Portal do Fado

Tendo como ponto de partida a guitarra portuguesa e Carlos Paredes como farol mais brilhante e influência primordial, a música que se ouve em «Rota do Sul» passa também pelo fado de Lisboa e por muitos outras músicas com as quais os portugueses, fosse nas viagens das descobertas fosse em diásporas posteriores de ida e volta, se cruzaram ao longo de séculos e com quem ainda continuam a cruzar-se. Cidade portuária, de chegadas e partidas, de intermináveis encontros e trocas entre povos, culturas, idiomas e géneros musicais, Lisboa volta a ter, com João
Alvarez e Tiago Inuit, uma fascinante mistura de linguagens musicais que têm a capital portuguesa como ponto de partida (e de chegada) mas que nela não se deixam aprisionar. «Rota do Sul» é de Lisboa, sim, é de Portugal, também, mas é igualmente da Península Ibérica, do Magrebe aqui tão perto e de muitas outras latitudes que se querem, e deixam, visitar.

Iniciado em 2011 por João Alvarez e Tiago Inuit, o projecto Rota do Sul tem como mote primordial a procura de novos caminhos para o reportório da guitarra portuguesa e o seu enriquecimento do seu património solístico através de novas obras, ao mesmo tempo que congrega músicos e instrumentos característicos de outras latitudes musicais.
Para isso, o duo convidou a participar neste seu primeiro álbum a fadista Maria Ana Bobone (que dá voz ao tema «Perdida de Mim»), o guitarrista de flamenco Vasco Hemandez, os violinistas Otto Pereira, Xuan Du e Natália Juskiewikz, os percussionistas João Balão e Marco Santos e, do universo do fado, Durval Moreirinhas e Mário Estorninho (ambos em viola de fado). João Alvarez e Tiago Inuit são os autores, a solo ou maioritariamente em duo, de todos os temas do disco, à excepção de «Mudar de Vida», um clássico absoluto de Carlos Paredes.

João Pedro Alvarez iniciou o estudo de guitarra portuguesa em 1992. Desde então, realizou diversos recitais em Portugal e no estrangeiro nos quais se distinguem: Teatro S. Luís (1997), no CCB (1998), na Expo 98 (1998), em Toronto, Canadá (1999), na Fundação Calouste Gulbenkian (2001), sendo acompanhado à viola por Durval Moreirinhas e interpretando os reportórios de Carlos Paredes, de Artur Paredes e de Pedro Caldeira Cabral. Colaborou com o cantor de Coimbra Luís Góis. Participou no álbum Lisboa Capital di Sôdade com a cantora cabo-verdiana Titina. Participou também em vários programas de televisão e rádio nomeadamente com Carlos do Carmo na RTP Internacional, na apresentação da Expo 98, na cadeia rádio SER em Espanha, entre outros.

Tiago Inuit concluiu a licenciatura em música no ano 2000, pela Universidade de Concordia em Montreal, Canadá. Desde então dedica-se à música enquanto compositor, músico, produtor e professor. Em 2005 é editado o seu primeiro trabalho discográfico Funami com o cantor Alexandre Desilets em Portugal pela editora Transformadores. Dos principais trabalhos realizados destacam-se a realização de músicas para as séries de documentários Cirque du Soleil – Fire Within para Gala filmes em Montreal (2002); Beyond the Horizon para Aljazzera English em Londres (2006); música original e pós produção de som para a serie de documentários Music of Resistance para a Aljazzera English (2008); música original para as peças de teatro Solum, Dias de Espuma, A Travessia e Agnóia de Teatro do Mar em Sines (2010 a 2012), entre muitos outros. Mais recentemente participou como guitarrista no álbum Em busca das Montanhas Azuis de Fausto Bordalo Dias tendo atuado nos Coliseus de Lisboa e Porto em Outubro de 2012.