Vinte anos, sim é muito...
Concertos - Agosto 02, 2022
XX Festival de Fados de Castilla e León - Zamora - 26.07.22
A conhecida canção de tango "Volver" diz-nos que "vinte anos não são nada", e se considerarmos os paralelos notáveis e numerosos entre o fado e o tango, este fim de semana passado, em Zamora, no Festival de Fados da FRAH, ocorreu uma notável paradoxo porque vinte anos de festival são muitos. O Tango e o Fado se desenvolveram e se espalharam quase ao mesmo tempo pelo mundo na primeira metade do século XX, devido ao seu valor musical e à notável força de suas duas figuras universais semelhantes: Carlos Gardel da Argentina no Tango e Amália Rodrigues de Portugal com o Fado. Fado e Tango cantam apaixonadamente o amor e o desamor em experiências intimamente compartilhadas com o público em pequenos palcos de taberna; nesse lamento musical da voz e do instrumento protagonizado pelo bandoneón para o tango e pela guitarra portuguesa para o fado. A diferença fundamental é que o Tango é dançado e o Fado nunca, mas, de outra forma, podem ser encontrados muitos detalhes de semelhança.
Mas aqui e agora, poderíamos dizer que os vinte anos de "nada" do tango são, pelo contrário, um "muito" para o Fado em Zamora. Na frescura da noite, à beira do Douro, nos jardins da Fundação Rei Afonso Henriques, onde de forma consecutiva têm ocorrido os festivais, exceto o único e excepcional caso da tempestade que impediu o espetáculo de Misia, programado em 25 de julho de 2012.
E neste fim de semana passado, celebrou-se a vigésima edição, como a anterior da qual, nestas mesmas páginas do La Opinión de Zamora, se dizia: "O Festival de Fado de Castela e Leão é uma sorte, uma dádiva, uma maravilha que não tem nada de ilusão, embora tenha bastante de mágica." Uma maravilha que se repete na alma das centenas de pessoas presentes, com os versos emotivos que, embora talvez nem sempre possam ser compreendidos devido à dificuldade fonética do português cadenciado para os ouvidos castelhanos, são sentidos e vividos na alma, ao lado do também cadenciado Douro, que por um momento se torna Douro.
Ao entardecer, com a companhia na outra margem das antigas e quentes pedras da muralha, a ponte que balança em direção à cidade e a iluminada figura da catedral, as guitarras e as vozes portuguesas tocam nossos corações, com os acordes vibrantes das guitarras e os diálogos de voz e cordas cheios de expressividade e paixão. Além disso, a temporalidade anual acrescenta ao espetáculo musical a experiência da passagem da própria vida, que de alguma forma se concretiza e se celebra, um ano ou mais, ao lado de familiares, amigos e conhecidos de Zamora que "gostam do Fado" e que agradecem a Portugal, aos portugueses e ao português por esse presente.
O presente de dezenas de fadistas e músicos de qualidade artística muito notável, às vezes muito jovens e em outras já devidamente consolidados, que vieram a Zamora, deixaram um pedaço de seus corações e de sua arte, e que também levam a Lisboa, ao Porto e a outros lugares do Fado o nome e o vestígio de uma Zamora que já é muito conhecida nesse mundo artístico. O Festival é um presente da Fundação Rei Afonso Henriques - com José Luis Prada desde o início, junto com seus colaboradores -, da Diputación, da Prefeitura e de algumas Caixas, instituições bancárias e benfeitores culturais que tornam possível a continuidade do Festival. Que, como já foi dito, pode ser considerado uma preciosa dádiva. E é também o presente da saudade, essa saudade qualificada portuguesa que Teixeira de Pascoaes (Amarante, 1878-1952) define como "o desejo da coisa ou criatura amada, que se torna dor pela ausência" e que nos faz continuar desejando. Como já desejamos, desde o sábado à noite, ter o próximo Festival no próximo ano.
Mas aqui e agora, poderíamos dizer que os vinte anos de "nada" do tango são, pelo contrário, um "muito" para o Fado em Zamora. Na frescura da noite, à beira do Douro, nos jardins da Fundação Rei Afonso Henriques, onde de forma consecutiva têm ocorrido os festivais, exceto o único e excepcional caso da tempestade que impediu o espetáculo de Misia, programado em 25 de julho de 2012.
E neste fim de semana passado, celebrou-se a vigésima edição, como a anterior da qual, nestas mesmas páginas do La Opinión de Zamora, se dizia: "O Festival de Fado de Castela e Leão é uma sorte, uma dádiva, uma maravilha que não tem nada de ilusão, embora tenha bastante de mágica." Uma maravilha que se repete na alma das centenas de pessoas presentes, com os versos emotivos que, embora talvez nem sempre possam ser compreendidos devido à dificuldade fonética do português cadenciado para os ouvidos castelhanos, são sentidos e vividos na alma, ao lado do também cadenciado Douro, que por um momento se torna Douro.
Ao entardecer, com a companhia na outra margem das antigas e quentes pedras da muralha, a ponte que balança em direção à cidade e a iluminada figura da catedral, as guitarras e as vozes portuguesas tocam nossos corações, com os acordes vibrantes das guitarras e os diálogos de voz e cordas cheios de expressividade e paixão. Além disso, a temporalidade anual acrescenta ao espetáculo musical a experiência da passagem da própria vida, que de alguma forma se concretiza e se celebra, um ano ou mais, ao lado de familiares, amigos e conhecidos de Zamora que "gostam do Fado" e que agradecem a Portugal, aos portugueses e ao português por esse presente.
O presente de dezenas de fadistas e músicos de qualidade artística muito notável, às vezes muito jovens e em outras já devidamente consolidados, que vieram a Zamora, deixaram um pedaço de seus corações e de sua arte, e que também levam a Lisboa, ao Porto e a outros lugares do Fado o nome e o vestígio de uma Zamora que já é muito conhecida nesse mundo artístico. O Festival é um presente da Fundação Rei Afonso Henriques - com José Luis Prada desde o início, junto com seus colaboradores -, da Diputación, da Prefeitura e de algumas Caixas, instituições bancárias e benfeitores culturais que tornam possível a continuidade do Festival. Que, como já foi dito, pode ser considerado uma preciosa dádiva. E é também o presente da saudade, essa saudade qualificada portuguesa que Teixeira de Pascoaes (Amarante, 1878-1952) define como "o desejo da coisa ou criatura amada, que se torna dor pela ausência" e que nos faz continuar desejando. Como já desejamos, desde o sábado à noite, ter o próximo Festival no próximo ano.
Ángel Garcia Prieto
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