Francisco Salvação Barreto: "Tive a sorte de ter amigos muito talentosos a escrever para mim"
Interviews - Junho 10, 2019
Camané disse sobre Francisco Salvação Barreto: "Este é o primeiro disco, mas não é o disco de um principiante".
Depois de em novembro ter esgotado o Jardim de Inverno do Teatro São Luiz, em Lisboa, aquando do lançamento do primeiro disco Horas da Vida, Francisco Salvação Barreto sobe amanhã a um dos maiores palcos da capital, o CCB, para um concerto integrado no ciclo "Há Fado no Cais".
Aos 37 anos, estreou-se tarde nos discos, como o próprio reconhece nesta entrevista ao DN, mas não é um novato nestas andanças, pois como escreveu Camané, no texto de apresentação de Horas da Vida, "este é o primeiro disco, mas não é o disco de um principiante". Há anos que canta na casa de fados Senhor Vinho, onde trabalha com "a amiga Aldina Duarte", autora de uma das letras do álbum de estreia, no qual autores como João Monge, Maria do Rosário Pedreira e José Luís Gordo coabitam com as palavras eternas de Fernando Pessoa ou Miguel Torga. Porém, neste concerto, no qual será acompanhado por um trio de fado clássico, composto por Pedro Amendoeira na guitarra portuguesa, Rogério Ferreira na viola e Francisco Gaspar na viola baixo, haverá também tempo para ir um pouco mais atrás, "numa viagem musical" pela obra de nomes como João Pereira Rosa, Manuel Almeida, Carlos Ramos ou Rodrigo, que Francisco Salvação Barreto aponta como as suas "principais referências".
Que significado tem para um fadista habituado a atuar em casas de fado chegar a um palco como o do CCB?
Sente-se uma responsabilidade enorme e por isso quisemos aproveitar a oportunidade para fazer algo mais, que não fosse só a interpretação do disco. Vamos também fazer uma viagem musical pelas minhas principais referências enquanto fadista, através de temas de João Ferreira Rosa, Manuel de Almeida, Carlos Ramos e Rodrigo.
No álbum de estreia Horas da Vida, optou no entanto por cantar mais inéditos...
Sim, por que preferi criar um repertório meu para o meu disco de estreia, que acabou por ser editado já um pouco tardiamente, reconheço. Tive a sorte de ter amigos muito talentosos, que me conhecem muito bem e à minha forma de cantar, a escrever para mim, como é o caso da Aldina Duarte ou do José Luís Gordo, com quem trabalho todos os dias na casa de fados Senhor Vinho. Mas por outro lado também fiz questão de ir buscar coisas mais antigas, como é o caso do single que dá nome ao disco, Horas da Vida, da autoria de Manuel de Andrade, um letrista cantado por muita gente. Ou ainda de musicar um poema do Fernando Pessoa e outro do Miguel Torga.
Apesar de já cantar o fado há tanto tempo, porque é que só editou um disco agora, aos 37 anos?
Porque agora é que talvez tenha chegado a altura certa. As minhas principais referências, que atrás referi, são avassaladoras e sentia que, em comparação com eles, tinha muito pouco a acrescentar. Antes de avançar para um disco queria criar um estilo e uma forma de cantar só minha. Por outro lado, também haveria aqui alguma cobardia da minha parte (risos) e se calhar foi isso que me fez avançar agora. Se fosse preciso levar porrada, levava, mas não podia deixar de o fazer agora.
Além de cantar o fado, é também arquiteto paisagista, como é que estes dois mundos coabitam?
De uma forma perfeitamente natural. Cada um de nós não é apenas uma coisa. Sou pai, marido, arquiteto e fadista. Tudo isto não só me define enquanto pessoa, mas também como artista. Tudo influencia o resto, porque a vida, tal como o fado, não é uma coisa estanque.
Aos 37 anos, estreou-se tarde nos discos, como o próprio reconhece nesta entrevista ao DN, mas não é um novato nestas andanças, pois como escreveu Camané, no texto de apresentação de Horas da Vida, "este é o primeiro disco, mas não é o disco de um principiante". Há anos que canta na casa de fados Senhor Vinho, onde trabalha com "a amiga Aldina Duarte", autora de uma das letras do álbum de estreia, no qual autores como João Monge, Maria do Rosário Pedreira e José Luís Gordo coabitam com as palavras eternas de Fernando Pessoa ou Miguel Torga. Porém, neste concerto, no qual será acompanhado por um trio de fado clássico, composto por Pedro Amendoeira na guitarra portuguesa, Rogério Ferreira na viola e Francisco Gaspar na viola baixo, haverá também tempo para ir um pouco mais atrás, "numa viagem musical" pela obra de nomes como João Pereira Rosa, Manuel Almeida, Carlos Ramos ou Rodrigo, que Francisco Salvação Barreto aponta como as suas "principais referências".
Que significado tem para um fadista habituado a atuar em casas de fado chegar a um palco como o do CCB?
Sente-se uma responsabilidade enorme e por isso quisemos aproveitar a oportunidade para fazer algo mais, que não fosse só a interpretação do disco. Vamos também fazer uma viagem musical pelas minhas principais referências enquanto fadista, através de temas de João Ferreira Rosa, Manuel de Almeida, Carlos Ramos e Rodrigo.
No álbum de estreia Horas da Vida, optou no entanto por cantar mais inéditos...
Sim, por que preferi criar um repertório meu para o meu disco de estreia, que acabou por ser editado já um pouco tardiamente, reconheço. Tive a sorte de ter amigos muito talentosos, que me conhecem muito bem e à minha forma de cantar, a escrever para mim, como é o caso da Aldina Duarte ou do José Luís Gordo, com quem trabalho todos os dias na casa de fados Senhor Vinho. Mas por outro lado também fiz questão de ir buscar coisas mais antigas, como é o caso do single que dá nome ao disco, Horas da Vida, da autoria de Manuel de Andrade, um letrista cantado por muita gente. Ou ainda de musicar um poema do Fernando Pessoa e outro do Miguel Torga.
Apesar de já cantar o fado há tanto tempo, porque é que só editou um disco agora, aos 37 anos?
Porque agora é que talvez tenha chegado a altura certa. As minhas principais referências, que atrás referi, são avassaladoras e sentia que, em comparação com eles, tinha muito pouco a acrescentar. Antes de avançar para um disco queria criar um estilo e uma forma de cantar só minha. Por outro lado, também haveria aqui alguma cobardia da minha parte (risos) e se calhar foi isso que me fez avançar agora. Se fosse preciso levar porrada, levava, mas não podia deixar de o fazer agora.
Além de cantar o fado, é também arquiteto paisagista, como é que estes dois mundos coabitam?
De uma forma perfeitamente natural. Cada um de nós não é apenas uma coisa. Sou pai, marido, arquiteto e fadista. Tudo isto não só me define enquanto pessoa, mas também como artista. Tudo influencia o resto, porque a vida, tal como o fado, não é uma coisa estanque.
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