Cristina Branco - Branco
Discos - Março 01, 2018
Não é um disco de fado como se podia esperar. E um disco de sons felizes, de piano e contrabaixo, com a guitarra portuguesa em pano de fundo.
um disco alegre, um disco feliz e um disco melancólico a um só tempo. Cristina Branco lança-se de braços abertos para tonalidades rítmicas fora do universo do fado e experimenta a voz e o jazz num disco que ela própria classifica como “transversal”. “Quando nos propomos fazer um disco que é transversal ao nível dos autores e de todas as cores reunidas numa só, esperamos sempre que o resultado funcione. ‘Branco’ é exatamente aquele que tinha imaginado.” Dois apontamentos de fado, que poderiam ser um fado corrido se tivéssemos muita vontade de fazer um paralelismo, ‘Armadilha’ e ‘Minha Sorte’, e outros temas onde a guitarra portuguesa se ouve um bocadinho. Mas é dopiano e do contrabaixo que vive o disco na sua generalidade.
"É um disco sem preconceitos, como eu o imaginei. É um disco em que eu quero cantar aquilo que as pessoas tiverem para me dar, e não me deram fados, por isso nào os cantei”, explica ao . O processo foi o de pedir a músicos e letristas que escrevessem e compusessem com toda a liberdade. “Pela primeira vez não cingi os autores a um texto, que é o que costumo fazer, e nào lhes expliquei que gostava que falassem sobre isto ou sobre aquilo. Desta vez quis que tivessem toda a liberdade para escreverem sobre o que lhes ia na cabeça.”
O resultado de que a cantora se encanta é um disco muito jazzístico. Ela esclarece. “Esse lado tem a ver com os meninos que tocam. Mas também é um universo de que gosto, mas não acho que tenha a ver com algum trejeito estilístico, tem mais a ver com o somatório do que somos nós os quatro, tem a ver com uma linguagem que dois de nós dominam e que os outros apreciam. Por isso, revela-se um disco com uma sonoridade despojada, muito límpida e que não tem nada a mais. Está tudo na conta certa. É um disco com essa clareza que muitas vezes encontramos no jazz. talvez por isso algumas pessoas possam pensar que é um disco muito jazzístico.” Os meninos de que fala são Bernardo Moreira no contrabaixo, Luís Figueiredo no piano e Bernardo Couto na guitarra portuguesa.
E para que tenham uma ideia, o piano e o contrabaixo estão lá sempre. Mas a guitarra também. “A guitarra, para mim. tem um papel muito importante, não consigo imaginar nenhuma música minha sem guitarra, mas a guitarra é um instrumento que tem de ser tocado com cuidado, não é preciso estar sempre a tocar. Gosto de silêncio na música.”
Uma música, de resto, que está muito mais presente do que as letras neste disco de originais. “A música une de certa maneira todos os textos. Acho que o que harmoniza o disco é realmente a música. Penso que isso tem a ver com o facto de não ter havido um foco para os textos, ou seja, cada um dos autores escreveu sobre o que lhe bem apeteceu, e isso não é o mais importante para mim, é antes essa harmonia.”
Mas “Branco” é também um xeque-mate à voz. Cristina Branco canta à capela, a voz é esticada aqui e ali e assume com a música uma posição de destaque. Foi um desafio, diz-nos. “mas não imagino a música sem que seja um desafio. É isso mesmo que eu quero. E que, se possível, consiga subir mais um degrau de cada vez. Gosto que as músicas sejam desafiantes e que eu consiga encontrar tonalidades diferentes”.
Para tudo isto, muito terão contribuído os colaboradores do álbum, que vão desde os seus companheiros de sempre Mário Laginha e Sérgio Godinho até nomes mais inusitados, como Filho da Mãe, Kalaf Epalanga, Peixe ou Toty Sa’med. “São jovens, são pessoas que conheço há pouco tempo e que eu desafiei, porque acho que têm coisas para dizer. Acho que esta geração tem muito valor e além disso, faz uma observação da realidade diferente da geração anterior. São pessoas que cresceram já neste meio limbo de dificuldade para mostrarem a sua música. Acredito que eles tenham tido mais dificuldades em se fazerem músicos do que a minha geração. O que têm para dizer é dito de uma forma muito explícita, muito crua, de uma forma que eu também gosto de cantar. Por isso me identifico tanto com eles e gostei tanto de trabalhar com eles.”
Este álbum é um disco feliz, a música dá-lhe essa toada mais alegre entre letras que não são de todo alegres; veja-se 'Aula de Natação’, que fala sobre as fragilidades femininas perante um divórcio. No entanto, e além disso, a maior parte dos autores vem de um universo de música independente que tem uma caracteristica muito portuguesa. que é aquela melancolia “que consigo identificar com o fado. Nós somos naturalmente assim, e esses miúdos todos falam com uma certa tristeza. A música é que dá a todo o álbum esse lado mais feliz”, conclui Cristina Branco.
"É um disco sem preconceitos, como eu o imaginei. É um disco em que eu quero cantar aquilo que as pessoas tiverem para me dar, e não me deram fados, por isso nào os cantei”, explica ao . O processo foi o de pedir a músicos e letristas que escrevessem e compusessem com toda a liberdade. “Pela primeira vez não cingi os autores a um texto, que é o que costumo fazer, e nào lhes expliquei que gostava que falassem sobre isto ou sobre aquilo. Desta vez quis que tivessem toda a liberdade para escreverem sobre o que lhes ia na cabeça.”
O resultado de que a cantora se encanta é um disco muito jazzístico. Ela esclarece. “Esse lado tem a ver com os meninos que tocam. Mas também é um universo de que gosto, mas não acho que tenha a ver com algum trejeito estilístico, tem mais a ver com o somatório do que somos nós os quatro, tem a ver com uma linguagem que dois de nós dominam e que os outros apreciam. Por isso, revela-se um disco com uma sonoridade despojada, muito límpida e que não tem nada a mais. Está tudo na conta certa. É um disco com essa clareza que muitas vezes encontramos no jazz. talvez por isso algumas pessoas possam pensar que é um disco muito jazzístico.” Os meninos de que fala são Bernardo Moreira no contrabaixo, Luís Figueiredo no piano e Bernardo Couto na guitarra portuguesa.
E para que tenham uma ideia, o piano e o contrabaixo estão lá sempre. Mas a guitarra também. “A guitarra, para mim. tem um papel muito importante, não consigo imaginar nenhuma música minha sem guitarra, mas a guitarra é um instrumento que tem de ser tocado com cuidado, não é preciso estar sempre a tocar. Gosto de silêncio na música.”
Uma música, de resto, que está muito mais presente do que as letras neste disco de originais. “A música une de certa maneira todos os textos. Acho que o que harmoniza o disco é realmente a música. Penso que isso tem a ver com o facto de não ter havido um foco para os textos, ou seja, cada um dos autores escreveu sobre o que lhe bem apeteceu, e isso não é o mais importante para mim, é antes essa harmonia.”
Mas “Branco” é também um xeque-mate à voz. Cristina Branco canta à capela, a voz é esticada aqui e ali e assume com a música uma posição de destaque. Foi um desafio, diz-nos. “mas não imagino a música sem que seja um desafio. É isso mesmo que eu quero. E que, se possível, consiga subir mais um degrau de cada vez. Gosto que as músicas sejam desafiantes e que eu consiga encontrar tonalidades diferentes”.
Para tudo isto, muito terão contribuído os colaboradores do álbum, que vão desde os seus companheiros de sempre Mário Laginha e Sérgio Godinho até nomes mais inusitados, como Filho da Mãe, Kalaf Epalanga, Peixe ou Toty Sa’med. “São jovens, são pessoas que conheço há pouco tempo e que eu desafiei, porque acho que têm coisas para dizer. Acho que esta geração tem muito valor e além disso, faz uma observação da realidade diferente da geração anterior. São pessoas que cresceram já neste meio limbo de dificuldade para mostrarem a sua música. Acredito que eles tenham tido mais dificuldades em se fazerem músicos do que a minha geração. O que têm para dizer é dito de uma forma muito explícita, muito crua, de uma forma que eu também gosto de cantar. Por isso me identifico tanto com eles e gostei tanto de trabalhar com eles.”
Este álbum é um disco feliz, a música dá-lhe essa toada mais alegre entre letras que não são de todo alegres; veja-se 'Aula de Natação’, que fala sobre as fragilidades femininas perante um divórcio. No entanto, e além disso, a maior parte dos autores vem de um universo de música independente que tem uma caracteristica muito portuguesa. que é aquela melancolia “que consigo identificar com o fado. Nós somos naturalmente assim, e esses miúdos todos falam com uma certa tristeza. A música é que dá a todo o álbum esse lado mais feliz”, conclui Cristina Branco.
Alexandra Carita
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