Carlos Paredes - Uma Guitarra com gente dentro
Discos - Novembro 18, 2006
Carlos Paredes, alma de mar nos dedos e dedos salgados nas cordas. Em dó, em ré, em sensibilidade maior. «A mim quem me tira uma guitarra bem gemida tira-me tudo», tem-no dito.
Luso-génio, abriu as suas «asas sobre o mundo» e sacudiu a noite num amanhecer, humano, de notas e acordes.
De trabalho. No campo, na cidade, na rua e na saudade. A melodia de um povo e de um país. Um rio de alma integral chamado Portugal. A pátria em forma de guitarra que faz fronteira com a melancolia e se estende desde o abraço apertado entre dois camponeses até ao madrugador lançar de rede do pescador. O jogo da macaca engendrado por crianças pequeninas com árvores no horizonte e com o horizonte umbilical no olhar. A pátria que se manifesta através de «uma guitarra com gente dentro» sem carecer de palavras. Ou melhor, a expressão utilizada por Manuel Alegre é mesmo a melhor forma de o definir: «a palavra por dentro da guitarra,/ a guitarra por dentro da palavra». A pátria-pátria, nossa.
Editada em 2002, a antologia Uma guitarra com gente dentro é o precioso registo da genialidade de um dos mais carismáticos músicos portugueses de todos os tempos.
Actualmente [texto escrito antes de sua morte], Paredes é prisioneiro de mielopatia (doença que, ironicamente, lhe prende os movimentos desde 1993), mas também de uma etiqueta que o classifica como imortal. O autor da lágrima-arrepiante-em-forma-de-música Verdes anos é, e sempre será, uma referência incontornável da música portuguesa, por mais que afirme que «é a sonoridade da guitarra, mais do que a música que se toca, que emociona as pessoas». A humildade tem dias de ser cega para que possa ser contrariada. Não Carlos, são mesmo os dedos salgados e a alma de mar que semeiam espelhos com guitarras de água e emocionam.
E estas palavras, em alvoroço, foram uma vénia.
De trabalho. No campo, na cidade, na rua e na saudade. A melodia de um povo e de um país. Um rio de alma integral chamado Portugal. A pátria em forma de guitarra que faz fronteira com a melancolia e se estende desde o abraço apertado entre dois camponeses até ao madrugador lançar de rede do pescador. O jogo da macaca engendrado por crianças pequeninas com árvores no horizonte e com o horizonte umbilical no olhar. A pátria que se manifesta através de «uma guitarra com gente dentro» sem carecer de palavras. Ou melhor, a expressão utilizada por Manuel Alegre é mesmo a melhor forma de o definir: «a palavra por dentro da guitarra,/ a guitarra por dentro da palavra». A pátria-pátria, nossa.
Editada em 2002, a antologia Uma guitarra com gente dentro é o precioso registo da genialidade de um dos mais carismáticos músicos portugueses de todos os tempos.
Actualmente [texto escrito antes de sua morte], Paredes é prisioneiro de mielopatia (doença que, ironicamente, lhe prende os movimentos desde 1993), mas também de uma etiqueta que o classifica como imortal. O autor da lágrima-arrepiante-em-forma-de-música Verdes anos é, e sempre será, uma referência incontornável da música portuguesa, por mais que afirme que «é a sonoridade da guitarra, mais do que a música que se toca, que emociona as pessoas». A humildade tem dias de ser cega para que possa ser contrariada. Não Carlos, são mesmo os dedos salgados e a alma de mar que semeiam espelhos com guitarras de água e emocionam.
E estas palavras, em alvoroço, foram uma vénia.
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