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Mísia - Canto

Records - Março 13, 2008
Warner Music / 2003
"Canto" é o nome do novo disco de Mísia, desafiado pela música de Carlos Paredes - assumindo todos os riscos das virtudes. Este registo conta com poemas de Vasco Graça Moura...

Tal como confidencia a fadista no seu site oficial, "Um trabalho inspirado na música de Carlos Paredes fazia parte da sua galeria de impossíveis". Neste disco mistura-se, de um lado, a genialidade da obra de Paredes e do outro a resistência e responsabilidade do material.

O grande desafio de "Canto" passou precisamente por escolher o repertório - onde se entendesse o carácter erudito e popular, o lado português e a dimensão universal desta obra sem ferir a sua contemporâneidade e a sua autenticidade - e, para tal, recortar dentro da música versos de uma métrica imprevisível, irregular.

Foi preciso desafiar os músicos de Fado de Lisboa, que normalmente acompanham Mísia, para tocarem numa linguagem musical que não é a sua. Foi preciso cantar sem caricaturar os temas em "fados à força"; isto sem negar a "alma fadista" que, está na voz de Mísia. Este é, definitivamente, um disco de Fados embora as músicas não o sejam.

Mísia quiz marcar um encontro com todas estas particularidades criativas, sem querer aproximar-se à duplicação inglória de uma estètica que só a Paredes pertence e da qual só ele - e absolutamente mais ninguém -, guarda o segredo para sempre. "Canto" é, tal como a própria cantora refere, uma prenda a Carlos Paredes.

Vasco Graça Moura é o autor da maior parte dos poemas, "escrevendo pela primeira vez para uma voz identificada, disponibilizando o seu talento e erudição poética, o seu raríssimo entendimento das necessidades métricas e prosódicas de um trabalho como este". Sérgio Godinho e Pedro Tamen são outros dois nomes que são a letra para, respectivamente, "Raiz" e "Verdes Anos".

Henri Agnel, músico especialista em música Árabe e do Renascimento - companheiro de tournées francesas de Paredes e conhecedor da sua música há trinta anos - é o grande responsável pelos arranjos deste disco: Um trabalho onde «ouvimos o ritmo da dança oriental "baladi" do sul do Egipto (Nubia) na Canção para Titi, o ritmo persa "da mãe" ou "do bater do coração" no início de Raíz seguido de uma dança renascentista. Numa afinação medieval surge o cistre da corte isabelina (antepassado da guitarra portuguesa segundo alguns) na improvisação de Ah Não II.

Sons sofisticados do quinteto solista da Camerata de la Bourgogne em perfeita convivência com a nossa guitarra e viola de fado de Lisboa».


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