Mariza brilhou na noite tripeira
Archive - Agosto 30, 2007
Naquele que foi o penúltimo espectáculo da digressão "Lugares com
História", a artista foi protagonista de um encontro
perfeito entre a Orquestra Sinfonietta de Lisboa e os três músicos que
a rodeavam.
"São concertos como este que me carregam
as baterias e me fazem viajar e levar a cultura portuguesa a todo o
mundo. Porque vocês são a verdadeira gente da minha terra". As palavras
de Mariza, anteontem à noite durante o espectáculo no Pavilhão Rosa
Mota, no Porto, exprimem a emoção que a fadista viveu e transmitiu
desde o primeiro momento.
A troca do intimismo de um "lugar com história" como a arejada Praça da Cordoaria, e a sua substituição pelo Palácio de Cristal (havia ameaça de chuva...), não foi suficiente para comprometer a noite. Ainda assim, muitos foram aqueles que à hora do concerto aguardavam impacientes em filas intermináveis.
Naquele que foi o penúltimo espectáculo da digressão "Lugares com História", a artista foi protagonista de um encontro perfeito entre a Orquestra Sinfonietta de Lisboa e os três músicos que a rodeavam.
Num elegante vestido negro, Mariza chegou à boca de cena ao som de "Loucura". Cantava "Esta voz tão dolorida é culpa de todos vós poetas da minha vida", quando uma explosão de palmas fê-la dar passos pequenos, amedrontados de comoção. Arriscou dizer: "É indiscritível o que estou a sentir. É o primeiro concerto que dou que tem esta atitude. É a energia das gentes do Norte".
De repente, o palco que servia de cenário à fadista - que obteve, em 2003, o prémio de melhor artista da Europa, no âmbito dos Prémios para a World Music atribuídos pela BBC Radio 3 -, transformou-se na típica "taberninha da Mouraria", onde aos cinco anos "vendia copos de vinho ao balcão" e "aprendia os poemas dos fados através de bandas desenhadas" feitas pelo seu pai.
Mariza lembrou ainda "vozes que a influenciaram" - como a de Fernando Maurício e Amália Rodrigues -, para logo de seguida interpretar "Duas lágrimas de orvalho", primeiro fado que se lembra de ter ouvido cantar, servido em jeito de "homenagem ao querido Carlos do Carmo".
Em palco, Mariza é uma estrela maior. Brilha na intensidade do poema de Fernando Pessoa, "Há uma música do povo", estende-se na alegria, que puxa à dança, de "Maria Lisboa" e "Feira de Castro", e abre espaço ao arrepio da guitarra de Luís Guerreiro.
Torna-se simples perceber como a plateia do Carnegie Hall - a conceituada sala de espectáculos de Nova Iorque recebe-a novamente a 28 de Outubro; o cenário será exclusivamente desenhado pelo arquitecto Frank Gehry -, vibra com a sua voz, mesmo sem perceber a língua. Porque Mariza assume com transparência a garra do palco.
A fadista ainda oferece "Barco negro", numa versão que foge do clássico, e rodopia de braços abertos ao som de "Meu fado meu" - "Um dia ainda filmo um concerto no Porto para que todos possam ver o que é o carinho", disse a artista extasiada perante mais de três mil pessoas .
A fadista chega mais perto do público para brindar com o aguardado "Ó gente da minha terra". O público sobe às cadeiras e responde com aplausos intensos. Mariza despede-se emocionada e promete "voltar ao Porto para um concerto ao ar livre".
A troca do intimismo de um "lugar com história" como a arejada Praça da Cordoaria, e a sua substituição pelo Palácio de Cristal (havia ameaça de chuva...), não foi suficiente para comprometer a noite. Ainda assim, muitos foram aqueles que à hora do concerto aguardavam impacientes em filas intermináveis.
Naquele que foi o penúltimo espectáculo da digressão "Lugares com História", a artista foi protagonista de um encontro perfeito entre a Orquestra Sinfonietta de Lisboa e os três músicos que a rodeavam.
Num elegante vestido negro, Mariza chegou à boca de cena ao som de "Loucura". Cantava "Esta voz tão dolorida é culpa de todos vós poetas da minha vida", quando uma explosão de palmas fê-la dar passos pequenos, amedrontados de comoção. Arriscou dizer: "É indiscritível o que estou a sentir. É o primeiro concerto que dou que tem esta atitude. É a energia das gentes do Norte".
De repente, o palco que servia de cenário à fadista - que obteve, em 2003, o prémio de melhor artista da Europa, no âmbito dos Prémios para a World Music atribuídos pela BBC Radio 3 -, transformou-se na típica "taberninha da Mouraria", onde aos cinco anos "vendia copos de vinho ao balcão" e "aprendia os poemas dos fados através de bandas desenhadas" feitas pelo seu pai.
Mariza lembrou ainda "vozes que a influenciaram" - como a de Fernando Maurício e Amália Rodrigues -, para logo de seguida interpretar "Duas lágrimas de orvalho", primeiro fado que se lembra de ter ouvido cantar, servido em jeito de "homenagem ao querido Carlos do Carmo".
Em palco, Mariza é uma estrela maior. Brilha na intensidade do poema de Fernando Pessoa, "Há uma música do povo", estende-se na alegria, que puxa à dança, de "Maria Lisboa" e "Feira de Castro", e abre espaço ao arrepio da guitarra de Luís Guerreiro.
Torna-se simples perceber como a plateia do Carnegie Hall - a conceituada sala de espectáculos de Nova Iorque recebe-a novamente a 28 de Outubro; o cenário será exclusivamente desenhado pelo arquitecto Frank Gehry -, vibra com a sua voz, mesmo sem perceber a língua. Porque Mariza assume com transparência a garra do palco.
A fadista ainda oferece "Barco negro", numa versão que foge do clássico, e rodopia de braços abertos ao som de "Meu fado meu" - "Um dia ainda filmo um concerto no Porto para que todos possam ver o que é o carinho", disse a artista extasiada perante mais de três mil pessoas .
A fadista chega mais perto do público para brindar com o aguardado "Ó gente da minha terra". O público sobe às cadeiras e responde com aplausos intensos. Mariza despede-se emocionada e promete "voltar ao Porto para um concerto ao ar livre".
Marta Neves
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