Ana Laíns: “Continuo a ser uma menina ingénua, mas por opção”
Entrevistas - Outubro 05, 2015
Numa tarde passada na praia, a cantora conversou connosco sobre o seu amor pela língua portuguesa e pela música.
A música entrou na vida de Ana Laíns, de 36 anos, logo na infância. Cantava nos festivais da escola e já aí tinha público. Mais tarde, na adolescência, no meio das suas aventuras com bandas de garagem, descobriu o fado. Não foi uma paixão assolapada, antes um amor que se foi colando à pele. Ana não gosta de ser definida como fadista, até porque não canta só fado nem quer chocar os mais puristas. Independentemente do que interpreta, a artista canta com a alma, transportando no timbre a portugalidade que tanto a apaixona. A sua música e o amor por Portugal têm-na levado pelo mundo fora, tendo sido convidada para ser embaixadora dos Oito Séculos da Língua Portuguesa, cujas comemorações encerraram em julho, num concerto que encheu o CCB e durante o qual a artista partilhou o palco com muitos nomes conhecidos da lusofonia.
Ao seu lado na música e na vida a cantora tem o marido, o músico Paulo Loureiro, que descreve como “o meu tudo.”
– Como artista, está muito associada ao fado, mas a sua música vai mais além...
Ana Laíns – Sim, a minha música é mais abrangente. Canto música de cariz tradicional português, até porque sou portuguesa por convicção. Quando gravei o primeiro disco, Sentidos, em 2006, quis dizer que estou aqui, que sou uma artista que tem uma paixão inabalável pela sua cultura, pela sua língua e pela sua condição de ser portuguesa. O segundo disco, Quatro Caminhos, editado em 2010, vem na mesma linha, mas mostra outras certezas e dúvidas. Canto fado, mas não sou fadista.
– E como define essa “condição de ser portuguesa”?
– Significa que tenho muito respeito pelo país onde nasci. Sinto que tenho uma missão para cumprir neste lugar. Aceito o meu país, com todas as suas qualidades e defeitos e acredito que temos o privilégio de viver num lugar como poucos. Sou profundamente apaixonada pelo nosso país.
– É esse sentimento de portugalidade que a distingue dos demais artistas da sua geração?
– Gosto de pensar que tenho uma missão, que passa por ser uma espécie de Vasco da Gama da cultura portuguesa, mas de uma forma descontraída e muito humana. Nos meus concertos gosto de transportar as pessoas para o palco e de sair para a plateia. Não tem de haver uma barreira entre nós e o público. Gosto de transformar os meus concertos em momentos de partilha que as pessoas levam depois no coração.
– Viaja muito em trabalho. Consegue ter tempo para a sua vida pessoal?
– Tenho a sorte de o meu marido ser o meu diretor musical! A parte mais complicada é a falta de tempo que tenho para a minha família e para os meus amigos. Às vezes penso que tenho uma grande sorte por ainda ter amigos, quando tenho tão pouco tempo para eles... Trabalho muito, até porque faço o meu agenciamento e isso tem sido uma experiência muito absorvente. Às vezes estou dois meses sem ver a minha mãe, o que me faz muita impressão, porque estar em contacto com as minhas raízes é fundamental para o meu equilíbrio. Mas a minha vida é a música e tudo acontece a partir daí.
– E é fácil trabalhar com o marido?
– Sim, é. Estamos juntos há 16 anos e casados há oito. Claro que também já tivemos problemas, como todos os casais, mas temos conseguido alimentar o nosso amor diariamente. O meu marido é a água quente na minha água fria. Não acredito em almas gémeas, mas o Paulo complementa-me. É a pessoa que me puxa para a terra, que me diz com frontalidade tudo o que é difícil de ouvir de outras pessoas... O Paulo é o meu tudo.
– Mas não se cansam um do outro?
– Não, porque damos o espaço necessário ao outro. Para mim, o casamento são duas circunferências que por vezes se intercetam. Nunca perdemos a nossa individualidade e isso tem sido o segredo da nossa relação.
– Disse que precisa de estar em contacto com as suas raízes. Ainda há muito em si da jovem que cresceu no Ribatejo?
– Sim, ainda sou essa menina. Mantenho a fé de que as pessoas e o mundo são bons. Dizem-me que sou idealista, mas no dia em que deixar de o ser perco o motivo para aqui estar. Continuo a ser uma menina ingénua, mas por opção. Sou uma pessoa que procura ser melhor todos os dias e que nunca se compara aos outros. Vivo com a expectativa de nos ver a cuidar uns dos outros. O meu mundo é um sítio maravilhoso, porque à minha volta existem muitas pessoas que pensam e agem da mesma maneira.Marta Mesquita
Ao seu lado na música e na vida a cantora tem o marido, o músico Paulo Loureiro, que descreve como “o meu tudo.”
– Como artista, está muito associada ao fado, mas a sua música vai mais além...
Ana Laíns – Sim, a minha música é mais abrangente. Canto música de cariz tradicional português, até porque sou portuguesa por convicção. Quando gravei o primeiro disco, Sentidos, em 2006, quis dizer que estou aqui, que sou uma artista que tem uma paixão inabalável pela sua cultura, pela sua língua e pela sua condição de ser portuguesa. O segundo disco, Quatro Caminhos, editado em 2010, vem na mesma linha, mas mostra outras certezas e dúvidas. Canto fado, mas não sou fadista.
– E como define essa “condição de ser portuguesa”?
– Significa que tenho muito respeito pelo país onde nasci. Sinto que tenho uma missão para cumprir neste lugar. Aceito o meu país, com todas as suas qualidades e defeitos e acredito que temos o privilégio de viver num lugar como poucos. Sou profundamente apaixonada pelo nosso país.
– É esse sentimento de portugalidade que a distingue dos demais artistas da sua geração?
– Gosto de pensar que tenho uma missão, que passa por ser uma espécie de Vasco da Gama da cultura portuguesa, mas de uma forma descontraída e muito humana. Nos meus concertos gosto de transportar as pessoas para o palco e de sair para a plateia. Não tem de haver uma barreira entre nós e o público. Gosto de transformar os meus concertos em momentos de partilha que as pessoas levam depois no coração.
– Viaja muito em trabalho. Consegue ter tempo para a sua vida pessoal?
– Tenho a sorte de o meu marido ser o meu diretor musical! A parte mais complicada é a falta de tempo que tenho para a minha família e para os meus amigos. Às vezes penso que tenho uma grande sorte por ainda ter amigos, quando tenho tão pouco tempo para eles... Trabalho muito, até porque faço o meu agenciamento e isso tem sido uma experiência muito absorvente. Às vezes estou dois meses sem ver a minha mãe, o que me faz muita impressão, porque estar em contacto com as minhas raízes é fundamental para o meu equilíbrio. Mas a minha vida é a música e tudo acontece a partir daí.
– E é fácil trabalhar com o marido?
– Sim, é. Estamos juntos há 16 anos e casados há oito. Claro que também já tivemos problemas, como todos os casais, mas temos conseguido alimentar o nosso amor diariamente. O meu marido é a água quente na minha água fria. Não acredito em almas gémeas, mas o Paulo complementa-me. É a pessoa que me puxa para a terra, que me diz com frontalidade tudo o que é difícil de ouvir de outras pessoas... O Paulo é o meu tudo.
– Mas não se cansam um do outro?
– Não, porque damos o espaço necessário ao outro. Para mim, o casamento são duas circunferências que por vezes se intercetam. Nunca perdemos a nossa individualidade e isso tem sido o segredo da nossa relação.
– Disse que precisa de estar em contacto com as suas raízes. Ainda há muito em si da jovem que cresceu no Ribatejo?
– Sim, ainda sou essa menina. Mantenho a fé de que as pessoas e o mundo são bons. Dizem-me que sou idealista, mas no dia em que deixar de o ser perco o motivo para aqui estar. Continuo a ser uma menina ingénua, mas por opção. Sou uma pessoa que procura ser melhor todos os dias e que nunca se compara aos outros. Vivo com a expectativa de nos ver a cuidar uns dos outros. O meu mundo é um sítio maravilhoso, porque à minha volta existem muitas pessoas que pensam e agem da mesma maneira.Marta Mesquita
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