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Cristina Nóbrega: "Comecei a cantar aos 40 anos"

Entrevistas - Outubro 21, 2015
O disco ao vivo de Cristina Nóbrega é lançado nesta quinta-feira, 17 de Dezembro. Pretexto para uma conversa com o PF.

Neste Verão, o Largo de São Carlos em Lisboa encheu-se de gente para ouvir Cristina Nóbrega. O convite do Museu do Fado para cantar em Lisboa foi o primeiro que a vencedora do Prémio Amália Rodrigues de 2009 recebeu em sete anos de carreira. Esse concerto de 29 de Agosto de 2015 dá agora corpo ao álbum Cristina Nóbrega Ao Vivo no Chiado, nas lojas a partir de 17 de Dezembro.

Descreva-nos essa noite de 29 de Agosto.
Uma noite de Verão. Eu estava muito contente. Ao fim de hora e meia de concerto canto Povo Que Lavas no Rio, estava o largo cheio, e não se ouvia ninguém a falar. As pessoas estavam ali na rua há hora e meia e não falavam. É um momento que levo comigo.

O disco começa com sons de Lisboa: o amolador de facas, as varinas. É um tributo à cidade?
Sim, é uma homenagem. Começámos com esse momento, depois seguimos pelo fado, parámos no jazz e continuámos com um fado com um cariz mais brasileiro.

Como escolheu os 17 temas que o compõem?
Houve partes que foram cortadas porque o concerto foi muito longo. Os critérios foram juntar temas do meu repertório e outros que ainda não tinha gravado, com clássicos do cancioneiro popular.

Sempre cantou, mas só descobriu o fado aos 21 anos.
É quando assisto aos 50 anos da Amália no Coliseu. Ver a Amália entrar foi inesquecível. Ela é a grande vedeta. Se houve uma rainha em Portugal foi a Amália Rodrigues - a rainha descalça. Um supremo talento. Chorámos imenso... Lisboa a cantar... era uma coisa impressionante. Aquele concerto marcou-me. No dia seguinte pus os LPs da minha mãe e passei o resto da minha vida a ouvir Amália.

Como concilia uma vida profissional preenchida [é consultora numa empresa de telecomunicações] e ser mãe com uma carreira artística?
Não é fácil, é preciso ter uma boa gestão, muita energia, e sobretudo é preciso gostar muito do que se faz. Comecei a cantar aos 40 anos e já tinha uma vida completamente estruturada num outro sentido. O que fiz foi integrar aquilo que é a música - a minha paixão - na minha vida já construída. E assim sigo.



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