Carlos do Carmo celebrado como "mestre" e "amigo"
Concertos - Dezembro 22, 2021
Tributo ao fadista na Altice Arena contou com os préstimos de Camané, Pedro Abrunhosa ou Jorge Palma, entre muitos outros.
Na noite de 21 de dezembro, festejou-se o 82º aniversário de Carlos do Carmo na lisboeta Altice Arena, com um variado leque de convidados que foi bem representativo do que foi a vida do fadista, sempre com um pé noutra forma musical.
Os 11 artistas do cartaz iam-se revezando, com pequeníssimos intervalos. Quem se mantinha firme era o trio de instrumentistas que acompanhou Carlos do Carmo neste século: José Manuel Neto na guitarra portuguesa, Carlos Manuel Proença na viola clássica e José Marino Freitas no baixo acústico. Atrás, um ecrã ia projetando fotografias muito fortes de Carlos do Carmo, desde menino às fases mais graúdas, incluindo o seu ciclo final.
Diante de cerca de seis mil pessoas na Altice Arena, o espectáculo de tributo começou com um solo de harmónica poderoso do espanhol António Serrano. A dança dos beiços pela harmónica, com a mão direita a entrelaçar o microfone, dá uma curiosa atmosfera de tango, que faz uma incursão por 'Lisboa Menina e Moça' e, uma hora mais tarde, 'Os Putos'.
Carlos do Carmo, que adorava Cabo Verde, mereceu umas mornas e não só. De boina e franzino, de guitarra acústica ao peito, Tito Paris veio com os temperos quentes de África naquela tão comovente rouquidão que deixa à vista as feridas da alma. Dino D?Santiago foi o mais ousado, ao transportar Os Putos para um cenário mais eletrónico, repleto de programações. O público reagiu bem à ousadia e brindou Dino D?Santiago com uma grande ovação.
Também de outros géneros, Agir, Pedro Abrunhosa e Jorge Palma foram também bastante tocantes nas formas como homenagearam alguém que bem conheciam pessoalmente como Carlos do Carmo. Filho de Paulo de Carvalho, que foi um dos compositores mais importantes de Carlos do Carmo, Agir surpreendeu pelo registo mais introspetivo, quando acompanhado pelo piano, tendo cantado num registo baladeiro Olhos Garotos. Logo a seguir, coube-lhe a ele a honra de cantar O Homem das Castanhas, o tema de Carlos do Carmo que mais interacção inspira com o público no refrão - e esta noite, não foi exceção. Visivelmente emocionado, Pedro Abrunhosa falou de Carlos do Carmo como um "franco amigo", pegando no tema que escreveu para Carlos do Carmo, 'Manhã', e revirando um clássico do seu gosto, Fado do Campo Grande, apimentando-o com um som rock malandro da guitarra elétrica e revestindo-o de várias camadas. O público gostou da surpresa e aplaudiu calorosamente. Jorge Palma trouxe as várias folhas de pauta, a simpatia humana e algumas histórias passadas com Carlos do Carmo, incluindo o pedido tantas vezes repetido de uma canção. Jorge Palma foi a tempo e deu-lhe a Canção de Vida, essa mesmo que cantou nesta noite ao piano de cauda, a que se seguiu uma crónica urbana ao seu jeito: Um Homem na Cidade.
O fado esteve muito bem representado. As vozes masculinas, que eram uma predileção de Carlos do Carmo, fizeram-se ouvir. Marco Rodrigues cantou Por Morrer uma Andorinha e um Bairro Alto muito ritmado por palmas. Ricardo Ribeiro agigantou o pulmão dos fados Estrela da Tarde e Canoas do Tejo. Camané mostrou a sua elegância vocal nos temas Vim para o Fado e Duas Lágrimas De Orvalho, ele que lembrou os aniversários colados entre ele (20 de dezembro) e o de Carlos do Carmo (no dia 21). Mariza [por via de Júlia Florista e Loucura (Sou do fado)] e Carminho [pelas interpretações de O Que Sobrou De Um Queixume e do clássico amaliano Gaivota] mostraram a sua omnipotência vocal de grandes cantoras internacionais.
Lisboa Menina e Moça foi a esperada apoteose final, com todos juntos em palco a cantar o tema, incluindo o público, com a ajuda cábula da letra no ecrã.
Os 11 artistas do cartaz iam-se revezando, com pequeníssimos intervalos. Quem se mantinha firme era o trio de instrumentistas que acompanhou Carlos do Carmo neste século: José Manuel Neto na guitarra portuguesa, Carlos Manuel Proença na viola clássica e José Marino Freitas no baixo acústico. Atrás, um ecrã ia projetando fotografias muito fortes de Carlos do Carmo, desde menino às fases mais graúdas, incluindo o seu ciclo final.
Diante de cerca de seis mil pessoas na Altice Arena, o espectáculo de tributo começou com um solo de harmónica poderoso do espanhol António Serrano. A dança dos beiços pela harmónica, com a mão direita a entrelaçar o microfone, dá uma curiosa atmosfera de tango, que faz uma incursão por 'Lisboa Menina e Moça' e, uma hora mais tarde, 'Os Putos'.
Carlos do Carmo, que adorava Cabo Verde, mereceu umas mornas e não só. De boina e franzino, de guitarra acústica ao peito, Tito Paris veio com os temperos quentes de África naquela tão comovente rouquidão que deixa à vista as feridas da alma. Dino D?Santiago foi o mais ousado, ao transportar Os Putos para um cenário mais eletrónico, repleto de programações. O público reagiu bem à ousadia e brindou Dino D?Santiago com uma grande ovação.
Também de outros géneros, Agir, Pedro Abrunhosa e Jorge Palma foram também bastante tocantes nas formas como homenagearam alguém que bem conheciam pessoalmente como Carlos do Carmo. Filho de Paulo de Carvalho, que foi um dos compositores mais importantes de Carlos do Carmo, Agir surpreendeu pelo registo mais introspetivo, quando acompanhado pelo piano, tendo cantado num registo baladeiro Olhos Garotos. Logo a seguir, coube-lhe a ele a honra de cantar O Homem das Castanhas, o tema de Carlos do Carmo que mais interacção inspira com o público no refrão - e esta noite, não foi exceção. Visivelmente emocionado, Pedro Abrunhosa falou de Carlos do Carmo como um "franco amigo", pegando no tema que escreveu para Carlos do Carmo, 'Manhã', e revirando um clássico do seu gosto, Fado do Campo Grande, apimentando-o com um som rock malandro da guitarra elétrica e revestindo-o de várias camadas. O público gostou da surpresa e aplaudiu calorosamente. Jorge Palma trouxe as várias folhas de pauta, a simpatia humana e algumas histórias passadas com Carlos do Carmo, incluindo o pedido tantas vezes repetido de uma canção. Jorge Palma foi a tempo e deu-lhe a Canção de Vida, essa mesmo que cantou nesta noite ao piano de cauda, a que se seguiu uma crónica urbana ao seu jeito: Um Homem na Cidade.
O fado esteve muito bem representado. As vozes masculinas, que eram uma predileção de Carlos do Carmo, fizeram-se ouvir. Marco Rodrigues cantou Por Morrer uma Andorinha e um Bairro Alto muito ritmado por palmas. Ricardo Ribeiro agigantou o pulmão dos fados Estrela da Tarde e Canoas do Tejo. Camané mostrou a sua elegância vocal nos temas Vim para o Fado e Duas Lágrimas De Orvalho, ele que lembrou os aniversários colados entre ele (20 de dezembro) e o de Carlos do Carmo (no dia 21). Mariza [por via de Júlia Florista e Loucura (Sou do fado)] e Carminho [pelas interpretações de O Que Sobrou De Um Queixume e do clássico amaliano Gaivota] mostraram a sua omnipotência vocal de grandes cantoras internacionais.
Lisboa Menina e Moça foi a esperada apoteose final, com todos juntos em palco a cantar o tema, incluindo o público, com a ajuda cábula da letra no ecrã.
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