muita coisa gravada, em muitos países. Gravações muito boas, feitas em estúdios de rádios, mas não para editar em discos, e quando Amália morreu [em 1999], muitos amalianos começaram a procurar as gravações perdidas", conta Miguel Ángel Vera, da Universidade de Santiago do Chile, à Lusa. Segundo o especialista, "muita coisa que Amália gravou em vários estúdios, ainda não está em discos".

A pesquisa levou o investigador ao México, onde Amália actuou com "enorme sucesso" em 1953, e cantou algumas rancheras, canções da revolução mexicana e canções populares do norte do país. "Mas o mais espantoso é que as cantou com o sotaque do povo", refere Miguel Ángel Vera.

"O sotaque popular mexicano fica especialmente bem na voz de Amália", garantiu o investigador. Os 16 temas reunidos agora no CD "Amália de porto em porto", editado pela Valentim de Carvalho, foram gravados no México, na década de 1950, mas nem todas se encontravam naquele país.

Esta dispersão demonstra a "enorme popularidade de Amália", avalia o investigador e é o fruto das permutas entre as emissoras radiofónicas que "faziam circular as músicas e os artistas". Entre as 16 canções encontram-se duas em português, "Lisboa não sejas francesa", que Amália gravou com orquestra, e "Toiro, Eh toiro", onde a cantora portuguesa "acrescenta uma estrofe que não se lhe conhece e que não incluiu numa gravação anterior em Paris", aponta o professor chileno.

Dos temas em espanhol, regista-se a ranchera "Fallaste Corazón", que Amália manteve no repertório até ao final da carreira e que apresentava como "um fado mexicano", e canções populares como "Por un amor", temas que Amália escolheu, pouco tempo mais tarde, para o alinhamento do seu primeiro álbum nos Estados Unidos. O CD remasterizado "sem esconder o som da época", inclui, entre outras canções, "La cama de piedra", "Griteme piedras del campo", "Mala suerte", "Para ti", "Plegaria" e "Não me quieres tanto".

“De forma intuitiva, sem o saber, Amália colocou-se nos palcos à maneira das pessoas populares do México e cantou os temas com sotaque específico dessas pessoas do povo", refere Miguel Ángel Vera. "Cantava as nossas cantigas à maneira do fado. Depois, muitas cantoras imitaram a sua maneira de cantar o que deu ao género ranchera um novo ar, uma força nova", explica, argumentando que a fadista fez parte de um diálogo artístico-musical entre o fado e a “rancheira” que “iniciou na América do Sul ".

Ainda não se estudou a influência das rancheras no trabalho de Amália Rodrigues, alerta o investigador: "Em 1997 numa conversa com Amália, ela disse que depois de ter cantado rancheras a sua maneira de cantar ganhou muita influência deste género, e dava como exemplo 'Foi Deus', de Alberto Janes, em que havia um certo arrastado."Lusa


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