Telmo Pires - Através do Fado
Discos - Março 06, 2020
Depois de ‘Fado Promessa’, em 2012 e ‘Ser Fado’, em 2015,’Através do Fado’ é o terceiro álbum gravado e produzido em Portugal.
Aqui Telmo Pires, assume também a responsabilidade de coprodutor, ao lado de Davide Zaccaria, músico e produtor dos álbuns anteriores.
Nos últimos anos, Telmo Pires foi conquistando o público e os media pela Europa, sendo o seu nome associado não só a uma nova voz, mas também a uma nova imagem e postura no Fado contemporâneo.
O fadista assume um processo criativo muito íntimo e próprio. Telmo Pires confidencia que a sua arte advém do seu crescimento enquanto artista e enquanto ser humano: «Tudo o que faço é, e sempre foi, uma evolução muito orgânica. Seja no meu percurso artístico ou na minha vida pessoal. Uma coisa está sempre ligada à outra. Cada novo trabalho reflete, também, um novo ponto de vista, uma nova marca na minha vida. Eu vejo a vida, a arte, o amor, a “minha” cidade através do meu próprio Fado. Daí o título do álbum.»
Um fado/destino que o fez abandonar a Bragança natal rumo à Alemanha, ainda com poucos anos de vida. Em Berlim, Telmo Pires cresceu e tomou contacto com a cultura cosmopolita da capital germânica. Aqui iniciou o seu percurso artístico, mas a saudade tão portuguesa, tão do Fado, fê-lo voltar a Portugal. No Bairro da Graça, um dos mais típicos de Lisboa, encontrou o apaziguamento e a inquietude tão singulares do Fado. É esse sentimento ímpar, em simbiose com a experiência cosmopolita do centro da Europa, que faz com que Telmo Pires encha salas em um pouco por todo o Velho Continente, como aconteceu na sua última digressão pela Alemanha, em novembro, onde reuniu perto de um milhar de pessoas na sala da Filarmónica de Berlim.
‘Através do Fado’ é um álbum puro. O fadista preferiu gravar em estúdio ao vivo, com os músicos que o acompanharam nos palcos, e sempre sob orientação de Davide Zaccaria. Guitarra portuguesa, viola e baixo. Telmo Pires confessa que esta é a forma mais simples e direta de “transportar” o seu Fado na sua essência. Com uma exceção: “Uma flor de verde pinho", de Manuel Alegre e José Niza. Tema que, admite, “queria cantar há tantos anos”, mas que só agora é que se sente “maduro" e adulto o suficiente para o poder fazer. Aqui, pediu ao produtor Zaccaria para escrever e gravar um novo arranjo de cordas. E assim fez.
Telmo escolheu dois temas/poemas inéditos seus para abrir e fechar o álbum. “Só o meu canto", uma melodia forte, sobre a reflexão de que nada nos pertence, que tudo na vida é-nos somente emprestado e que permite ao fadista mostrar, mais uma vez, as suas qualidades e capacidades, não apenas como intérprete, mas também como cantautor. Fecha com o poema “No espelho", cantado no “Fado Vianinha” de Francisco Viana. Sozinho, à capela, como se tivesse sido abandonado pelo mundo e pela vida. A captação do momento, como se fosse uma fotografia, de um homem que vê e que aceita, que é feito de todas as experiências, mágoas e alegrias do passado, mas que não pode e não quer ignorar o mais importante: o presente.
O novo álbum engloba, também, vários autores contemporâneos. Exemplo disso, o belíssimo poema “Sem peso ou medida" de Tiago Torres da Silva, cantado no “Fado Cravo” de Alfredo Marceneiro, ou “Não sou nascido do Fado" da autoria da cantora, fadista e amiga Ana Laíns. Telmo canta estes versos no “Fado Lopes" de Mário José Lopes, que ganham a máxima expressão e parecem ter sido criados para ele, para o seu jeito e forma de interpretar.
Com “Era uma vez" Telmo criou um Fado canção melódico “que entra logo no ouvido e lá permanece” devido ao seu ritmo e simplicidade. Um Fado que convida a dançar, atual, cuja letra critica e fala ironicamente da situação que se vive na, para ele, “cidade mais linda do mundo":
«Era uma vez, toda a gente se juntava, para à noite ir à farra lá na tasca do Marquês', mas hoje em dia, está tudo remodelado, neste hostel não há fado nem se percebe português"!»
Com ‘Através do Fado’, Telmo Pires sublinha, de forma impressionante, o lugar especial que ocupa no universo do Fado contemporâneo.
Nos últimos anos, Telmo Pires foi conquistando o público e os media pela Europa, sendo o seu nome associado não só a uma nova voz, mas também a uma nova imagem e postura no Fado contemporâneo.
O fadista assume um processo criativo muito íntimo e próprio. Telmo Pires confidencia que a sua arte advém do seu crescimento enquanto artista e enquanto ser humano: «Tudo o que faço é, e sempre foi, uma evolução muito orgânica. Seja no meu percurso artístico ou na minha vida pessoal. Uma coisa está sempre ligada à outra. Cada novo trabalho reflete, também, um novo ponto de vista, uma nova marca na minha vida. Eu vejo a vida, a arte, o amor, a “minha” cidade através do meu próprio Fado. Daí o título do álbum.»
Um fado/destino que o fez abandonar a Bragança natal rumo à Alemanha, ainda com poucos anos de vida. Em Berlim, Telmo Pires cresceu e tomou contacto com a cultura cosmopolita da capital germânica. Aqui iniciou o seu percurso artístico, mas a saudade tão portuguesa, tão do Fado, fê-lo voltar a Portugal. No Bairro da Graça, um dos mais típicos de Lisboa, encontrou o apaziguamento e a inquietude tão singulares do Fado. É esse sentimento ímpar, em simbiose com a experiência cosmopolita do centro da Europa, que faz com que Telmo Pires encha salas em um pouco por todo o Velho Continente, como aconteceu na sua última digressão pela Alemanha, em novembro, onde reuniu perto de um milhar de pessoas na sala da Filarmónica de Berlim.
‘Através do Fado’ é um álbum puro. O fadista preferiu gravar em estúdio ao vivo, com os músicos que o acompanharam nos palcos, e sempre sob orientação de Davide Zaccaria. Guitarra portuguesa, viola e baixo. Telmo Pires confessa que esta é a forma mais simples e direta de “transportar” o seu Fado na sua essência. Com uma exceção: “Uma flor de verde pinho", de Manuel Alegre e José Niza. Tema que, admite, “queria cantar há tantos anos”, mas que só agora é que se sente “maduro" e adulto o suficiente para o poder fazer. Aqui, pediu ao produtor Zaccaria para escrever e gravar um novo arranjo de cordas. E assim fez.
Telmo escolheu dois temas/poemas inéditos seus para abrir e fechar o álbum. “Só o meu canto", uma melodia forte, sobre a reflexão de que nada nos pertence, que tudo na vida é-nos somente emprestado e que permite ao fadista mostrar, mais uma vez, as suas qualidades e capacidades, não apenas como intérprete, mas também como cantautor. Fecha com o poema “No espelho", cantado no “Fado Vianinha” de Francisco Viana. Sozinho, à capela, como se tivesse sido abandonado pelo mundo e pela vida. A captação do momento, como se fosse uma fotografia, de um homem que vê e que aceita, que é feito de todas as experiências, mágoas e alegrias do passado, mas que não pode e não quer ignorar o mais importante: o presente.
O novo álbum engloba, também, vários autores contemporâneos. Exemplo disso, o belíssimo poema “Sem peso ou medida" de Tiago Torres da Silva, cantado no “Fado Cravo” de Alfredo Marceneiro, ou “Não sou nascido do Fado" da autoria da cantora, fadista e amiga Ana Laíns. Telmo canta estes versos no “Fado Lopes" de Mário José Lopes, que ganham a máxima expressão e parecem ter sido criados para ele, para o seu jeito e forma de interpretar.
Com “Era uma vez" Telmo criou um Fado canção melódico “que entra logo no ouvido e lá permanece” devido ao seu ritmo e simplicidade. Um Fado que convida a dançar, atual, cuja letra critica e fala ironicamente da situação que se vive na, para ele, “cidade mais linda do mundo":
«Era uma vez, toda a gente se juntava, para à noite ir à farra lá na tasca do Marquês', mas hoje em dia, está tudo remodelado, neste hostel não há fado nem se percebe português"!»
Com ‘Através do Fado’, Telmo Pires sublinha, de forma impressionante, o lugar especial que ocupa no universo do Fado contemporâneo.
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