Edição remasterizada de "Busto" chega ao mercado no próximo dia 26
Arquivo - Novembro 12, 2021


O álbum "Busto" (1962), de Amália Rodrigues, volta aos escaparates no final do mês, em CD, numa edição que inclui outras gravações em estúdio da mesma época, assim como ensaios, uma atuação em Monte Carlo e uma entrevista.
A edição remasterizada a partir das bobinas originais da integral das sessões do LP "Busto", surge no âmbito do projeto de recuperação das gravações de Amália Rodrigues, liderado por Frederico Santiago, e é publicada no próximo dia 26.
A edição em três CD "Amália Rodrigues" inclui o álbum "Busto", no seu alinhamento original, e todos os fados gravados nas mesmas sessões, que deram origem a outros dois LP: "Amália 1963" e "Amalia for Your Delight".
O terceiro CD inclui outro material complementar, parte dele inédito, gravado nessa época das sessões do "Busto". Para o próximo dia 26, está também prevista a saída de uma "edição especial" que inclui um DVD com um recital de Amália na RTP, em 1961, no qual apresentou este novo repertório.
Em declarações à agência Lusa, Frederico Santiago referiu que "Busto" foi gravado "em várias sessões, que foram acontecendo entre 1960 e 1962, no Teatro Taborda, [em Lisboa], numa altura em que Amália, primeiro noiva e depois recém-casada com César Seabra, passava grandes temporadas no Brasil. Nas vindas à Europa ela não parava. Em 1960, por exemplo, Amália esteve duas semanas a atuar no Bobino, em Paris, depois atuou vários dias em Madrid, partiu para a Tunísia e para a Argélia, onde atuou em várias cidades; depois atuou uma semana em Bruxelas e partiu para a Grécia, voltando a Paris para duas semanas no Olympia. E ainda estamos no início de maio!"
"A dimensão da carreira de Amália é tão desconhecida como inacreditável", referindo em seguida o investigador: "Se o ano do casamento [1961] é mais calmo, a partir do verão de 1962, exatamente quando o LP 'Busto' é pela primeira vez editado [no Reino Unido], volta ao mesmo frenesim artístico, atuando em Espanha, Angola, França e no prestigiadíssimo Festival de Edimburgo".
Frederico Santiago referiu-se ao álbum como "de uma grande e eterna modernidade", resultante do encontro de Amália com o compositor luso-francês Alain Oulman.
A par das composições de Oulman, Amália gravou os dois fados tradicionais que mais marcaram a sua carreira, "Povo que Lavas no Rio", com poema de Pedro Homem de Mello adaptado por Amália, no Fado Vitória, de Joaquim Campos, e "Estranha Forma de Vida", de sua autoria, que gravou na melodia do Fado Bailado, de Alfredo Marceneiro.
Frederico Santiago não tem dúvidas, este é "um momento refundador da música portuguesa".
A relação de Amália com o compositor luso-francês tinha começado em Paris, em 1959, quando este lhe apresentou uma melodia que tinha feito para ela. Amália aconselhou-o a falar com o poeta Luís de Macedo, pseudónimo literário do diplomata Chaves de Oliveira, para lhe escrever a letra. Nasceria "Vagamundo". "Só depois, no verão [de 1959], Oulman veio a Portugal e aconteceu o tão falado encontro entre os dois, num acampamento na Ericeira", nos arredores de Lisboa.
Nesse mesmo verão, Amália já incluiu "Vagamendo" (Luís Macedo/A. Oulman) nos seus espetáculos da digressão que fez pela Côte d' Azur, no sul de França, nomeadamente em Monte Carlo. Graças "a uma gravação particular" esse registo é incluído entre os extras desta nova edição em CD do "Busto".