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Conheça a fadista romena que conquistou o público português

Entrevistas - Julho 04, 2023
Organizado pelo Instituto Cultural Romeno e pela Fundação Amália Rodrigues, um concerto de Ioana Dichiseanu entusiasmou o público presente no jardim da Casa-Museu Amália Rodrigues.

A fadista romena foi acompanhada nesta interpretação em Lisboa por António Neto (guitarra clássica) e Luís Coelho (guitarra portuguesa).

Como começou o seu interesse pelo fado?
Comecei a interessar-me pelo fado há muitos, muitos anos, ainda em criança. Mas na altura nem sequer me imaginava um dia a cantar fado, eu ouvia era as histórias do meu pai sobre Amália Rodrigues. Ele veio um dia a Lisboa e foi a casa de Amália, convidado por ela, e tiraram até fotografias juntos, que ele tinha em casa, assim como dois discos autografados, que cheguei a pensar trazer comigo para este concerto em Lisboa, aqui na Casa-Museu Amália Rodrigues, mas depois, confesso, tive receio de acontecer alguma coisa no transporte.

Como aconteceu esse encontro entre um romeno e a fadista portuguesa?

O meu pai tinha vindo a Portugal com uma companhia de teatro e durante um cocktail a seguir à representação Amália convidou-o para a sua casa.

Isso terá acontecido nos anos 80?

Creio que nos anos 70. Penso que sim, anos 70, mas não tenho 100% de certeza. Sei que cresci a ouvir falar dela e a ouvir fado. Talvez por esse encontro cante fado hoje.

Sendo as línguas romena e portuguesa ambas latinas, para si as palavras nos fados facilmente são compreensíveis, entendia as músicas de
Amália?
Sim, para mim é muito fácil perceber as palavras, as letras das músicas. Não falo português, mas percebo a maioria das palavras, pois as duas línguas são latinas e com certas semelhanças.

Quando canta fado, que se costuma dizer que expressa a alma portuguesa, sente também que de alguma forma está a expressar a alma
romena?
Sim, claro. Nós temos a doina, que é um canto similar ao fado. E penso que no fundo somos muito parecidos, dois povos com alma latina, muito sentimentais. Vivemos muito com base nas emoções, ao contrário de outras culturas.

É verdade que a palavra romena "dor" significa falta de alguém ou algo, como saudade?

Sim, são duas palavras intraduzíveis que descrevem um sentimento de falta.

Além do fado, canta outro tipo de música?

Cantava, quando era jovem. Mas quando fui mãe fiz uma longa pausa na carreira. Quando comentei com o meu marido que começava a sentir falta de cantar, ele desafiou-me a cantar fado, mas de início hesitei, por o fado ser muito difícil. Não é uma música fácil de interpretar, pois não basta cantá-la, é preciso senti-la. Mas agora senti-o e por isso canto.

Há algum fado que goste especialmente de cantar?

O meu fado favorito é Os meus Olhos São Dois Círios., mas não sei bem porquê. Sinto-o muito próximo da minha alma.

Há interesse na Roménia pelo fado?

Há, e ouvirem o fado cantado por uma romena, com uma nova energia, trouxe um novo interesse.

Das fadistas atuais, quais lhe dizem mais?

Adoro Ana Moura e também gosto muito de ouvir Mariza.

Se tivesse de recomendar um grande nome da música romena aos portugueses seria Maria Tanase, a grande diva de meados do século XX, nascida sete anos antes de Amália Rodrigues?

Para nós, Maria Tanase é como Amália para os portugueses. São duas vozes totalmente diferentes, mas a forma como chegavam aos seus públicos é a mesma.



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