Gisela João - Nua
Discos - Novembro 25, 2016
Nua é o segundo disco de Gisela João. Porque foi com este trabalho que se “despiu” de pressões e reuniu as músicas de que mais gosta, escritas por grandes poetas.
Gravado entre o Palácio de Santa Catarina, em Lisboa, e a Cidadela de Cascais, "Nua" "dá voz às palavras de alguns poetas da atualidade, visita temas clássicos e tradicionais e surpreende-nos mostrando que, vinda de onde vier - e vem de muitos sítios - a música que passa pela voz de Gisela João é fado".
Assim que lhe ouvimos o primeiro verso de Fado para esta noite, é como se a sua voz nos cercasse por todos os lados e instantaneamente fôssemos tragados para dentro do seu mundo. É um fado vindo de longe, feito de uma solidão vizinha do desejo, de uma cama de lavado que cheira a alfazema, com almofadas de fitas, colcha de chita e um santo alumiado na cabeceira.
Parece uma imagem demasiado remota para uma fadista de hoje, que se entusiasma a falar do recente concerto em Lisboa dos berlinenses do techno Moderat, que se diz capaz de perder a cabeça para apanhar um voo que a leva a assistir à estreia de uma peça do minimalista Steve Reich, que ocupa os palcos com vestidos vistosos e que pode ser apanhada a fazer stage diving. Mas Gisela não esconde ser uma romântica e não resiste a um poema [de César de Oliveira, popularizado por Beatriz da Conceição] que descreva um solitário colocado à janela com “duas rosas que estão a atirar beijos vermelhos, sem boca para os dar”.
Nua está carregado de subtilezas, mesmo que obedeça a um padrão de absoluta simplicidade. Só que a nudez do título é felizmente enganadora. É uma nudez que, mostrando, esconde também. E exige usar as unhas para esgravatar no interior de um disco que num primeiro contacto apenas revela a superfície. Não sugere nenhum fim por mostrar já tudo. É só o início...
As palavras vieram de “Há palavras que nos beijam” de Alexandre O’Neil, “Naufrágio” de Cecília Meireles, “Labirinto ou não foi nada” de David Mourão-Ferreira, o tema escolhido para single deste trabalho, e “Noite de São João” escrito por Capicua entre outros...
2013 foi o ano da consagração para Gisela João, tendo o seu disco homónimo, lançado no verão, alcançado o top nacional de vendas e conseguido a aclamação da crítica. A fadista ganhou o Prémio revelação Amália, o Globo de Ouro na categoria Melhor Intérprete Individual, o Prémio José Afonso 2014.
Assim que lhe ouvimos o primeiro verso de Fado para esta noite, é como se a sua voz nos cercasse por todos os lados e instantaneamente fôssemos tragados para dentro do seu mundo. É um fado vindo de longe, feito de uma solidão vizinha do desejo, de uma cama de lavado que cheira a alfazema, com almofadas de fitas, colcha de chita e um santo alumiado na cabeceira.
Parece uma imagem demasiado remota para uma fadista de hoje, que se entusiasma a falar do recente concerto em Lisboa dos berlinenses do techno Moderat, que se diz capaz de perder a cabeça para apanhar um voo que a leva a assistir à estreia de uma peça do minimalista Steve Reich, que ocupa os palcos com vestidos vistosos e que pode ser apanhada a fazer stage diving. Mas Gisela não esconde ser uma romântica e não resiste a um poema [de César de Oliveira, popularizado por Beatriz da Conceição] que descreva um solitário colocado à janela com “duas rosas que estão a atirar beijos vermelhos, sem boca para os dar”.
Nua está carregado de subtilezas, mesmo que obedeça a um padrão de absoluta simplicidade. Só que a nudez do título é felizmente enganadora. É uma nudez que, mostrando, esconde também. E exige usar as unhas para esgravatar no interior de um disco que num primeiro contacto apenas revela a superfície. Não sugere nenhum fim por mostrar já tudo. É só o início...
As palavras vieram de “Há palavras que nos beijam” de Alexandre O’Neil, “Naufrágio” de Cecília Meireles, “Labirinto ou não foi nada” de David Mourão-Ferreira, o tema escolhido para single deste trabalho, e “Noite de São João” escrito por Capicua entre outros...
2013 foi o ano da consagração para Gisela João, tendo o seu disco homónimo, lançado no verão, alcançado o top nacional de vendas e conseguido a aclamação da crítica. A fadista ganhou o Prémio revelação Amália, o Globo de Ouro na categoria Melhor Intérprete Individual, o Prémio José Afonso 2014.
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