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O fado andou à solta por Alfama

Concerts - Setembro 20, 2015
Maior parte do público optou por se concentrar no palco principal. Mas houve muitas e boas surpresas em ruas e vielas

"Isto é pior do que os santos", comentava alguém, à porta da Igreja de São Miguel. Por esta altura estava prestes a iniciar-se o espetáculo de Fado Rezado. Com o templo completamente lotado, não restava à pequena multidão aguardar que alguém saísse para ir entrando a conta-gotas. Foi assim um pouco por todo o lado, o que atesta bem do sucesso do Caixa Alfama que, à terceira edição, já se enraizou naquele bairro lisboeta, repetindo em pleno setembro a azáfama dos Santos Populares, com restaurantes cheios (e foram muitos os que neste ano se associaram ao festival, criando menus especiais) e gente pelas ruas de copo na mão.

Porque este é um festival para todos e não só para quem paga bilhete, com iniciativas como o Fado à Janela, que surpreendiam os passantes quando menos se esperava; ou os espetáculos da fadista Carolina ou do guitarrista José Manuel Neto, nas escadarias de Santo Estêvão. A maior multidão, porém, desde cedo que se concentrou em frente ao palco principal, junto ao rio, nas traseiras do Museu do Fado, onde a noite começou com duas das maiores vozes do fado: Maria da Fé e Rodrigo, que comoveram ao som de clássicos como Até Que a Voz Me Doa ou Cais do Sodré - com Rodrigo a fazer uma pequena e bem-humorada introdução, explicando que o Cais do Sodré da "má vida" nada tem que ver com o local "chiquérrimo" de agora.

Seguiu-se depois um dos melhores momentos desta primeira noite, com a atuação de Raquel Tavares. "Boa noite Lisboa, sejam bem-vindos à minha casa, é aqui que vivo todos os dias e é Alfama que tenho no coração", cumprimentou no seu jeito bairrista, antes de começar, ela própria, a dedilhar a guitarra, durante a interpretação dos temas Fama de Alfama e Rosa da Madragoa, dando início a um intenso espetáculo, de cerca de uma hora e meia, que contou com dois convidados, o guitarrista Diogo Clemente e o baterista Fred Ferreira, e terminou em festa de forma triunfal, ao som, primeiro de Rapaz da Camisola Verde (popularizado por Amália Rodrigues) e da marcha Sou de Alfama.

O último dia ficou marcado pela atuação de António Chainho, que comemora 50 anos de carreira. O mestre da guitarra portuguesa apresentou ao vivo o novo disco, ‘Cumplicidades’, que conta com a participação de Rui Veloso, Pedro Abrunhosa, Paulo de Carvalho, Ana Bacalhau (dos Deolinda), Sara Tavares, Fernando Ribeiro (dos Moonspell), o fadista Hélder Moutinho, o cantor angolano Paulo Flores e a brasileira Vanessa da Mata, que dá voz ao tema ‘Aprender a Sorrir’.

Logo a seguir, Marco Rodrigues subiu ao palco para interpretar o seu mais recente trabalho, ‘Fado dos Fados’. O encerramento do certame, que este ano tinha como lema ‘Aqui mora o fado’, ficou a cargo de Ana Moura. Mais de 40 artistas participaram nesta terceira edição do Caixa Alfama, com a paixão pelo fado a unir em palco veteranos e rostos da nova geração. Cuca Roseta, Raquel Tavares, Maria da Fé e Rodrigo foram alguns dos nomes no cartaz.


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