O Fado Ilustrado - Jorge Miguel
Livros - Fevereiro 09, 2023

Numa edição revista e melhorada, aquele que foi o segundo livro de banda desenhada de Jorge Miguel, aproveita a boleia da mais famosa obra do pintor José Malhoa, para fazer um retrato da sociedade e da vida política portuguesa entre o final da monarquia e a Primeira República.
Curiosamente este é um período da história de Portugal que só recentemente começou a ser mais falado, uma vez que a ditadura do Estado Novo não tinha interesse nenhum em que se falasse em anarquia, atentados, assassínios, greves e revolta social. Por esse motivo só gerações mais novas de historiadores começaram a estudar uma época em que ainda conviviam as memórias da Guerra Civil Portuguesa com as sombras crescentes daquela que viria a ser a 1ª Guerra Mundial.
Na verdade o projeto inicial de Jorge Miguel previa a sua publicação em Outubro de 2010, precisamente nas comemorações do centenário da implantação da República. Infelizmente um conflito entre a argumentista e o desenhador, com direito a troca de mimos na Internet, fez suspender temporariamente a obra até Abril de 2011, altura em que foi finalmente publicado com um novo título e aparentemente o texto alterado.
Ou seja este livro começou com polémica, tal como o quadro de Malhoa foi inicialmente recebido com polémica. Parece que existe uma espécie de ligação…
Também José Malhoa fez duas versões do referido quadro e inclusive num dos estudos pintou uma terceira personagem feminina. Malhoa era um pintor naturalista e procurava representar o mais fielmente possível várias cenas da vida portuguesa, fosse no campo ou na cidade. Por isso foi tão criticado quando fez a sua obra “O Fado”, pois mostrava o lado boémio e desgraçado da sociedade lisboeta, ao retratar uma mulher da vida e um marginal.
Com tanta polémica, o autor apresentou sua obra inicialmente no estrangeiro e só dois anos depois é pela primeira vez apresentada em Portugal, concretamente no Porto. Apenas em 1917 (10 anos depois de pintada) é exibida em Lisboa. Mais tarde viria a ser considerado como a melhor representação do fado português, chegando a inspirar um fado de Amália Rodrigues.
Na verdade o projeto inicial de Jorge Miguel previa a sua publicação em Outubro de 2010, precisamente nas comemorações do centenário da implantação da República. Infelizmente um conflito entre a argumentista e o desenhador, com direito a troca de mimos na Internet, fez suspender temporariamente a obra até Abril de 2011, altura em que foi finalmente publicado com um novo título e aparentemente o texto alterado.
Ou seja este livro começou com polémica, tal como o quadro de Malhoa foi inicialmente recebido com polémica. Parece que existe uma espécie de ligação…
Também José Malhoa fez duas versões do referido quadro e inclusive num dos estudos pintou uma terceira personagem feminina. Malhoa era um pintor naturalista e procurava representar o mais fielmente possível várias cenas da vida portuguesa, fosse no campo ou na cidade. Por isso foi tão criticado quando fez a sua obra “O Fado”, pois mostrava o lado boémio e desgraçado da sociedade lisboeta, ao retratar uma mulher da vida e um marginal.
Com tanta polémica, o autor apresentou sua obra inicialmente no estrangeiro e só dois anos depois é pela primeira vez apresentada em Portugal, concretamente no Porto. Apenas em 1917 (10 anos depois de pintada) é exibida em Lisboa. Mais tarde viria a ser considerado como a melhor representação do fado português, chegando a inspirar um fado de Amália Rodrigues.
Para além de Malhoa e dos dois figurantes do quadro, a outra principal figura do livro é o rei D. Carlos. É ele que faz a ligação entre o pintor, os elementos das tertúlias políticas da altura e toda a diplomacia necessária para governar o país numa altura tão delicada. É a sua morte que vai acelerar um processo revolucionário que se adivinhava, liderado pela Carbonária e pelo Partido Republicano.
É pois evidente que a obra de Jorge Miguel, não se centra apenas na história do quadro e no fado canção. O autor procura mostrar-nos duma forma interessante, alguns dos principais intervenientes daquele período conturbado e qual o seu relacionamento. Os diversos saltos temporais do argumento, ajudam na compreensão de toda a trama e conseguem criar uma dinâmica de leitura constante e interessante.
Quanto ao desenho, o mesmo é um feliz compromisso entre a linha clara, o desenho realista e a caricatura. Na senda de Malhoa, Jorge Miguel consegue uma linha gráfica que agrada aos leitores e João Amaral utiliza de forma correta uma paleta de cores que ajuda a criar os vários ambientes da história.
Livro em capa dura com boa encadernação, com páginas em papel baço de boa qualidade e com boa impressão.
É pois evidente que a obra de Jorge Miguel, não se centra apenas na história do quadro e no fado canção. O autor procura mostrar-nos duma forma interessante, alguns dos principais intervenientes daquele período conturbado e qual o seu relacionamento. Os diversos saltos temporais do argumento, ajudam na compreensão de toda a trama e conseguem criar uma dinâmica de leitura constante e interessante.
Quanto ao desenho, o mesmo é um feliz compromisso entre a linha clara, o desenho realista e a caricatura. Na senda de Malhoa, Jorge Miguel consegue uma linha gráfica que agrada aos leitores e João Amaral utiliza de forma correta uma paleta de cores que ajuda a criar os vários ambientes da história.
Livro em capa dura com boa encadernação, com páginas em papel baço de boa qualidade e com boa impressão.