Santa Casa Alfama: “Alfama não envelhece… nestes dias parece mais nova ainda”
Concertos - Setembro 25, 2022
Nos dias 23 e 24 de setembro decorreu o 10º Festival do Fado de Alfama,
anteriormente intitulado “Caixa Alfama” e nas últimas edições “Santa Casa Alfama”.
Este ano apresenta um cartaz menos vistoso que em anos anteriores, mas, ainda assim, interessante e digno de dedicar umas horas a percorrer os vários palcos dispersos pelas vielas de alfama e pela beira rio e desfrutar do fado de todos nós.
Iniciámos a edição de 2022 num dos espaços ex-líbris de Alfama e da nossa Lisboa o emblemático Rooftop do embarcadouro de cruzeiros, projeto do arquiteto João Luís Carrilho da Graça e que foi um dos 40 finalistas do Prémio de Arquitetura Contemporânea da União Europeia.
Este espaço aos pés de Alfama, proporcionou um final de tarde com sol a beijar as colinas e uma vista privilegiada para o bairro dos fadistas, em que tivemos o privilégio de ver uma vez mais, a força do fado que “encheu a casa” para viver o ambiente da castiça “Tasca do Chico”, na qual era inspirado o concerto. Como hábito nesse recanto de Alfama onde tão bem o Chico ou o João Albuquerque nos recebem, houve certame para todos os gostos, do fado canção, o mais habitual nos fadistas atuais, ao fado tradicional, caracterizado pelas raízes no tradicionalismo e na preponderância das guitarras e do enquadramento nos fados … passando ainda pelas já tradicionais marchas acompanhando poemas mais ou menos conhecidos do público.
Quanto ao elenco, composto por Adriano Pina, Cassandra, Filipa Biscaia, Filipe Maltieiro, Joana Carvalhas, João Carlos, Marta Alves, Valéria e Vera Varatojo, tudo fadistas que frequentemente podemos encontrar entre as tascas do Chico de Alfama e do Bairro Alto e que trouxe do que de melhor há desse recanto de Fado… e foi bom, agradou ao público.
É hora de percorrer as vielas desta Lisboa Antiga… porque “Quem vai ao fado meu amor quem vai ao fado… leva no peito algo de estranho a latejar”.
Quanto ao elenco, composto por Adriano Pina, Cassandra, Filipa Biscaia, Filipe Maltieiro, Joana Carvalhas, João Carlos, Marta Alves, Valéria e Vera Varatojo, tudo fadistas que frequentemente podemos encontrar entre as tascas do Chico de Alfama e do Bairro Alto e que trouxe do que de melhor há desse recanto de Fado… e foi bom, agradou ao público.
É hora de percorrer as vielas desta Lisboa Antiga… porque “Quem vai ao fado meu amor quem vai ao fado… leva no peito algo de estranho a latejar”.
“Atira-me uma cantiga de amor…Que diga coisas do fado”
Falando em cantigas de amor que digam coisas do fado e para o fado subiu ao palco Principal do Santa Casa Alfama já passavam das 22:00 uma das maiores referências artísticas do Fado do Sec. XXI, um dos consagrados na escrita de poemas para a elite musical, como Fernando Maurício, Mariza, Ana Moura, Ricardo Ribeiro, António Zambujo, Fábia Rebordão bem como, um dos meninos prodígios de Amália, tendo iniciado a sua carreira com 16 anos pela mão do “Rei do Fado”, seguindo-se a carreira ao lado de Amália Rodrigues e depois… é a carreira que todos sabemos tendo palmilhado até ao estatuto que por mérito próprio ostenta nos dias de hoje, tendo inclusive em 2016 sido condecorado pelo então presidente da república com a Comenda da Ordem do Infante Dom Henrique.
Neste primeiro “grande concerto” desta edição do Santa Casa Alfama, o fadista soube como brincar e aquecer o público lisboeta, tendo desenhado, um concerto timbrado pela simpatia e pelo bem declamar cada palavra, bem como, pela empatia do público para com cada letra. No seu alinhamento percorreu alguns dos sucessos por suas mãos escritos, divagando maioritariamente pelo fado canção, acompanhado, para além da Guitarra Portuguesa, Guitarra e baixo, introduziu violoncelo, violino, piano e até bateria, mas, verdade seja dita… leva consigo o público e fá-lo vibrar das mais velhas às mais novas gerações, fazendo uma “guerra dura ao frio.” E no final de contas, isso é o importante, alegria, espetáculo e transmissão. No entanto, justiça seja feita foi quando puxou pelos galões do fado tradicional, aquele que todos os dias ecoa nas paredes da velhinha Alfama que se viveram os momentos altos da noite. Um deles, já no final do concerto quando num momento que quase daria um quadro de Malhoa, interpreta o tema “Lágrima” uma das imagens de marca de Amália Rodrigues, e com este tema lhe presta a digníssima homenagem.
Terminou a sua atuação neste festival com dois temas maiores do fado dos anos 2000, “Chuva” um poema de sua autoria celebrizado pela voz de Mariza… momento bonito com o recinto já a caminhar para cheio a acompanhar e a emocionar-se com um tema que reveste a palavra mais portuguesa de Portugal “Saudade” e o “Quem vai ao fado” celebrizado por Ana Moura e que retrata um sentimento de quem vai ao Fado… que é como quem diz, quem vai a Alfama.
Falando em cantigas de amor que digam coisas do fado e para o fado subiu ao palco Principal do Santa Casa Alfama já passavam das 22:00 uma das maiores referências artísticas do Fado do Sec. XXI, um dos consagrados na escrita de poemas para a elite musical, como Fernando Maurício, Mariza, Ana Moura, Ricardo Ribeiro, António Zambujo, Fábia Rebordão bem como, um dos meninos prodígios de Amália, tendo iniciado a sua carreira com 16 anos pela mão do “Rei do Fado”, seguindo-se a carreira ao lado de Amália Rodrigues e depois… é a carreira que todos sabemos tendo palmilhado até ao estatuto que por mérito próprio ostenta nos dias de hoje, tendo inclusive em 2016 sido condecorado pelo então presidente da república com a Comenda da Ordem do Infante Dom Henrique.
Neste primeiro “grande concerto” desta edição do Santa Casa Alfama, o fadista soube como brincar e aquecer o público lisboeta, tendo desenhado, um concerto timbrado pela simpatia e pelo bem declamar cada palavra, bem como, pela empatia do público para com cada letra. No seu alinhamento percorreu alguns dos sucessos por suas mãos escritos, divagando maioritariamente pelo fado canção, acompanhado, para além da Guitarra Portuguesa, Guitarra e baixo, introduziu violoncelo, violino, piano e até bateria, mas, verdade seja dita… leva consigo o público e fá-lo vibrar das mais velhas às mais novas gerações, fazendo uma “guerra dura ao frio.” E no final de contas, isso é o importante, alegria, espetáculo e transmissão. No entanto, justiça seja feita foi quando puxou pelos galões do fado tradicional, aquele que todos os dias ecoa nas paredes da velhinha Alfama que se viveram os momentos altos da noite. Um deles, já no final do concerto quando num momento que quase daria um quadro de Malhoa, interpreta o tema “Lágrima” uma das imagens de marca de Amália Rodrigues, e com este tema lhe presta a digníssima homenagem.
Terminou a sua atuação neste festival com dois temas maiores do fado dos anos 2000, “Chuva” um poema de sua autoria celebrizado pela voz de Mariza… momento bonito com o recinto já a caminhar para cheio a acompanhar e a emocionar-se com um tema que reveste a palavra mais portuguesa de Portugal “Saudade” e o “Quem vai ao fado” celebrizado por Ana Moura e que retrata um sentimento de quem vai ao Fado… que é como quem diz, quem vai a Alfama.
Homenagem a Max por António Zambujo
“Vielas de Alfama… Ruas dessa Lisboa Antiga… Não há fado que não diga coisas do nosso passado”
Todos os anos o festival homenageia figuras ímpares do Fado, desta feita, o homenageado é Max, interprete e criador madeirense, que deixou a sua marca em muitíssimas gerações através dos seus poemas, mas também, mas suas interpretações que passam de gerações em gerações, a cargo dessa homenagem esteve o consagrado António Zambujo com ajuda e direção de André Santos, músico madeirense, bem como, de um artista de cordas, também da Madeira.
Em termos artísticos, abundou o fado canção, denotando que, por questões técnicas e da vertente Madeira, nem houve guitarra portuguesa em Palco e diga-se… nem se notou diferença quanto isso, tendo naturalmente, seguido um género artístico fora do Fado tradicional, trazendo ao palco do Santa Casa Alfama, um conceito de fado pop, despojado de tradicionalismo, guitarras a chorar e fados tradicionais, impôs o ritmo com toques de jazz, samba e um tanto ou quanto de rumba… mas, ninguém esperava outra coisa de Zambujo e diga-se que este conceito vence e convence, que o público estava a vibrar com o alentejano!
Um concerto agradável, que divagou por diversos temas, como ‘Júlia Florista’, ‘Rosinha dos Limões’, ‘Vielas de Alfama’, ‘Pomba Branca’, ‘Bailinho da Madeira’… finalizando com a Mula da Cooperativa, talvez a mais brejeira das letras do compositor, mas das mais aclamadas pelo público.
É impossível não destacar a versatilidade da voz e da capacidade interpretativa de António Zambujo, o domínio vocal e a doçura de cada nota, aliada ao sorriso é ao humor assertivo com que pauta as atuações… ganha qualquer público, sendo atualmente, talvez a maior referência a nível de qualidade, quantidade e versatilidade em Portugal, um artista dos pés à cabeça.
Estas iniciativas da direção do Festival são louváveis porque efetivamente é no fado e nas raízes deste que está o nosso passado e sim.. passa impreterivelmente por estas vielas de Alfama e pela nossa Lisboa Antiga.
Dar por fim, nota de que o atual Ministro da Cultura Pedro Adão e Silva se encontrou a assistir aos concertos, demonstrando uma clara sintonia com o panorama fadista português.
“Vielas de Alfama… Ruas dessa Lisboa Antiga… Não há fado que não diga coisas do nosso passado”
Todos os anos o festival homenageia figuras ímpares do Fado, desta feita, o homenageado é Max, interprete e criador madeirense, que deixou a sua marca em muitíssimas gerações através dos seus poemas, mas também, mas suas interpretações que passam de gerações em gerações, a cargo dessa homenagem esteve o consagrado António Zambujo com ajuda e direção de André Santos, músico madeirense, bem como, de um artista de cordas, também da Madeira.
Em termos artísticos, abundou o fado canção, denotando que, por questões técnicas e da vertente Madeira, nem houve guitarra portuguesa em Palco e diga-se… nem se notou diferença quanto isso, tendo naturalmente, seguido um género artístico fora do Fado tradicional, trazendo ao palco do Santa Casa Alfama, um conceito de fado pop, despojado de tradicionalismo, guitarras a chorar e fados tradicionais, impôs o ritmo com toques de jazz, samba e um tanto ou quanto de rumba… mas, ninguém esperava outra coisa de Zambujo e diga-se que este conceito vence e convence, que o público estava a vibrar com o alentejano!
Um concerto agradável, que divagou por diversos temas, como ‘Júlia Florista’, ‘Rosinha dos Limões’, ‘Vielas de Alfama’, ‘Pomba Branca’, ‘Bailinho da Madeira’… finalizando com a Mula da Cooperativa, talvez a mais brejeira das letras do compositor, mas das mais aclamadas pelo público.
É impossível não destacar a versatilidade da voz e da capacidade interpretativa de António Zambujo, o domínio vocal e a doçura de cada nota, aliada ao sorriso é ao humor assertivo com que pauta as atuações… ganha qualquer público, sendo atualmente, talvez a maior referência a nível de qualidade, quantidade e versatilidade em Portugal, um artista dos pés à cabeça.
Estas iniciativas da direção do Festival são louváveis porque efetivamente é no fado e nas raízes deste que está o nosso passado e sim.. passa impreterivelmente por estas vielas de Alfama e pela nossa Lisboa Antiga.
Dar por fim, nota de que o atual Ministro da Cultura Pedro Adão e Silva se encontrou a assistir aos concertos, demonstrando uma clara sintonia com o panorama fadista português.
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