"Deixa que te cante um fado", ali ao entardecer junto ao Douro
Notícias - Julho 13, 2023
Um amigo fadista, Daniel Gouveia, apresentava há alguns anos atrás,
todas as semanas, dois fados históricos na estação de rádio lisboeta
Radio SIM.
Interpretou numa dessas sessões o "Deixa que te cante um fado" de Teresa Tarouca, com letra de Pedro Homem de Melo e música de José Marques do Amaral, dois autores de renome há várias décadas.
Teresa Tarouca, na realidade, chama-se Teresa de Jesús Pinto Coelho Telles da Silva e nasceu em Lisboa. Ela cantava fado muito bem. Com esse nome artístico, Tarouca alcançou um notável sucesso nas décadas de sessenta e setenta do século passado, e agora é possível vê-la e ouvi-la em registos de imagem e som que facilmente se encontram na internet. A música "Deixa que te cante um fado" foi interpretada muitas vezes com o Conjunto de Guitarras de Raul Nery, um grupo excepcional de guitarristas portugueses que já não existe, e o seu CD correspondente será muito difícil de encontrar, mas no YouTube é possível vê-lo e ouvi-lo muito bem ao citar o nome da fadista e o título do fado. Recomendo-o.
Este fado utiliza como primeiro verso dos seus quartetos ("quadras" em português), para dar à poesia uma intensidade emocional notável, o seguinte: "Deixa-me cantar um fado / como quem reza chorando / que fale sempre de ti / cantarei de olhos fechados / os olhos com que te vi. // Deixa-me cantar um fado / mesmo sem fé, sem arte / se nunca te pude esquecer / é porque não consigo deixar-te. // Deixa-me cantar um fado / com todos os meus sonhos insisto / se depois de o ter cantado / tu recordares que ainda existo".
Teresa Tarouca estava relacionada com fadistas históricos notáveis, como Maria Teresa de Noronha, uma famosíssima aristocrata que cantou em inúmeros concertos beneficentes e programas semanais da RTP (Radiotelevisão Portuguesa), nunca cobrando qualquer remuneração. Em 1964, Teresa Tarouca recebeu o prémio da Imprensa e, em 2013, foi nomeada Comendadora da Ordem do Infante Dom Henrique. Ela certamente entrou para a história como mais uma grande dama do Fado, ao lado da internacionalmente célebre Amália Rodrigues.
Estas figuras internacionais já históricas, juntamente com fadistas masculinos daquela época, estão a ser substituídas por várias dezenas de guitarristas, violistas e fadistas que atualmente continuam a encher de bons fados muitas noites em Lisboa, mas também em outros locais portugueses e muitas noites de fado pelo mundo. Entre elas, Zamora que oferece há mais de vinte anos, o seu Festival de Fados de Castilla e León, todos os verões no final de julho.
Como voltará a acontecer nos próximos dias 27, 28 e 29; ao entardecer, junto ao Douro, nos jardins da Fundação Rei Afonso Henriques, quando as iluminações da catedral e das muralhas vão sendo acesas e enquanto o Douro sussurra o seu percurso e a noite que começa a surgir começa a refrescar um pouco...
Embora sempre tenha tido pouca memória, recordo vivamente que na segunda noite do festival de 2008, quando a agora notabilíssima fadista Carminho - na altura ainda uma jovem por volta dos vinte anos - subiu ao palco-ábside gótico dos jardins da FRAH e olhou para o rio e para a catedral, escapou-lhe: "Que maravilha!... Carminho chegará - suponho e desejo - a ser considerada, no seu devido tempo, outra grande senhora do fado... A vida continua... "Deixa que te cante um fado".
Teresa Tarouca, na realidade, chama-se Teresa de Jesús Pinto Coelho Telles da Silva e nasceu em Lisboa. Ela cantava fado muito bem. Com esse nome artístico, Tarouca alcançou um notável sucesso nas décadas de sessenta e setenta do século passado, e agora é possível vê-la e ouvi-la em registos de imagem e som que facilmente se encontram na internet. A música "Deixa que te cante um fado" foi interpretada muitas vezes com o Conjunto de Guitarras de Raul Nery, um grupo excepcional de guitarristas portugueses que já não existe, e o seu CD correspondente será muito difícil de encontrar, mas no YouTube é possível vê-lo e ouvi-lo muito bem ao citar o nome da fadista e o título do fado. Recomendo-o.
Este fado utiliza como primeiro verso dos seus quartetos ("quadras" em português), para dar à poesia uma intensidade emocional notável, o seguinte: "Deixa-me cantar um fado / como quem reza chorando / que fale sempre de ti / cantarei de olhos fechados / os olhos com que te vi. // Deixa-me cantar um fado / mesmo sem fé, sem arte / se nunca te pude esquecer / é porque não consigo deixar-te. // Deixa-me cantar um fado / com todos os meus sonhos insisto / se depois de o ter cantado / tu recordares que ainda existo".
Teresa Tarouca estava relacionada com fadistas históricos notáveis, como Maria Teresa de Noronha, uma famosíssima aristocrata que cantou em inúmeros concertos beneficentes e programas semanais da RTP (Radiotelevisão Portuguesa), nunca cobrando qualquer remuneração. Em 1964, Teresa Tarouca recebeu o prémio da Imprensa e, em 2013, foi nomeada Comendadora da Ordem do Infante Dom Henrique. Ela certamente entrou para a história como mais uma grande dama do Fado, ao lado da internacionalmente célebre Amália Rodrigues.
Estas figuras internacionais já históricas, juntamente com fadistas masculinos daquela época, estão a ser substituídas por várias dezenas de guitarristas, violistas e fadistas que atualmente continuam a encher de bons fados muitas noites em Lisboa, mas também em outros locais portugueses e muitas noites de fado pelo mundo. Entre elas, Zamora que oferece há mais de vinte anos, o seu Festival de Fados de Castilla e León, todos os verões no final de julho.
Como voltará a acontecer nos próximos dias 27, 28 e 29; ao entardecer, junto ao Douro, nos jardins da Fundação Rei Afonso Henriques, quando as iluminações da catedral e das muralhas vão sendo acesas e enquanto o Douro sussurra o seu percurso e a noite que começa a surgir começa a refrescar um pouco...
Embora sempre tenha tido pouca memória, recordo vivamente que na segunda noite do festival de 2008, quando a agora notabilíssima fadista Carminho - na altura ainda uma jovem por volta dos vinte anos - subiu ao palco-ábside gótico dos jardins da FRAH e olhou para o rio e para a catedral, escapou-lhe: "Que maravilha!... Carminho chegará - suponho e desejo - a ser considerada, no seu devido tempo, outra grande senhora do fado... A vida continua... "Deixa que te cante um fado".
Ángel Garcia Prieto
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