Memória do Mundo. Processo de inscrição das gravações de Amália entregue
Arquivo - Dezembro 02, 2021


"A documentação necessária para instrução do processo de inscrição das gravações originais de Amália Rodrigues realizadas para a Valentim de Carvalho, entre cerca de 1943 e 1990, encontra-se já na UNESCO [organização com sede em Paris], onde será avaliada enquanto candidata a 'Memória do Mundo'", afirma em comunicado o Ministério da Cultura, que promove a candidatura preparada pela equipa de instalação do Arquivo Nacional do Som (ANS), em articulação com a empresa fonográfica Valentim de Carvalho.
O ministério de Graça Fonseca afirma que esta candidatura, anunciada em outubro último, se "enquadra no plano de celebrações do centenário de Amália Rodrigues (1920-1999) e no plano estratégico de valorização do património sonoro nacional enquanto elemento fundamental da cultura em Portugal, com relevância nacional, mas também mundial".
A proposta portuguesa "pretende ver reconhecido, como parte do programa 'Memória do Mundo', um conjunto de 354 fitas magnéticas e oito 'discos instantâneos', gravados por Amália Rodrigues entre cerca de 1943 e 1990".
Segundo o Ministério, "esta coleção documenta toda a atividade de estúdio de Amália, nomeadamente os 'masters de produção', as sessões de gravação, os ensaios, concertos, participações em programas de rádio e entrevistas, além de experiências técnicas (de mistura)" mas além das interpretações da artista, a coleção documenta também "os processos criativos no seio das indústrias da música, o trabalho técnico que serve de base a qualquer fonograma publicado e as próprias mudanças tecnológicas que ocorreram ao longo do século XX".
O ministério enfatiza a "variedade" que "faz desta coleção de documentos únicos, um dos mais bem documentados conjuntos de gravações de um artista com esta dimensão internacional e que tem a sua face pública nas muitas centenas de publicações em muitos países".
Estas caracteristicas dão à coleção apresentada "um valor documental de dimensão mundial", sublinha o Ministério da Cultura que quer ainda "alertar para a importância do som gravado enquanto documento e a fragilidade dos suportes, como são os 'discos instantâneos' e as fitas-magnéticas".
Amália Rodrigues protagonizou a mais fulgurante carreira musical do século XX em Portugal.
O escritor Miguel Esteves Cardoso e o editor discográfico David Ferreira justificaram à Lusa este êxito, dentro e além-fronteiras, como revelador da sua voz e da "inteligência com que Amália cantava".