Polémica: Fado de Coimbra na Casa D’Amália “vira conversa de café na internet”
News - Fevereiro 27, 2024
As prestações de alguns dos convidados do programa da RTP “Casa D’Amália”, no dia 16 de fevereiro, estão envoltas em polémica nas redes sociais. Uma mulher a cantar e a postura durante a canção de alguns dos intérpretes são as principais críticas feitas.
Durante mais de uma hora, marcaram presença na “Casa D’Amália” os músicos Nuno Botelho e Bruno Costa e os cantores António Ataíde, João Farinha, Beatriz Villar e Fábio Borges.
Um dos primeiros a não gostar do que viu nessa emissão da RTP foi o advogado João Paulo Sousa. Num post publicado pouco depois do programa da RTP, escreveu: “ainda não consegui fechar a boca de espanto…”. Nos comentários, há quem peça para ser mais específico nas críticas, mas a resposta foi que “agora que a fechei, é mesmo melhor não abrir a boca, porque tenho a fama de ser um desbocado. Que cada um julgue por si”.
Nuno Cadete Almeida disse compreender “muito bem o que dizes… e mais não digo…”. Noutra resposta, João Paulo Sousa recordou que “naquele programa dificilmente se pode falar em tradição coimbrã…”.
José António Rosado recordou que o programa em questão é um dos “Sinais dos tempos… Com o bom e o mau que isso representa. Se as nossas culturas e tradições se tornam matéria apetecível para “venda” e por isso mais presente no nosso dia a dia, por outro lado pode desvirtuar a sua essência… O que será melhor?”.
Quem também abordou o tema foi o arquiteto Nuno Oliveira. A primeira crítica surge após uma partilha do post de João Farinha sobre a participação no programa. Questionado sobre o facto de que teria sido convidado a cantar na “Casa D’Amália”, respondeu: “Cruzes! Nunca na vida! Não me presto a estes papéis … Muito menos com este tipo de programa superficial e de vaidade de egos. Eu gosto é de cantar para gente que saiba o que está a ouvir”.
Sobre o programa da RTP, Nuno Oliveira preferiu fazer um comentário “Construtivo, assertivo e mais ao que importa, tão descontraído como acho que um programa destes pretende ser” e “sem pretensão a debater com profundidade o tema”.
Em 10 pontos, este cantor começou por referir que “é preciso ter algum cuidado com alguns argumentos usados e discurso sobre a guitarra, outro instrumento ou mesmo a voz”. Depois, e “sobre as interpretações que ouvi, não devo pronunciar-me pois cada um tem direito à sua, embora retire o meu apoio a estas interpretações do amigo Farinha ou do Fábio que em nada engrandecem (a meu ver) a identidade musical”.
Sobre Beatriz Villar, “fiquei maravilhado com a voz fantástica (…), embora não seja a meu ver, nem fado de Coimbra, nem sequer uma nova forma de o cantar”. O arquiteto reconheceu que a cantora é “apenas uma fadista fantástica com uma voz bonita e doce”. “Para cantar Coimbra numa voz feminina não pode ser apenas isso”, frisou.
Na sua opinião, “estas experiências musicais, vocais e sonoras não devem servir para anular a identidade e característica deste estilo musical”. Dessa forma, pede para “não lhe chamarem nem fado, ou canção de Coimbra ou sequer estilo novo de evolução da canção e identidade de Coimbra”.
Nuno Oliveira considerou mesmo que o fado “Samaritana” pode ser cantado “como quiserem mas não chamem coimbrã a esta interpretação”. Mas reconheceu que “o inventar novas letras, temas e sonoridades, com uma roupagem assumidamente diferente seja o caminho”.
A postura de alguns dos cantores do programa também mereceram fortes críticas. Na sua opinião, “colocar as mãos e abanar o rosto e fechar os olhos e abanar a cabeça e o gesticular em forma de “opereta barata”, e… teatros que retiram a beleza da simplicidade do ato e da riqueza da interpretação sonora e vocal.…”. E explica que “os trejeitos e tiques faciais e outros estilísticos criando personagens, em nada engrandecem, nem sequer acrescem à música de Coimbra”.
“Concluo que, é sempre bom que a canção de Coimbra apareça fora do “hemiciclo académico” pois defendo que, faz parte do património musical português de excelência, salvaguardando a identidade e pondo um pouco em questão a vontade de querer ser diferente e reescrever a história a preceito de egos ou objetivos mais pessoais”, frisou.
O músico Nuno Botelho gostou da “abordagem construtiva” feita por Nuno Oliveira. Depois de explicar as condições impostas pela produção do programa e que foram aceites por todos os participantes. “Certeza tenho de que, apesar de todo o nervoso miudinho sentido durante a gravação, fizemos o nosso melhor e fomos muito bem acolhidos pelo querido José Gonçalez, que nos tratou e tentou ao máximo elevar a nossa música ao ponto de estar já marcado um novo programa gravado ao vivo nas escadas da Sé Velha…”, explicou.
Esse mesmo texto foi publicado na sua página pessoal do Facebook. A grande maioria dos comentários pedem para ele desvalorizar as críticas. Nuno Oliveira reconheceu a importância da realização de programas que abordem o Fado de Coimbra. “Sobre a Beatriz, nada a apontar a não ser o facto de que não concordo em meninas a cantar fado de Coimbra mas num país democrático só tenho que aceitar a opinião dos outros…”, escreveu.
Em relação aos “trejeitos e tiques e teatro com a cara e com as mãos faz parte de uma nova corrente à qual não adiro nem aceito… é teatro e retira a essência da música em si”. Mais uma vez, as críticas à forma como os cantores João Farinha, Fábio Borges e Beatriz Villar interpretaram os temas no programa: “a interpretação dos fados, pelo Farinha ou pelo Fábio caminham num sentido oposto da identidade de Coimbra - uma vez mais a minha opinião. Assim fez a Beatriz que não obstante gostar imenso da sua voz e “carinha laroca”, não deixo de opinar que não é de todo interpretação de Coimbra… A minha opinião, humilde e não legitimada por sabedoria que reconheço e delego a quem de direito”.
Perante estas críticas, pede “frontalidade e discussão séria sobre o tema” para que seja possível “demarcar (o fado de Coimbra) do fado de Lisboa”.
No final da passada semana, a cantora Beatriz Villar publicou uma mensagem na sua página do Facebook a lamentar quem disse “mal daqueles que foram representar o nosso fado”. “Em Casa D’Amália cantei a minha cidade defendendo-a e defendendo os meus ideais da melhor maneira que soube, tal como os meus pares e sinto-me tremendamente feliz com o resultado final!”, afirmou.
Depois de fazer um resumo da sua carreira, e que levou a que em 2023 o seu trabalho discográfico fosse “nomeado para Melhor Álbum de Fado dos Prémios Play da Música Portuguesa”, lamentou aqueles que se referiram à sua prestação no programa como a “cara laroca que viram na TV com belíssima voz, mas não para cantar fado de Coimbra”.
“Ah! O Fado de Coimbra! Esse nicho fechado onde apenas homens podem cantar. Mas atenção, rapaz! Não podes cantar de qualquer forma! Tens de estar de pé com capa aos ombros ou traçada e sem exercer qualquer tipo de interpretação que envolva gesticular ou que se aproxime da performance”, referiu a cantora.
Sobre essa matéria, Beatriz Villar informa que “a música é uma arte performativa”. Como tal, “se não é hábito haver performance no fado de Coimbra, talvez seja um ponto a melhorar”. Em relação ao facto das mulheres cantarem o fado de Coimbra, “demodé” como classificaram, a cantora e professora de música responde: “Pois que assim seja! E que venham muitas mais mulheres para cantarmos juntas!”.
Nos comentários, a grande maioria pede à cantora para esquecer as críticas e “continuar o bom trabalho”. Por exemplo, o guitarrista Bruno Costa afirmou que “a esmagadora maioria adorou, gostou, acarinhou…”, mas lamentou que “aqueles que tentam incendiar, por medo, ou por cobardia, não são claros na crítica e deixam azo a várias interpretações. Isso é lamentável, porque fica no ar que houve coisas horríveis”.
José Espírito Santo reconhece que, com a voz de Beatriz Villar, volta a sentir a “emoção” do fado de Coimbra, ao contrário das novas vozes masculinas. “Com muita pena o digo, pouco me dizem. Ouço, gosto e por aí me fico”, disse.
Já Ni Ferreirinha prefere afirmar que “algumas vozes críticas que li nas redes sociais continuam a ser daqueles que acham que o fado de coimbra parou lá atrás”. Manuel Portugal, filho de António Portugal, deixa um recado à cantora: “das criticas, tanto as boas como as más, podemos sempre guardar o que for de guardar, construir alguma coisa com isso e esquecer o resto”.
Luísa Ziza Almeida pede a Beatriz Villar para “cantar, gesticular, sentir, viver e sê sempre tu, como só tu sabes fazer!”. “A mudança causa sempre muita aflição a gente que sempre se esconde à sombra do passado!”.
Vânia Couto apelidou-a mesmo da “formiga fora do carreiro”, como diz a música de José Afonso, reconhecendo que “o caminho é longo e as críticas revelam o quanto há para caminhar para uma mulher no mundo e para o fado de Coimbra”.
Perante a polémica suscitada, Nuno Oliveira publicou esta segunda-feira, 26 de fevereiro, uma mensagem com o título “Contra o fado e o fado do fado!!!”. O arquiteto e cantor de Fado de Coimbra garante que não voltará a pronunciar-se “mais sobre música e particularmente sobre o “Fado de Coimbra” nestas redes sociais a não ser a publicação de temas ou outros pela escolha simples do seu conteúdo”.
Um dos primeiros a não gostar do que viu nessa emissão da RTP foi o advogado João Paulo Sousa. Num post publicado pouco depois do programa da RTP, escreveu: “ainda não consegui fechar a boca de espanto…”. Nos comentários, há quem peça para ser mais específico nas críticas, mas a resposta foi que “agora que a fechei, é mesmo melhor não abrir a boca, porque tenho a fama de ser um desbocado. Que cada um julgue por si”.
Nuno Cadete Almeida disse compreender “muito bem o que dizes… e mais não digo…”. Noutra resposta, João Paulo Sousa recordou que “naquele programa dificilmente se pode falar em tradição coimbrã…”.
José António Rosado recordou que o programa em questão é um dos “Sinais dos tempos… Com o bom e o mau que isso representa. Se as nossas culturas e tradições se tornam matéria apetecível para “venda” e por isso mais presente no nosso dia a dia, por outro lado pode desvirtuar a sua essência… O que será melhor?”.
Quem também abordou o tema foi o arquiteto Nuno Oliveira. A primeira crítica surge após uma partilha do post de João Farinha sobre a participação no programa. Questionado sobre o facto de que teria sido convidado a cantar na “Casa D’Amália”, respondeu: “Cruzes! Nunca na vida! Não me presto a estes papéis … Muito menos com este tipo de programa superficial e de vaidade de egos. Eu gosto é de cantar para gente que saiba o que está a ouvir”.
Sobre o programa da RTP, Nuno Oliveira preferiu fazer um comentário “Construtivo, assertivo e mais ao que importa, tão descontraído como acho que um programa destes pretende ser” e “sem pretensão a debater com profundidade o tema”.
Em 10 pontos, este cantor começou por referir que “é preciso ter algum cuidado com alguns argumentos usados e discurso sobre a guitarra, outro instrumento ou mesmo a voz”. Depois, e “sobre as interpretações que ouvi, não devo pronunciar-me pois cada um tem direito à sua, embora retire o meu apoio a estas interpretações do amigo Farinha ou do Fábio que em nada engrandecem (a meu ver) a identidade musical”.
Sobre Beatriz Villar, “fiquei maravilhado com a voz fantástica (…), embora não seja a meu ver, nem fado de Coimbra, nem sequer uma nova forma de o cantar”. O arquiteto reconheceu que a cantora é “apenas uma fadista fantástica com uma voz bonita e doce”. “Para cantar Coimbra numa voz feminina não pode ser apenas isso”, frisou.
Na sua opinião, “estas experiências musicais, vocais e sonoras não devem servir para anular a identidade e característica deste estilo musical”. Dessa forma, pede para “não lhe chamarem nem fado, ou canção de Coimbra ou sequer estilo novo de evolução da canção e identidade de Coimbra”.
Nuno Oliveira considerou mesmo que o fado “Samaritana” pode ser cantado “como quiserem mas não chamem coimbrã a esta interpretação”. Mas reconheceu que “o inventar novas letras, temas e sonoridades, com uma roupagem assumidamente diferente seja o caminho”.
A postura de alguns dos cantores do programa também mereceram fortes críticas. Na sua opinião, “colocar as mãos e abanar o rosto e fechar os olhos e abanar a cabeça e o gesticular em forma de “opereta barata”, e… teatros que retiram a beleza da simplicidade do ato e da riqueza da interpretação sonora e vocal.…”. E explica que “os trejeitos e tiques faciais e outros estilísticos criando personagens, em nada engrandecem, nem sequer acrescem à música de Coimbra”.
“Concluo que, é sempre bom que a canção de Coimbra apareça fora do “hemiciclo académico” pois defendo que, faz parte do património musical português de excelência, salvaguardando a identidade e pondo um pouco em questão a vontade de querer ser diferente e reescrever a história a preceito de egos ou objetivos mais pessoais”, frisou.
O músico Nuno Botelho gostou da “abordagem construtiva” feita por Nuno Oliveira. Depois de explicar as condições impostas pela produção do programa e que foram aceites por todos os participantes. “Certeza tenho de que, apesar de todo o nervoso miudinho sentido durante a gravação, fizemos o nosso melhor e fomos muito bem acolhidos pelo querido José Gonçalez, que nos tratou e tentou ao máximo elevar a nossa música ao ponto de estar já marcado um novo programa gravado ao vivo nas escadas da Sé Velha…”, explicou.
Esse mesmo texto foi publicado na sua página pessoal do Facebook. A grande maioria dos comentários pedem para ele desvalorizar as críticas. Nuno Oliveira reconheceu a importância da realização de programas que abordem o Fado de Coimbra. “Sobre a Beatriz, nada a apontar a não ser o facto de que não concordo em meninas a cantar fado de Coimbra mas num país democrático só tenho que aceitar a opinião dos outros…”, escreveu.
Em relação aos “trejeitos e tiques e teatro com a cara e com as mãos faz parte de uma nova corrente à qual não adiro nem aceito… é teatro e retira a essência da música em si”. Mais uma vez, as críticas à forma como os cantores João Farinha, Fábio Borges e Beatriz Villar interpretaram os temas no programa: “a interpretação dos fados, pelo Farinha ou pelo Fábio caminham num sentido oposto da identidade de Coimbra - uma vez mais a minha opinião. Assim fez a Beatriz que não obstante gostar imenso da sua voz e “carinha laroca”, não deixo de opinar que não é de todo interpretação de Coimbra… A minha opinião, humilde e não legitimada por sabedoria que reconheço e delego a quem de direito”.
Perante estas críticas, pede “frontalidade e discussão séria sobre o tema” para que seja possível “demarcar (o fado de Coimbra) do fado de Lisboa”.
No final da passada semana, a cantora Beatriz Villar publicou uma mensagem na sua página do Facebook a lamentar quem disse “mal daqueles que foram representar o nosso fado”. “Em Casa D’Amália cantei a minha cidade defendendo-a e defendendo os meus ideais da melhor maneira que soube, tal como os meus pares e sinto-me tremendamente feliz com o resultado final!”, afirmou.
Depois de fazer um resumo da sua carreira, e que levou a que em 2023 o seu trabalho discográfico fosse “nomeado para Melhor Álbum de Fado dos Prémios Play da Música Portuguesa”, lamentou aqueles que se referiram à sua prestação no programa como a “cara laroca que viram na TV com belíssima voz, mas não para cantar fado de Coimbra”.
“Ah! O Fado de Coimbra! Esse nicho fechado onde apenas homens podem cantar. Mas atenção, rapaz! Não podes cantar de qualquer forma! Tens de estar de pé com capa aos ombros ou traçada e sem exercer qualquer tipo de interpretação que envolva gesticular ou que se aproxime da performance”, referiu a cantora.
Sobre essa matéria, Beatriz Villar informa que “a música é uma arte performativa”. Como tal, “se não é hábito haver performance no fado de Coimbra, talvez seja um ponto a melhorar”. Em relação ao facto das mulheres cantarem o fado de Coimbra, “demodé” como classificaram, a cantora e professora de música responde: “Pois que assim seja! E que venham muitas mais mulheres para cantarmos juntas!”.
Nos comentários, a grande maioria pede à cantora para esquecer as críticas e “continuar o bom trabalho”. Por exemplo, o guitarrista Bruno Costa afirmou que “a esmagadora maioria adorou, gostou, acarinhou…”, mas lamentou que “aqueles que tentam incendiar, por medo, ou por cobardia, não são claros na crítica e deixam azo a várias interpretações. Isso é lamentável, porque fica no ar que houve coisas horríveis”.
José Espírito Santo reconhece que, com a voz de Beatriz Villar, volta a sentir a “emoção” do fado de Coimbra, ao contrário das novas vozes masculinas. “Com muita pena o digo, pouco me dizem. Ouço, gosto e por aí me fico”, disse.
Já Ni Ferreirinha prefere afirmar que “algumas vozes críticas que li nas redes sociais continuam a ser daqueles que acham que o fado de coimbra parou lá atrás”. Manuel Portugal, filho de António Portugal, deixa um recado à cantora: “das criticas, tanto as boas como as más, podemos sempre guardar o que for de guardar, construir alguma coisa com isso e esquecer o resto”.
Luísa Ziza Almeida pede a Beatriz Villar para “cantar, gesticular, sentir, viver e sê sempre tu, como só tu sabes fazer!”. “A mudança causa sempre muita aflição a gente que sempre se esconde à sombra do passado!”.
Vânia Couto apelidou-a mesmo da “formiga fora do carreiro”, como diz a música de José Afonso, reconhecendo que “o caminho é longo e as críticas revelam o quanto há para caminhar para uma mulher no mundo e para o fado de Coimbra”.
Perante a polémica suscitada, Nuno Oliveira publicou esta segunda-feira, 26 de fevereiro, uma mensagem com o título “Contra o fado e o fado do fado!!!”. O arquiteto e cantor de Fado de Coimbra garante que não voltará a pronunciar-se “mais sobre música e particularmente sobre o “Fado de Coimbra” nestas redes sociais a não ser a publicação de temas ou outros pela escolha simples do seu conteúdo”.
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