Camané canta Marceneiro: “É tudo aquilo que acho de melhor no fado”
Entrevistas - Outubro 19, 2017
Foi a ouvir Bob Dylan a cantar Sinatra que se lembrou de fazer um disco inteiramente dedicado às canções de Alfredo Marceneiro. “É um dos grandes génios do fado”, diz.
Alfredo Marceneiro foi sempre uma das referências do fado para Camané, mas o fadista nunca tinha pensado gravar um disco que lhe fosse dedicado. “Foi um clique”, explica Camané à Renascença. “Camané canta Marceneiro”, integralmente constituído por fados de Alfredo Marceneiro (1891-1982).
O disco conta com um dueto com Carlos do Carmo – o primeiro dueto num disco de Camané. “Sinto-me um menino ao pé de um grande senhor”, admite Camané em entrevista ao Ensaio Geral da Renascença (para ouvir esta sexta-feira, depois das 23h00). Outra das estrelas que se junta a este disco é o arquitecto Álvaro Siza Vieira, que assina a capa do álbum.
Podemos dizer: finalmente, um disco seu com temas da sua referência do fado, Alfredo Marceneiro.
Nunca pensei fazer um disco do Marceneiro. Toda a vida cantei fados do Marceneiro. Sempre cantei o “Bailado” com outras letras, o “Fado Cravo” com letra de João Ferreira Rosa. Aliás, nos últimos dez anos, termino os concertos quase sempre com “A Triste Sorte” do João, que morreu há pouco tempo. Mas nunca pensei gravar os fados que cantou o Marceneiro. Foi um clique. Lembro-me de estar a ouvir um disco do Bob Dylan com as canções do Sinatra e achei que era uma boa ideia, depois de ter feito o percurso que fiz, poder ir às minhas raízes. Foi um clique que tive. Pensei que estes fados eram extraordinários e que eu os podia cantar à minha maneira. Mas claro que tem lá muito de Marceneiro, porque é uma referência de sempre.
Precisou de tempo para encontrar a sua versão destes fados do Marceneiro?
Eu quis ter a minha visão destes fados. Já os cantei, alguns, “O Bailado”, “O Cravo” ou o “Laranjeiro”, com letras novas que fizeram para mim. Como todos os fadistas fizeram. A Amália cantava “O Bailado” com “A Estranha Forma de Vida”. O próprio Marceneiro cantou várias letras em “O Bailado” e eu tive de escolher uma delas. Foi a altura certa porque, depois de ter feito muitos discos, foi uma forma de homenagear as primeiras vezes em que ouvi fados. Foi o Marceneiro.
Neste disco trabalha com os seus cúmplices habituais, a Manuela de Freitas e o José Mário Branco, mas tem também pela primeira vez um dueto gravado num disco seu?
Sim, pela primeira vez na vida convidei alguém para participar num disco meu. Convidei o Carlos do Carmo para cantar “A Lucinda Camareira”. Eu sinto-me um menino a cantar ao pé de um grande senhor, sempre que canto com o Carlos. Depois, ele tem aquela vivência, daquele tempo, daquele café, daquela Lucinda. Acho que ele próprio a deve ter conhecido. São histórias muito verdadeiras as das pessoas que escreviam para o Marceneiro. Quando ouvimos o Carlos a cantar estamos a ver aquilo. A forma como ele conta aquilo é de uma verdade incrível.
Outra das colaborações deste disco está na capa desenhada por Siza Vieira?
A capa deste disco foi uma surpresa. Eu não estava em Portugal, de repente cheguei a Lisboa e alguém da EMI tinha falado com o arquitecto Siza Vieira. Eu gostei imenso da capa, depois escrevi uma carta ao arquitecto a agradecer o ter aceitado aquele desafio.
Quem foi para si Alfredo Marceneiro, o que é que ele representa para o fado?
O Alfredo Marceneiro é um dos grandes génios do fado. Foi um personagem, um homem incrível. Uma das coisas que mais me admira é como é que com uma voz pequena se consegue cantar tão bem! Ele tinha uma musicalidade incrível e aproveitava os limites que tinha para cantar daquela forma extraordinária. Era um homem muito inteligente, com muito bom gosto, escolheu os melhores poetas populares para escrever para si. Os fados dele têm uma personalidade melódica incrível, uma seriedade e bom gosto. O Marceneiro é tudo aquilo que eu acho que é de melhor no fado.
O disco conta com um dueto com Carlos do Carmo – o primeiro dueto num disco de Camané. “Sinto-me um menino ao pé de um grande senhor”, admite Camané em entrevista ao Ensaio Geral da Renascença (para ouvir esta sexta-feira, depois das 23h00). Outra das estrelas que se junta a este disco é o arquitecto Álvaro Siza Vieira, que assina a capa do álbum.
Podemos dizer: finalmente, um disco seu com temas da sua referência do fado, Alfredo Marceneiro.
Nunca pensei fazer um disco do Marceneiro. Toda a vida cantei fados do Marceneiro. Sempre cantei o “Bailado” com outras letras, o “Fado Cravo” com letra de João Ferreira Rosa. Aliás, nos últimos dez anos, termino os concertos quase sempre com “A Triste Sorte” do João, que morreu há pouco tempo. Mas nunca pensei gravar os fados que cantou o Marceneiro. Foi um clique. Lembro-me de estar a ouvir um disco do Bob Dylan com as canções do Sinatra e achei que era uma boa ideia, depois de ter feito o percurso que fiz, poder ir às minhas raízes. Foi um clique que tive. Pensei que estes fados eram extraordinários e que eu os podia cantar à minha maneira. Mas claro que tem lá muito de Marceneiro, porque é uma referência de sempre.
Precisou de tempo para encontrar a sua versão destes fados do Marceneiro?
Eu quis ter a minha visão destes fados. Já os cantei, alguns, “O Bailado”, “O Cravo” ou o “Laranjeiro”, com letras novas que fizeram para mim. Como todos os fadistas fizeram. A Amália cantava “O Bailado” com “A Estranha Forma de Vida”. O próprio Marceneiro cantou várias letras em “O Bailado” e eu tive de escolher uma delas. Foi a altura certa porque, depois de ter feito muitos discos, foi uma forma de homenagear as primeiras vezes em que ouvi fados. Foi o Marceneiro.
Neste disco trabalha com os seus cúmplices habituais, a Manuela de Freitas e o José Mário Branco, mas tem também pela primeira vez um dueto gravado num disco seu?
Sim, pela primeira vez na vida convidei alguém para participar num disco meu. Convidei o Carlos do Carmo para cantar “A Lucinda Camareira”. Eu sinto-me um menino a cantar ao pé de um grande senhor, sempre que canto com o Carlos. Depois, ele tem aquela vivência, daquele tempo, daquele café, daquela Lucinda. Acho que ele próprio a deve ter conhecido. São histórias muito verdadeiras as das pessoas que escreviam para o Marceneiro. Quando ouvimos o Carlos a cantar estamos a ver aquilo. A forma como ele conta aquilo é de uma verdade incrível.
Outra das colaborações deste disco está na capa desenhada por Siza Vieira?
A capa deste disco foi uma surpresa. Eu não estava em Portugal, de repente cheguei a Lisboa e alguém da EMI tinha falado com o arquitecto Siza Vieira. Eu gostei imenso da capa, depois escrevi uma carta ao arquitecto a agradecer o ter aceitado aquele desafio.
Quem foi para si Alfredo Marceneiro, o que é que ele representa para o fado?
O Alfredo Marceneiro é um dos grandes génios do fado. Foi um personagem, um homem incrível. Uma das coisas que mais me admira é como é que com uma voz pequena se consegue cantar tão bem! Ele tinha uma musicalidade incrível e aproveitava os limites que tinha para cantar daquela forma extraordinária. Era um homem muito inteligente, com muito bom gosto, escolheu os melhores poetas populares para escrever para si. Os fados dele têm uma personalidade melódica incrível, uma seriedade e bom gosto. O Marceneiro é tudo aquilo que eu acho que é de melhor no fado.
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